PUC-SP destaca Dom Paulo como ‘mensageiro da justiça e da paz’

“Dom Paulo Evaristo Arns e a PUC-SP: autonomia e compromisso social” foi o tema do evento acadêmico on-line realizado no dia 8 pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo nas comemorações do centenário de nascimento do Cardeal Paulo Evaristo Arns.

foto: Puc SP/ACI

A live contou com a participação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da PUC-SP, professores e convidados que refletiram sobre a atuação do Cardeal Arns no período em que foi Grão-Chanceler da instituição, entre 1970 e 1998.

Ao abrir o evento, Dom Odilo recordou alguns aspectos biográficos de seu predecessor, com destaque para a sua trajetória ministerial e acadêmica, que ajudam a compreender sua relevância para a vida da universidade. “Se desvinculamos as pessoas de sua história, de seu momento, biografia e contexto, nós as transformamos em ideias. Dom Paulo não foi um mito, mas um personagem que atuou em um momento preciso da história e deu sua contribuição”, afirmou.

Grão-Chanceler

A atual reitora da PUC-SP, Maria Amália Pie Abib Andery, recordou que o Cardeal Arns foi Grão-Chanceler por mais de um terço da existência da universidade, que, este ano, comemora seu 75° aniversário.

“Em seu período, a universidade passou por enormes transformações. Muito do que hoje, para nós, é uma marca da PUC-SP, foi construído nessa época”, afirmou a professora, sublinhando que Dom Paulo sempre cobrou que a instituição exercesse seu papel social de defesa da democracia, dos direitos humanos e do compromisso da construção de um país e uma cidade com menos desigualdade.

Apoio à ciência e aos professores

“Dom Paulo trouxe para esta universidade vários dos mais importantes intelectuais brasileiros, para atuarem como docentes, quando eram perseguidos e aposentados compulsoriamente pela ditadura militar. Trazendo, assim, um enorme arcabouço de conhecimento e uma ideia nova de universidade para cada um de nós”, acrescentou a reitora.

A professora Maria Amália salientou, ainda, que o Cardeal Arns defendia a ciência e a liberdade acadêmica, citando como exemplo o apoio dado para que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizasse sua reunião anual de 1977 na PUC-SP, após ser impedida pelo governo da época de fazê-lo em alguma universidade pública.

“Dom Paulo viveu sua vida cristã e sua inegável solidariedade com os mais vulneráveis e sua constante presença ao lado dos pobres”, completou Maria Amália, acrescentando que seu exemplo como Grão-Chanceler marcou a PUC-SP.

Igreja missionária e formadora

O professor emérito e reitor da PUC-SP entre 1985 e 1988, Luiz Eduardo Wanderley, recordou Dom Paulo como “um mensageiro da justiça e da paz”. No que se refere à vida da universidade, Wanderley lembrou o episódio da invasão do campus da instituição por militares, em 1977, quando Dom Paulo, por meio do diálogo e do questionamento às autoridades, conseguiu reverter a situação.

“Dom Paulo desejava que a Igreja de São Paulo fosse missionária e formadora […]. Desafiou a universidade a sair dos seus muros e realizar ações nas periferias da cidade, concretizando o famoso compromisso social, além do ensino e da pesquisa”, afirmou Wanderley, destacando o trabalho realizado com equipes de professores e estudantes na prestação de diversos serviços à população.

Compromisso social

Antônio Carlos Caruso Ronca, professor emérito e reitor da PUC-SP entre 1993 e 2004, também relatou a experiência de conviver e trabalhar com Dom Paulo no período que esteve à frente da universidade.

“Dom Paulo foi um ser humano muito consciente de sua vocação e de sua missão”, afirmou o professor, definindo o Cardeal Arns como um homem terno, afetivo, mas, quando as situações exigiam, sabia ser firme nas decisões. O ex-reitor também recordou as oportunidades em que pôde ouvir Dom Paulo expressar suas preocupações com as situações de sofrimento do povo, os problemas da Igreja e da sociedade.

“Por várias vezes, ouvi dele a frase: ‘A PUC-SP deve sempre se preocupar com as grandes questões que afligem a humanidade’ e completava ‘é para isso que ela existe como universidade e como católica’”, afirmou Ronca, reforçando que, ainda hoje, Dom Paulo é uma fonte de inspiração para a universidade.

Ainda sobre o legado de seu predecessor, o Cardeal Scherer concluiu: “Dom Paulo é um ilustre personagem que honra a Igreja Católica, mas também é uma personalidade pública que teve um protagonismo singular no seu tempo. Ele, agora, pertence à história”.

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