O Magistério da Igreja expresso nos documentos sobre comunicação

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A comunicação está na palma da mão para todos nós. Um clique e obtemos o que queremos de forma instantânea e, com isso, muitas vezes, não levamos em conta o processo de produção do conhecimento, também na Igreja. 

Todo “pasconeiro” e “pasconeira” sabe que a Pastoral da Comunicação (Pascom), antes de ser um trabalho, é uma missão advinda do Batismo. E a Igreja, ao assumir os meios de comunicação para evangelizar, o faz como missão, apostolado, para que o Evangelho chegue a todas as pessoas, conforme São Paulo VI escreve na apresentação do decreto Inter mirifica, do Concílio Vaticano II, aprovado em 4 de dezembro de 1963. 

Nesse contexto, é importante lembrar que a Igreja tem uma longa trajetória e documentos que orientam o modo de pensar e produzir comunicação (veja detalhes ao fim do texto). Neste artigo, vamos pincelar alguns indicativos, sugerindo sua posterior leitura e estudo. Destaque-se, porém, que não abordaremos as mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de cada ano, de 1967 a 2025, cuja leitura também recomendamos. 

No decreto Inter mirifica, o Concílio Vaticano II cunha a expressão “comunicação social”, para evidenciar o compromisso social e ético. É bom lembrar também que a organização pastoral da comunicação começa a partir deste Concílio, uma vez que, na ampla consulta antes do Concílio, houve duas sugestões a respeito. Um dos documentos que trata da organização da comunicação nas conferências episcopais é o Aetatis Novae (1992), que expressa no número 17: “Não é suficiente ter um plano de pastoral da comunicação, mas é necessário que a comunicação faça parte integrante de todos os planos pastorais, visto que a comunicação tem, de fato, um contributo a dar a qualquer outro apostolado, ministério ou programa”. 

Há também uma organização na América Latina e Caribe, pelo Departamento de Comunicação (Decos) do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), lembrando que todos os documentos das Assembleias tratam da comunicação, que revelam o olhar de acordo com a época: Rio de Janeiro (1955) – “Meios especiais de propaganda”; Medellín (1968) – “Meios de Comunicação Social”; Puebla (1979) – “Comunicação Social”; Santo Domingo (1992), “Comunicação Social e Cultura”; Aparecida (2007) – “Pastoral da Comunicação”. Nesses indicativos, observa-se a atualização do pensamento da Igreja sobre o tema. Entretanto, desde 1928 foram criadas organizações católicas tendo em vista os profissionais de jornal, cinema, rádio e TV, para que eles fossem sal e luz nesses ambientes.

A comunicação é organizada também nas conferências episcopais. No caso do Brasil, em nível nacional, é articulada nos regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). E o Documento de Aparecida, número 484 e seguintes, diz que é preciso conhecer e valorizar a cultura da comunicação, lembrando que ela perpassa toda a ação pastoral. Conforme lembra o Diretório, a comunicação é eixo transversal de todas as pastorais, está a serviço da comunhão, estrutura-se a partir dos documentos da Igreja, das pesquisas na área e da prática da comunicação; não se reduz aos meios de comunicação, mas é elemento articulador da vida e relações comunitárias (CNBB 2023, no 227-230). A Pascom, entretanto, não pode se fechar no interno da Igreja: ela precisa testemunhar a comunicação entre as pessoas, no interno da Igreja, nas pastorais e entre as pastorais, e compreende o diálogo com a sociedade (veja mais detalhes no box Documentos e estudos sobre comunicação – Igreja do Brasil). 

Para que tudo isso aconteça, é preciso dedicar tempo ao estudo, à formação, à espiritualidade e à organização. O Diretório indica quatro eixos para essa missão de forma integral: a formação, ou seja, o estudo, a reflexão; a espiritualidade, que não é só usar fórmulas, mas seguir o modelo do mestre da comunicação, Jesus, e como Ele se comunicou; a articulação, que é viver a comunicação no processo relacional, inclusivo com todas as pastorais; e a produção, que requer criatividade, competência e escuta. 

DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS SOBRE COMUNICAÇÃO NOS SÉCULOS XX E XXI

Vigilanti Cura
Sobre o Cinema – Pio XI, 1936;

Miranda Prorsus
Sobre os meios de comunicação: imprensa, cinema, rádio, televisão – Pio XII, 1957;

Inter mirifica (Entre as coisas maravilhosas)
Sobre o direito e o dever de evangelizar com a comunicação social – Concílio Vaticano II, 1963; 

Communio et progressio (Comunhão e progresso)
complementando o Inter Mirifica – Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, 1971; 

Aetatis Novae
Sobre o planejamento da Pascom – Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, 1992;

Ética da Publicidade
Fazer publicidade com ética – Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, 1997;

Ética nas Comunicações Sociais
Praticar a ética nas comunicações – Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, 2000;

Igreja e Internet
Sobre a entrada da Igreja na internet – Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, 2002; 

Ética na Internet
Sobre a ética na internet – Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, 2002;

Rápido Desenvolvimento
Aos responsáveis pelas comunicações – João Paulo II, 2005; 

Rumo à presença plena
Uma reflexão pastoral sobre a participação nas redes sociais – Dicastério para a Comunicação, 2023.

DOCUMENTOS E ESTUDOS SOBRE COMUNICAÇÃO – IGREJA DO BRASIL 

1989 – Campanha da Fraternidade – “A comunicação para a Verdade e a Paz”;
1997 – Igreja e comunicação rumo ao Novo Milênio – Estudos da CNBB, nº 75;
1997 – Igreja e comunicação rumo ao Novo Milênio – Documentos da CNBB, nº 59;
2011 – A comunicação na vida e missão da Igreja – Estudos da CNBB, nº 101;
2014 – Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil – Documentos da CNBB, nº 99;
2023 – Edição atualizada do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil.

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