Na Catedral da Sé, o Arcebispo de São Paulo destacou o Natal como “admirável intercâmbio” entre Deus e a humanidade.

Na manhã da quinta-feira, 25, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu a Missa da Solenidade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Catedral da Sé, no centro da capital paulista. A celebração reuniu fiéis que, conforme recordou o Arcebispo Metropolitano de São Paulo, reconheceram o Natal não apenas como feriado, mas como “dia santíssimo” para a Igreja, tempo de adoração, louvor e ação de graças a Deus pelo nascimento de Jesus.
Na homilia, Dom Odilo destacou que a celebração do Natal vai além da recordação de uma data. “Não celebramos o aniversário de Jesus, não se trata da data do nascimento de Jesus; trata-se do nascimento de Jesus e do seu significado”, afirmou, convidando os fiéis a refletirem sobre o sentido desse mistério para a humanidade e para a fé cristã.
A PALAVRA SE FEZ CARNE
Ao comentar as leituras proclamadas na liturgia do dia, o Cardeal explicou que os Evangelhos apresentam perspectivas complementares sobre o Natal. Recordou que, na Missa da Noite do Natal, a Igreja escutou o relato de São Lucas, que descreve os acontecimentos da Natividade, com “os sinais extraordinários que acompanharam o nascimento de Jesus”, como a manifestação dos anjos e o anúncio aos pastores. Já no dia de Natal, destacou, a liturgia propõe o prólogo do Evangelho de São João, que não narra fatos, mas aprofunda a pergunta fundamental: “afinal, quem é este que nasceu? O que significa o seu nascimento para nós?”.
Dom Odilo ressaltou que São João conduz os fiéis ao coração do mistério ao afirmar que, “no princípio, desde sempre existia a Palavra. A Palavra era de Deus. E a Palavra era o próprio Deus”. Essa Palavra, explicou, é poderosa e criadora: “por esta Palavra tudo foi feito; nada do que existe foi feito sem esta Palavra poderosa de Deus”.
O Arcebispo enfatizou que essa Palavra não é uma força impessoal, mas uma Pessoa. “Não é uma mera energia, não é uma ideia. É um ser pessoal, é o Filho de Deus”, afirmou. Segundo ele, o núcleo do mistério do Natal está no fato de que “esta Palavra eterna de Deus desceu até nós, assumiu carne e habitou no meio de nós”, não de modo passageiro, “não como um turista que vem, está um pouco e vai embora”, mas de forma estável, fazendo “a sua tenda entre nós”.

LUZ ETERNA
Ao aprofundar o tema da luz, Dom Odilo recordou que essa Palavra feita carne é “a luz eterna de Deus, que rompe as trevas do mundo e se faz presente entre os homens”. Ele citou as próprias palavras de Jesus no Evangelho: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não anda nas trevas”, acrescentando que o Senhor comunica essa luz também aos discípulos: “vocês também são a luz do mundo”.
O Cardeal destacou ainda que, em Jesus, Deus se deu a conhecer plenamente. “Ninguém de nós jamais viu a Deus”, recordou, citando São João, mas “o Filho, que desde sempre contempla a face do Pai, Ele nos revelou”, permitindo que a humanidade participe do conhecimento de Deus.
Ao tratar do sentido mais profundo da Encarnação, Dom Odilo falou do Natal como um “admirável intercâmbio, uma troca entre o Céu e a Terra”. Segundo ele, “o Céu nos dá o que tem de melhor, o Filho de Deus”, enquanto a humanidade oferece a Deus “o que nós somos, a nossa humanidade, que Ele assume”. Nessa troca, afirmou, “Ele nada perde vindo a nós; nós tudo ganhamos”, pois a condição humana recebe “uma grande dignidade, uma enorme dignidade”, ao ser assumida pelo Filho de Deus.
Concluindo a homilia, o Cardeal convidou os fiéis a viverem o Natal com atitude de contemplação e acolhida, à semelhança de Maria, que “conservava todas essas coisas no seu coração”. Exortou ainda para que “a sua luz resplandeça sobre nós, sobre todo o mundo”, especialmente onde ainda há “treva, erro, violência, desrespeito da pessoa humana”, e também nos “corações angustiados, corações tristes”, para que a luz de Cristo “traga alegria e esperança para todos”.






