O SÃO PAULO conversou com o Cônego João Inácio Mildner sobre os trabalhos realizados em 2024 e as projeções para o novo ano
Criado em 12 de dezembro de 2023 pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, o Vicariato Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos completa o primeiro ano de existência colhendo os bons resultados dentro dos propósitos para o qual foi criado, como um dos frutos do 1º sínodo arquidiocesano: promover a ação missionária e pastoral da Igreja em São Paulo nos âmbitos da saúde e do cuidado aos enfermos, considerando as dimensões religiosa e evangelizadora; comunitária; e político institucional no campo da saúde.
“Foi um ano muito fecundo, porque, em primeiro lugar, conseguimos assumir aquilo que o sínodo arquidiocesano nos colocou, as propostas sinodais, também nos reorganizando como Pastoral da Saúde nos decanatos para realizar a assistência pastoral e o trabalho em conjunto com as paróquias”, comentou, ao O SÃO PAULO, o Cônego João Inácio Mildner, Vigário Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos da Arquidiocese de São Paulo.
“Foi um ano em que também aprofundamos a nossa missão sobre o que é ser um vicariato episcopal. Nós não queremos títulos, nem cargos. Queremos, sim, servir o povo de Deus. E como nós estamos fazendo isso? Todos os meses, nós nos reunimos na Cúria metropolitana, em uma média de 30 pessoas, das regiões episcopais, os padres assistentes, outros sacerdotes, justamente para refletir como é que o vicariato precisa caminhar e em que estamos acertando ou precisamos aprimorar. E nessa caminhada, de sinodalidade, tem surgido propostas interessantes no sentido de dinamizar melhor os trabalhos nas paróquias e a assistência religiosa nos hospitais”, destacou o Cônego João Mildner.
Em 2024, os tradicionais cursos da Pastoral da Saúde arquidiocesana foram coordenados pela 1ª vez pelo Vicariato. Ao todo, 245 pessoas concluíram as formações nos cursos da Pastoral da Saúde e da Pastoral Hospitalar. Em 7 de dezembro, uma missa em ação de graças, presidida pelo Cardeal Scherer, na Catedral da Sé, marcou a conclusão dos cursos iniciados em março.
“Hoje vocês são enviados para se unir à Igreja e ir ao encontro dos enfermos de nossa Arquidiocese. Nesse caminho, anunciam que o Reino de Deus está próximo”, declarou Dom Odilo na ocasião.
SINODALIDADE
Cônego João Mildner também ressaltou que há tempos a sinodalidade acontece na Pastoral da Saúde e que isso buscou ser fortalecido neste primeiro ano de trabalhos do Vicariato.
“Na Pastoral da Saúde, não se olha o coordenador como autoridade nem o assistente eclesiástico como autoridade. Nós paramos, conversamos juntos e decidimos juntos. O nosso objetivo é assistir o enfermo, lutar pela dignidade e a vida das pessoas”, explicou.
PROJETOS E PREOCUPAÇÕES FUTURAS
Cônego João Mildner comentou que o Vicariato tem buscado mapear onde estão as unidades básicas de saúde, hospitais, AMAs, UPAs e casas de longa permanência na área de abrangência da Arquidiocese.
“Qual a paróquia próxima a um determinado hospital? Quem é o padre responsável? T emos buscado fazer essa espécie de mapa da cidade para que possamos prestar essa assistência. Também estamos trabalhando muito para que nas comunidades as pessoas assumam funções nos conselhos de saúde, a fim de prepara-las para integrarem os conselhos de saúde nas diversas esferas e lutar pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que foi preconizado pela Constituição ao apontar a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado”, detalhou.
O Sacerdote comentou, também, que o Vicariato Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos estará empenhado na promoção da Campanha de Fraternidade 2025, que abordará a temática da Ecologia Integral.
“Sempre ressaltamos na Pastoral da Saúde que nós, seres humanos, não somos donos do mundo em que vivemos. Na verdade, nos tornamos até reféns do mundo que estamos criando, diante de situações como as crises climáticas, violências, guerras, fome, falta de alimentos e outras situações de morte e de pecado. O homem está no centro disso tudo e ele tem de cuidar da casa comum. E a Pastoral da Saúde cuida do ser humano e luta para que as pessoas criem a consciência de que todos somos corresponsáveis pela casa comum”, destacou.
“Infelizmente, vemos que alguns se sentem donos do mundo, fazem o que querem. E aí vem as calamidades e as tragédias. E no campo da saúde, nós nem sabemos o que virá pela frente com o desequilíbrio ecológico. Com os degelos que estão acontecendo em alguns locais, por exemplo, estão aparecendo corpos, sabe-se lá de quantos milhares de anos. Quais doenças essas pessoas tinham em sua época? Será que nós temos imunidade a essas doenças ou teremos de lidar com novas pandemias? Então, olhando pelo campo da Pastoral da Saúde, o tema da Campanha da Fraternidade 2025 é muito rico, porque reflete justamente o presente, mas já de olho no futuro. Diante disso, o que a Pastoral da Saúde tem que projetar ou se programar para atender daqui para frente?”, refletiu.