Morre aos 92 anos, José Gregori, um dos fundadores da Comissão Justiça e Paz

Jurista também foi Ministro da Justiça e referência na defesa dos Direitos Humanos

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Faleceu no domingo, 3, aos 92 anos de idade, o jurista José Gregori, ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso (2000-2001) e ex-Secretário Nacional de Direitos Humanos. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, em decorrência de uma pneumonia.

O corpo será velado no espaço Funeral Home (Rua São Carlos do Pinhal, 376, Bela Vista, em São Paulo), na segunda-feira, 4, das 8h às 14h.

Gregori teve destacada atuação na defesa dos direitos humanos e da democracia, sendo signatário da “Carta aos Brasileiros”,  publicada em 1977, na época da Ditadura Militar, exigindo respeito aos direitos humanos, justiça e cidadania no Brasil.

Em 1972, a convite de Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, José Gregori foi um dos fundadores da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, tendo-a presidido por dez anos, até 1982.

CONDOLÊNCIAS

Em nome de toda a Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, expressou pesar pelo falecimento de José Gregori.

“Manifesto também minha solidariedade e conforto aos seus familiares e amigos. Respeitado jurista e ex-ministro da Justiça, Dr. Gregori empenhou-se na promoção e na defesa dos direitos humanos, sendo, inclusive, um dos membros fundadores da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, da qual foi presidente de 1972 a 1982. A Arquidiocese de São Paulo oferece suas orações e súplicas pelo Dr. José Gregori e roga a Deus que o recompense na eternidade por sua vida e serviço à sociedade”, escreveu o Arcebispo.

Também a Fundação FHC expressou seu luto com a morte de José Gregori, definindo-o como “um democrata e um defensor dos direitos humanos em mais de 60 anos de vida pública”. O mesmo fez o PSDB, partido ao qual era filiado, que em nota ressaltou que “a democracia brasileira e o sistema judiciário devem muito à luta [de Gregori]”.

Pelas redes sociais, o presidente Lula recordou que a vida de José Gregori “foi marcada por um firme compromisso com os direitos humanos e com a consolidação da democracia”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

BIOGRAFIA

Nascido em 13 de outubro de 1930, na capital paulista, José Gregori era formado pela Faculdade de Direito da USP e militou na área dos Direitos Humanos desde a época de estudante universitário, na década de 1950.  

Ele lecionou a disciplina de Ética Profissional e Introdução a Ciência do Direito na PUC-SP em períodos alternados, entre 1980 e 1995.

Na política, foi deputado estadual (1993-1997); secretario de Estado da Participação e Parceria do governo Montoro (1995- 1997).  Em 1997, assumiu a chefia da recém criada Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, cujo papel era conceder, coordenar e executar o primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos, conforme previsto na Declaração e Programa de Ação de Viena.

No início de 1999, foi elevado a Secretário de Estado para Direitos Humanos, com status de Ministro de Estado. Foi o principal responsável pela elaboração da Lei 9.140/95, que reconhece como mortas as pessoas até então dadas como desaparecidas durante a ditadura no Brasil.

Ocupou a pasta da Justiça de abril de 2000 a novembro de 2001 no Governo Fernando Henrique Cardoso.

Foi embaixador do Brasil em Portugal de 2002 a 2004. Em janeiro de 2005, assumiu a presidência da Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo e, em 2009, foi nomeado Secretário Especial de Direitos Humanos da Cidade de São Paulo. Até o fim da vida integrou a Comissão de Direitos Humanos da USP, da qual também foi presidente.

(Com informações G1, Folha de S.Paulo e IEA-USP)

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