Paróquia Pessoal Coreana Santo André Kim Degun é proclamada igreja de peregrinação

Anúncio foi feito pelo Cardeal Scherer na missa que marcou o encerramento dos 200 anos de nascimento do padroeiro, que foi o primeiro sacerdote coreano da história

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

No domingo, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa na Paróquia Pessoal Coreana Santo André Kim Degun, no Bom Retiro, Região Episcopal Sé, por ocasião do encerramento do jubileu de 200 anos do nascimento do Santo mártir coreano (1821-1846).
Concelebraram os Padres Pio Sang Soon Choi, Pároco; Youngho Noh (Padre Pedro) e Youseph Kang (Padre José), Vigários Paroquiais; Job Masyula Mbutu e Tamrat Markos Mitore, missionários da Consolata; e José Ferreira Filho, secretário do Arcebispo.

Ao longo do ano jubilar, a Paróquia foi uma das igrejas designadas em todo o mundo para a peregrinação de fiéis, que assim tiveram a oportunidade para alcançar a indulgência plenária, a si mesmos ou em sufrágio dos falecidos.

Na ocasião, atendendo a um pedido da Conferência Episcopal da Coreia, aconteceu a promulgação da elevação da Paróquia Pessoal a “Igreja de Peregrinação”. O decreto arquidiocesano de promulgação (leia a íntegra na página 3) ressalta que a “Igreja de Peregrinação” fica à disposição “para a veneração da memória do seu Santo Padroeiro, e para que nela seja promovida mais intensamente a fé católica e a vida cristã, baseadas no Evangelho e na imitação da vida de São Kim Degun. Haja nesta Igreja especial zelo missionário e pastoral na acolhida dos fiéis, pregação da Palavra de Deus, na administração dos sacramentos e na caridade”.

PEREGRINOS DA FÉ

Na homilia, Dom Odilo manifestou sua alegria em celebrar com a comunidade católica de origem coreana. Recordou que há pouco mais de um ano foi aberto o bicentenário na mesma igreja e salientou o testemunho de fé do primeiro sacerdote coreano e mártir de Cristo.

“A força do seu testemunho em favor de Cristo e do Evangelho, diante das perseguições e do martírio que sofreu, continua a fortalecer a fé do povo cristão coreano, que guarda a sua memória com carinho e admiração”, disse, reforçando que o Santo “continua a fortalecer a fé, o amor à Igreja e a perseverança na vida cristã de muitos filhos do povo coreano”.

O Arcebispo destacou que, na conclusão do jubileu, a Arquidiocese se alegra em proclamar a igreja paroquial como igreja de peregrinação: “Significa que aqui se mantém viva a fé cristã pregada por Santo André; aqui se praticam as virtudes da fé, esperança e caridade pregadas, vividas e testemunhadas por ele. Aqui se mantém vivo o testemunho de firmeza e perseverança na vida cristã, mesmo diante das maiores dificuldades”.

Dom Odilo enfatizou que esta igreja peregrina expressa que a “nossa fé católica é um tesouro, que precisa ser cuidado e cultivado, para não se perder. Ela conta com nosso esforço missionário para que a alegria da vida no Evangelho de Jesus seja transmitida também aos filhos e netos, de geração em geração”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

ALEGRIA E BÊNÇÃO

Para o ano jubilar, o Pároco, em entrevista ao O SÃO PAULO, destacou que a Paróquia traçou dois propósitos para viver com intensidade esse momento do bicentenário.
“Definimos a alegria e a bênção como metas para viver o jubileu em comunidade. A alegria é fruto de podermos celebrar esse momento, mesmo em meio a uma pandemia. A bênção se manifesta por meio das indulgências plenárias. Estipulamos e ultrapassamos a meta de 20 mil indulgências”, disse o Padre Pio Sang Soon Choi.

O Pároco reafirmou a alegria da promulgação da igreja de peregrinação: “O intuito da promulgação é abrir fronteiras, uma oportunidade para tornar conhecida a história dos santos e mártires coreanos. Uma forma de estender nossa história para além da nossa comunidade e atingir a cidade e toda a Arquidiocese”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

AÇÕES CONCRETAS NO ANO JUBILAR

Em razão da pandemia, muitas atividades programadas não puderam ser realizadas, porém, a  Paróquia se adaptou e promoveu eventos on-line para unir e reunir as pastorais da Igreja.
A exposição sobre o Santo Padroeiro e sobre a história do catolicismo na Coreia foi um marco do jubileu e, após a liberação para o formato presencial, a Paróquia recebeu um número expressivo de peregrinos, entre eles, os seminaristas da Arquidiocese de São Paulo.

Diversas ações sociais aconteceram ao longo do ano jubilar, entre as quais a doação de cestas básicas e kits de higiene a pessoas em situação de vulnerabilidade social.

TRANSMISSÃO DA FÉ

Angela Chong, 51, é pedagoga e chegou ao Brasil aos 4 anos de idade. “Migramos para o Brasil e a fé sempre foi a base em nossas vidas. Aprendi com meus pais e avós, ainda criança, a rezar, e continuei esse processo com minhas duas filhas”, disse.

Suzana Whang Han, 54, é comerciante, nasceu no Brasil e seus pais vieram de navio na primeira imigração coreana católica. “Nasci em uma família católica fervorosa. A fé herdada ultrapassa a expressão orante e se expande em gestos de doação e ajuda aos irmãos necessitados”, afirmou.

Juliana Hae Jung Han e Paulo Rodrigo Chun são pais de Sofia, 6, e Olívia, 3. Eles destacaram que a fé atravessa gerações, fortalece vínculos e aproxima de Deus: “Dos nossos pais, recebemos a dimensão da fé e repassamos esse legado às nossas filhas. Participar das celebrações em comunidade e os encontros formativos fortalecem os vínculos na família e a dimensão comunitária”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

PADROEIRO

Santo André Kim Degun nasceu em 21 de agosto de 1821, em Solmoe, estado de Chungcheong-Do (atualmente Songsan-ri, Danjin no estado de Chungnam). Com 7 anos de idade, sua família se mudou para a aldeia da montanha Goldbe Masil, que fica em Yong-in Gun, para fugir da perseguição ao catolicismo na Coreia.

Aos 15 anos, como seminarista, foi para Macau, a fim de estudar Teologia. Em 1845, foi ordenado sacerdote em Xangai, na China. Retornou, então, para a Coreia, onde se dedicou ao trabalho missionário em Seul.

Foi martirizado com outros 102 católicos em 16 de setembro de 1846, aos 26 anos de idade e, canonizado em 6 de maio de 1984, por São João Paulo II. Padre Kim Degun criou o “Evangelho de Chosun” com o mapa de Chosun para missionários e deixou como legado 21 cartas e memorandos sobre a história da Igreja coreana.

Deixe um comentário