Imagino que você já deva ter ouvido em algum momento da sua vida a seguinte expressão: “A gente só ama aquilo que conhece”. Este ditado cai como uma luva para as relações, sejam elas familiares, amorosas, profissionais, de amizade e até mesmo aquelas vividas em nossa comunidade paroquial.
A partir do momento em que nos dispusermos a conhecer, de fato, uma pessoa, a investir tempo para ouvi-la, nos interessarmos por ela, passamos a amá-la com todas as qualidades, mas também com seus espinhos e fragilidades.
Para isso acontecer, porém, é preciso sair da superficialidade, ir além. Mas você deve estar se perguntando: “O que isto tem a ver com a Pastoral da Comunicação?”
Calma, não houve nenhum bug aqui, tem tudo a ver. Primeiro, a Pastoral da Comunicação, também chamada carinhosamente de Pascom, precisa ser conhecida, para ser cada vez mais amada, compreendida e assumida pelos nossos sacerdotes, pelas demais pastorais e pelo agente de pastoral que integra esta missão na Igreja.
MAS, AFINAL, O QUE É PASCOM?
Diante dessa proposta, vale a pena aprofundar, como o próprio verbo convida – descer no profundo –, buscar o verdadeiro sentido do que é “Pastoral da Comunicação”. De acordo com o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil (n. 323), “a expressão ‘Pastoral da Comunicação’ nasce da junção de duas realidades que interagem reciprocamente: comunicação e pastoral. O universo da comunicação abrange as distintas dimensões da realidade humana, enquanto o universo da pastoral envolve a dimensão socioeclesial, relacionada aos diferentes ambientes da Igreja em sua missão de evangelizar”.
Tanto a palavra comunicação quanto a palavra pastoral constituem universos distintos; no entanto, um complementa o outro. Por isso que a Pastoral possui um campo de atuação ilimitado.
Compreendendo a abrangência da Pascom, o Diretório de Comunicação, nº 329, explica: “Não se pode reduzir essa pastoral aos meios de comunicação, pois ela é um elemento articulador da vida e das relações comunitárias. Ela favorece o cultivo do ser humano como pessoa que comunica valores, vivenciados a partir da Palavra de Deus e da Eucaristia, pois o anúncio sempre deve ser acompanhado do testemunho”.
Nessa perspectiva, passamos a entender que as ações comunicativas da Pascom ganham sentido quando colaboram com as demais pastorais e os organismos da Igreja para dar visibilidade às ações evangelizadoras eclesiais.
UMA PASTORAL PARA AS PASTORAIS
Sim, a Pascom é essa pastoral que está a serviço das demais. É considerada a pastoral do amor, da articulação, que tem como missão promover a comunhão entre as demais pastorais, o diálogo, a integração. Possui como característica genuína a acolhida, a doação, deve estar sempre disponível a todos os agentes de outras pastorais que venham pedir ajuda. Por causa disso, tem como essência a transversalidade, e sua existência somente se explica como serviço às outras pastorais.
No livro “Pascom – a ação evangelizadora na Igreja à luz do Diretório de Comunicação”, publicado pela Paulinas Editora, Élide Maria Fogolari e Rosane da Silva Borges afirmam: “É preciso pensar a Pastoral da Comunicação como uma pastoral que necessita dar respostas às pessoas, à missão da Igreja à luz da Palavra de Deus, da Eucaristia, dos documentos da Igreja e da cultura gerada pelas tecnologias”.
COMUNICAÇÃO É RELAÇÃO
É possível afirmar que a comunicação vai muito além da dimensão técnica, que é essencial compreendê-la na sua dimensão mais profunda e ampla. Quando ela de fato acontece, é possível visualizar seus frutos de verdadeiro vínculo, de uma relação autêntica em família, no trabalho, na comunidade – Igreja etc.
Já que iniciamos este texto mencionando uma reflexão sobre conhecimento, amor, relação, é importante olhar o passado para entender o presente. Nos inícios do Cristianismo, como os primeiros cristãos viviam as práticas comunicativas? Na comunidade, por intermédio das relações. Como eram identificados? Pela vivência do amor: “Vede como se amam”. Isto é comunicação cristã.
Por intermédio do testemunho de comunidades fraternas, davam prova do amor até quando estavam sendo perseguidos, conduzidos ao martírio. Este é um modelo para nós, agentes da Pastoral da Comunicação, que temos como missão fazer pastoral da comunicação em nossas comunidades.
Somente uma pergunta para refletir: Nossas ações comunicativas estão levando a vivência de relações interpessoais de qualidade em nossa prática pastoral?
Convido você a continuar neste percurso de aprofundamento, inclusive, a formação é um dos eixos que fundamenta a Pastoral. Significa um processo formativo que possibilita ao agente obter maior conhecimento teórico e prático em comunicação. O agente de pastoral deve se orientar pelos quatro eixos da Pascom. Descubra quais são eles nas páginas deste Caderno. Você também encontrará um perfil da Pascom em âmbito paroquial e os “5 mitos” que recorrentemente surgem quando se fala em implantar a Pascom em uma paróquia. Tenha uma abençoada leitura!