Afirmou o Cardeal Scherer, na abertura da fase arquidiocesana do Sínodo 2021-2023
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu na manhã do domingo, 17, na Catedral da Sé, a missa de abertura da fase arquidiocesana do caminho sinodal convocado pelo Papa Francisco para toda a Igreja.
A celebração reuniu padres e fiéis, especialmente das paróquias e comunidades da Região episcopal Sé, acompanhadas de Dom Carlos lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese para essa região. Nesta mesma data, também acontecem celebrações semelhantes nas demais regiões episcopais – Belém, Brasilândia, Ipiranga, Lapa e Santana.
O caminho sinodal que culminará com a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos em outubro de 2023, no Vaticano, terá uma primeira etapa de escuta às Igrejas locais, seguida de outra fase em âmbito continental.
Convocados pelo Papa
“É o Papa Francisco que nos convoca, como pastor universal de toda a Igreja, a fazermos uma experiência bonita e rica de uma ‘Igreja sinodal’, na comunhão, participação e missão, com o envolvimento de todos os membros da Igreja”, enfatizou Dom Odilo, na homilia.
O Arcebispo recordou que todos os católicos são chamados a caminhar juntos nesse processo de escuta e discernimento. “Recebemos dons e carismas do Espírito Santo para nos colocarmos todos juntos a serviço da vida e da missão da Igreja. São Paulo já ensinava que a Igreja é como um corpo, no qual cada membro e órgão tem a sua função e a cumpre em benefício do corpo todo (cf, ICor 12). A Igreja conta com a participação de todos; cada um tem algo a oferecer e todos se beneficiam com os dons dos demais”, acrescentou.
O Cardeal Scherer recordou que a Igreja em São Paulo já vive, desde 2017, a experiência do sínodo arquidiocesano. “Agora, o Papa nos convoca a aprofundar a experiência sinodal, junto com todas as dioceses do mundo”, afirmou.
Encontrar, ouvir e discernir
Lembrando as palavras do Papa Francisco na homilia de abertura do Sínodo, no domingo passado, Dom Odilo sublinhou que esse processo pode ser resumido em três palavras: “encontrar, ouvir e discernir”.
“O primeiro passo – encontrar – é o exercício de uma ‘Igreja em saída’, que vai ao encontro das pessoas e das realidades vividas por elas. O segundo momento – da escuta – é um exercício de acolhida e de abertura atenta a todos, indistintamente. O terceiro momento – discernir – leva a questionamentos, análises e à tomada de decisões e atitudes”, explicou o Arcebispo.
Dom Odilo reforçou que mais importante que discutir sobre a sinodalidade, é fazer a experiência de uma Igreja sinodal. “Várias vezes o Papa observou que o Sínodo não é um parlamento, não consiste numa sondagem de opiniões, nem é para a formação de maiorias e consensos, mas é uma maneira de ser da Igreja, uma grande ação eclesial, animada pelo Espírito Santo”, salientou.
Igreja sinodal
“Uma Igreja sinodal não deve estar logo preocupada com a mudança das estruturas eclesiais, mas sim, com a conversão, para se tomar sempre mais aquilo que ela é chamada a ser desde o princípio: o povo de Deus, dos discípulos missionários de Jesus Cristo, testemunhas alegres do seu Evangelho no mundo, família de irmãos reunidos na mesma fé, esperança e caridade”, completou o Cardeal.
O Purpurado frisou que a sinodalidade acontece quando “são deixadas de lado as divisões e intrigas, provocadas sobretudo pelos individualismos, soberbas e vaidades mundanas, contrárias à unidade da Igreja”. “Numa Igreja sinodal, os membros procuram ouvir uns aos outros, sensíveis e atentos às necessidades e buscas uns dos outros, ajudando-se mutuamente. Igreja sinodal é aquela, onde as comunidades, além de olharem para seu próprio bem, também estão abertas e disponíveis para socorrer outras comunidades”, disse.
“Queridos irmãos, povo de Deus da Arquidiocese de São Paulo: sintam-se todos chamados e enviados a aprofundar a experiência de uma Igreja sinodal. Caminhemos juntos; busquemos juntos; ajudemo-nos uns aos outros! Deus nos fortaleça e abençoe!”, concluiu o Cardeal.
Nas paróquias
Para marcar o envio do povo para os trabalhos do sínodo, o Cardeal Scherer e Dom Carlos entregaram aos representantes das paróquias e comunidades da Região Sé uma vela acessa, que simbolizava o dom do Espírito Santo invocado durante a celebração para iluminar o caminho sinodal.
Cada paróquia é chamada a envolver os membros dos conselhos paroquiais, lideranças de pastorais, grupos e organizações, bem como outros fiéis para participar desse processo de escuta a partir da série de questões propostas no Documento Preparatório elaborado pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos. Esses materiais estão disponíveis para acesso aqui.
O processo de escuta paroquial deve ser encerrado até o fim de novembro, e a síntese de cada paróquia precisa ser repassada à região episcopal até 15 de dezembro. As regiões, por sua vez, deverão fazer a síntese das contribuições das paróquias até o fim de fevereiro, para entregá-la à Comissão do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral. E a Arquidiocese encaminhará o fruto desse processo de escuta à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em março de 2022.
O fruto da escuta diocesana será encaminhado à Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, que servirá de base para a elaboração do primeiro instrumento de trabalho que norteará a etapa de escuta em âmbito continental. As sínteses dessa etapa ajudarão na redação do segundo Instrumento de Trabalho, que será utilizado na Assembleia Sinodal de 2023.