No Seminário de Filosofia, seminaristas vivenciam o discipulado com Cristo

O SÃO PAULO dá sequência à série de reportagens sobre as casas de formação da Arquidiocese, por ocasião do 3º Ano Vocacional do Brasil

Luciney Martins/O SÃO PAULO

“Eis-me aqui! Eis-me aqui! Senhor, eis que venho. Eis-me aqui! Eis-me aqui! Faça-se em mim a tua vontade”. Passavam das 18h da sexta-feira, 2, quando este canto ecoou pela capela do Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars, dando início à missa que sempre acontece durante a semana nesse horário.

Participar da Eucaristia era um dos últimos compromissos daquele dia para os 27 rapazes que vivem nesta casa de formação no bairro da Freguesia do Ó. Antes, já haviam rezado às 6h e às 15h, tido aulas, pela manhã, na faculdade de Filosofia do Centro Universitário Assunção (Unifai), na Vila Mariana, e participado de atividades e momentos formativos próprios para esta fase de preparação ao sacerdócio.

“O Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars situa-se na etapa do discipulado, que tem como base que os seminaristas se caracterizem como discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo, Dele aprendendo e com Ele se formando, para que possam, após um período de três anos, juntamente com o curso de Filosofia que fazem, passar para a etapa da configuração, na Teologia”, explica ao O SÃO PAULO o Padre Frank Antônio de Almeida, Reitor desde 2016, e que anteriormente esteve à frente do Seminário Propedêutico, etapa anterior à do discipulado.

VIDA COMUNITÁRIA

O Seminário de Filosofia tem estrutura para acolher cerca de 45 seminaristas, em um ambiente com quartos individuais, academia, salas de aula, de recepção e de jantar, biblioteca multimídia, cozinha, lavanderia e a capela, onde há as imagens de Nossa Senhora Aparecida, de São José e do Santo Cura D’Ars, e uma relíquia do padroeiro.

Dos 27 seminaristas, 11 estão cursando o 3o ano de Filosofia, nove o 2º ano, e sete o 1º ano. A idade média é próxima dos 25 anos.

A rotina dos seminaristas iniciada às 6h se encerra às 22h, e além do estudo e momentos de oração, envolve tarefas como limpar os ambientes da casa, lavar a louça do jantar, preparar o café da manhã e cuidar da Liturgia.

EXPERIÊNCIA PASTORAL

Da tarde do sábado à noite do domingo, os seminaristas fazem vivência pastoral em paróquias da Arquidiocese. “Isso lhes dá a possibilidade de ver como é lidar com o ser humano e caminhar com as pessoas para Cristo”, ressalta Padre Frank.

Desde janeiro deste ano, o Sacerdote é Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, vizinha ao Seminário de Filosofia, e tem buscado envolver os seminaristas nas atividades paroquiais.

“Muitas pessoas até desconheciam que aqui existe um seminário, e agora vendo os seminaristas nas celebrações e atividades da Paróquia, se animam mais com a vida da igreja”, assegura Padre Frank, recordando que em março os seminaristas realizaram 15 dias de missão pelo bairro.

INSPIRAR-SE NOS HOMENS E MULHERES DE FÉ

Assim como faz com as outras casas de formação do Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição, o Cardeal Odilo Pedro Scherer mantém contato com o Reitor para saber sobre o processo formativo e, sempre que possível, visita o Seminário de Filosofia para celebrar a Eucaristia e conversar com os seminaristas, como fez naquele dia 2.

Na homilia da missa, Dom Odilo exortou que os seminaristas não se preocupem apenas em conhecer os grandes filósofos da humanidade, mas que também aprofundem conhecimentos sobre os santos, mártires e os cristãos que evangelizaram a partir do testemunho de vida. Também recomendou que busquem saber da história da Arquidiocese, de seus arcebispos e dos santos e bem-aventurados que viveram na cidade, como São José de Anchieta, Santa Paulina, Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, Beata Assunta Marchetti e o Beato Mariano de La Mata Aparício.

Dom Odilo também lembrou que todos os dias o cristão deve produzir os frutos da fé, sinais da graça e do amor que recebeu de Deus. “Que não sejamos a figueira estéril”, disse, em alusão ao Evangelho proclamado na missa (Mc 11,11-26), que teve entre os concelebrantes os Padres Frank e João Inácio Mildner, e o Cônego José Adriano, Diretor Espiritual do Seminário de Filosofia.

Por fim, o Cardeal recordou aos seminaristas que o ministério sacerdotal não é um projeto individual e que deve ser vivido em comunhão com toda a Igreja.

PREPARAÇÃO E AMADURECIMENTO PESSOAL

Os seminaristas Gil Pierre Herck, 28, Gabriel dos Santos Lima, 23, e Eliel Martins, 23, conversaram com a reportagem sobre essa etapa de preparação para o sacerdócio.

Herck, graduado em Direito, está no 3º ano da Filosofia. Ele destaca que a dinâmica de estudos e atividades do Seminário são fundamentais para a superação das incertezas sobre a vocação. “Uma das coisas que o seminário faz é moldar o seminarista para que aceite entregar a sua liberdade para Deus e para a Igreja. O padre faz um contínuo exercício de submissão da própria vontade. Aqui amadurecemos a ideia de que essa nossa entrega é para algo maior, para salvar as almas”, comentou o vocacionado da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, na Região Sé, e que realiza pastoral na Paróquia Cristo Rei, na Região Brasilândia.

“Sempre é preciso manter a certeza de que é Deus que nos quer aqui. Ele nos chamou e nos ajudará nas dificuldades”, afirma Lima, que está no 2º ano de Filosofia. Vocacionado da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na Região Brasilândia, ele realiza pastoral na Paróquia São Patrício, na Região Lapa, atividade que avalia como indispensável para o amadurecimento da vocação. “É algo que já nos permite ver como é essa dinâmica de cuidar de almas, já que acabamos pastoreando um pequeno rebanho, pois os padres nos colocam para ajudar na formação dos Coroinhas e na Catequese, por exemplo”, relata.

Para Martins, que já serviu a Aeronáutica Brasileira e está no 1º ano de Filosofia, um dos grandes aprendizados da etapa do discipulado é entender que o padre deverá sempre estar disponível ao próximo, algo que ele já tem percebido como seminarista.

“As pessoas esperam muito da gente, já nos olham e dizem ‘ele é um seminarista, ele tem como nos ajudar na fé’, mas, na verdade, aprendemos bem mais com elas”, comenta Martins, que antes de ingressar no Seminário foi orientado pela Pastoral Vocacional da Região Santana e atualmente realiza pastoral na Paróquia São Geraldo, na Região Sé.

O DIA A DIA DO SEMINÁRIO

6h – Todos participam da oração das Laudes
6h30 – Café da manhã
8h às 12h – Seminaristas cursam a faculdade de Filosofia no Unifai 
13h – Almoço no seminário
15h – Todos participam da oração da Hora Média
15h15 às 18h – Faxina do seminário (segunda-feira), formação com o reitor (terça-feira), recesso (quarta-feira), adoração eucarística e direção espiritual individual (quinta-feira) e estudo pessoal (sexta-feira)
18h – Missa, seguida de jantar
À noite: esporte coletivo (segunda-feira), estudo pessoal (terça, quarta e quinta-feira), estudo pessoal/noite cultural (sexta-feira)
Uma vez por mês, ocorre uma tarde de Espiritualidade, na sexta-feira
** Divididos em equipes de trabalho, os seminaristas também devem: lavar a louça do jantar, arrumar o café da manhã, limpar o seminário, ir ao supermercado e organizar a Liturgia.

VOCÊ PENSA EM SER PADRE?

Converse com o padre de sua paróquia
Informe-se no Centro Vocacional Arquidiocesano: (11) 3237- 2523 ou cvasp@uol.com.br.

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