
Ao celebrar 85 anos de criação, a Paróquia São João Batista, na Vila Ipojuca, Decanato São Simão da Região Lapa, teve sua igreja matriz dedicada e o altar consagrado na noite do domingo, 28 de setembro.
A concretização do sonho de ver o templo dedicado levou centenas de fiéis à missa solene, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer e concelebrada pelo Padre Fabiano de Souza Pereira, Pároco, assistidos pelo Padre Roberto Fernando Lacerda e diáconos.

NA COLINA, A EVANGELIZAR
No alto da colina da Rua Tonelero, 967 – hoje cercada por prédios – está a Paróquia São João Batista. Construída com tijolos de olarias locais, sua história de evangelização começou ainda na década de 1920, com uma pequena capela dedicada ao padroeiro. Em 1940, tornou-se Paróquia, criada por Dom José Gaspar D’Afonseca e Silva, então Arcebispo Metropolitano, em preparação para o Congresso Eucarístico de 1942.
O templo, conhecido pelo charme dos tijolinhos à vista, guarda também a memória de sua construção coletiva. “Naquela época, a Lapa tinha muitas olarias. Os próprios paroquianos conseguiam os tijolos e os transportavam em carrinhos de mão. Eles também compraram, com muito esforço, o terreno onde antes havia um campinho de futebol”, conta o Pároco.

O Sacerdote define a dedicação da igreja e a consagração do novo altar como um momento singular: “Essa celebração é como o batismo da igreja por inteiro, um marco sagrado e histórico para esta comunidade”.
Para tal, a Paróquia passou por reformas e melhorias. “Construímos o novo altar, o ambão e reformamos a capela do Santíssimo. Também pintamos alguns espaços e planejamos, para o próximo ano, a pintura completa da igreja”, explica o Pároco.
Quem entra na igreja, tem a atenção despertada para o painel do altar que retrata o Batismo de Jesus, obra esculpida na década de 1970 pelo artista polonês Arystarch Kaszkurewicz, que perdeu as mãos durante a 2ª Guerra Mundial.

VIDA PASTORAL
A Paróquia São João Batista mantém uma intensa vida pastoral, sacramental e social. “Entre as pastorais, destaco a catequese infantil e de adultos, os encontros semanais de Lectio Divina, a preparação de ministros e leitores e a Pastoral Familiar. Também fazemos quermesses, jantares e festa junina”, menciona Michelle Soares de Jesus Dantas, 39, catequista de Crisma.
Ela recorda que os eventos realizados viabilizaram as reformas da igreja para a dedicação do templo e a consagração do altar: “Toda a comunidade se uniu e participou deste momento que confirma nossa caminhada de fé”.

O compromisso solidário também se faz presente na dinâmica paroquial. “Atendemos cerca de 25 famílias com cestas básicas e ajudamos ainda pessoas de outros bairros que nos procuram em busca de mantimentos e roupas”, lembra o Padre Fabiano.
Para o Sacerdote, a inspiração vem do próprio padroeiro. “São João Batista é a voz que clama no deserto, o precursor que aponta para Cristo. Esta igreja é sinal dessa voz que continua a ressoar. Mesmo cercada por prédios, o sino toca e anuncia a esperança”, afirma.

SOMOS O VERDADEIRO TEMPLO
“Esta é uma celebração específica, que se faz uma vez só, para dizer que este lugar é de Deus. Esta é a casa de Deus no meio das nossas casas”, destacou Dom Odilo no começo da missa.
Na homilia, o Cardeal explicou que o altar é o centro da vida litúrgica, em torno do qual o povo de Deus se reúne para celebrar o mistério da fé. “É sobre o altar que se dedica o sacrifício da missa, lembrando a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus para a nossa vida”, afirmou.
Dom Odilo recordou o dia da Bíblia, data que reforça a centralidade da Sagrada Escritura na vida cristã: “A Palavra de Deus é luz para o nosso caminho, é alimento para a nossa fé, é companhia para a nossa vida e a nossa solidão”. Ele incentivou os fiéis a cultivar o hábito da escuta: “Devemos ir à igreja com este desejo: ‘Quero ouvir o que o Senhor vai falar’”.
Para além da beleza da igreja dedicada, o Cardeal sublinhou que aquela celebração era um convite à consciência de que cada batizado é também um santuário vivo. “O verdadeiro templo de Deus somos nós. Desde o Batismo, fomos feitos templos santos. Cuidem de honrar a Deus neste templo”, afirmou, pedindo profundo respeito à dignidade humana. “Cada pessoa é templo de Deus, e por isso toda vida merece ser valorizada, respeitada e protegida”.

CONFIRMAÇÃO
Frequentadora da Paróquia São João Batista desde os 13 anos de idade, Sônia Terezinha Turane Polli, 79, guarda na memória cada etapa da construção. “Quando cheguei, era apenas uma igreja começada, estava pela metade”, recorda.
“A obra foi feita bem devagar, com muito sacrifício, anos e anos de trabalho. Foi a fé e a mão na massa dos paroquianos que ergueram este templo”, detalha.
Para ela, a história da Paróquia se mistura à da própria família. “Meus filhos foram todos batizados, crismados e fizeram a primeira comunhão aqui. Hoje, eles continuam trabalhando na igreja, assim como minha nora e minha neta”, conta, orgulhosa. “Este momento da dedicação é a confirmação de Deus para todos nós”, celebra.

OS RITOS DE DEDICAÇÃO
A liturgia da dedicação começou com o Arcebispo abençoando a água e aspergindo os fiéis, em sinal de penitência e em memória do Batismo. Ele também aspergiu as paredes da igreja e o novo altar. Após o Glória, o lecionário foi depositado sobre o ambão, de onde são proclamadas as leituras da Palavra nas celebrações litúrgicas.
Após a homilia e a profissão de fé, foi entoada a Ladainha de Todos os Santos. Depois, foram depositadas sob o altar as relíquias de Santa Maria Goretti, São José de Anchieta, Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, e da Beata Assunta Marchetti.
Na sequência, ocorreu o momento central do rito: a prece de dedicação, após a qual o Arcebispo ungiu o altar com o óleo do Crisma, tornando-o símbolo de Cristo, o Ungido por excelência. Depois, ele ungiu às 12 cruzes nas paredes da igreja.

O rito prosseguiu com a incensação do altar e do templo. A queima do incenso sobre o altar simboliza o sacrifício de Cristo; também foram incensados o povo – templo vivo de Deus – e as paredes da igreja.
Houve, ainda, o revestimento do altar, indicando-o como lugar do sacrifício eucarístico e mesa do Senhor, em torno do qual o sacerdote e os fiéis celebram o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Foram também acesas as velas nas laterais do altar e sobre as 12 cruzes nas paredes; e houve a iluminação do altar e da igreja, para lembrar que Cristo é “luz para a revelação dos povos”.
Durante a missa, também aconteceu a inauguração da capela do Santíssimo Sacramento.
