Restaurados, sinos da matriz de Nossa Senhorada Expectação voltam a soar na Freguesia do Ó

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Os sinos da igreja matriz da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, na Fregue­sia do Ó, zona Norte de São Paulo, foram reinaugurados na noite de terça-feira, 19.

Além dos dois históricos sinos ori­ginários da antiga matriz e refundidos em 1935, que passaram por manuten­ção, limpeza e modernização do sistema de automação, foi instalado um terceiro novo sino. O trabalho foi realizado pela Fábrica de Sinos de Piracicaba e patroci­nado pelo Grupo Comolatti,

A bênção e reinauguração do campa­nário foi feita pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, durante missa das festividades da Padroeira dessa que é uma das paróquias mais antigas da cidade.

A Paróquia Nossa Senhora da Expec­tação foi erigida em 15 de setembro de 1796, quando a Rainha de Portugal, Ma­ria I, decretou a tripartição da Freguesia da Sé, única circunscrição da Diocese de São Paulo até então, criando as Freguesias de Nossa Senhora da Penha de França e de Nossa Senhora do Ó. Naquele período, estava em vigor o regime do padroado e o império tinha poder sobre a organização eclesiástica em Portugal e em territórios sob seus domínios, como era o Brasil.

A atual matriz paroquial foi inaugu­rada em 1901, no lugar da antiga igreja, datada de 1780, da qual são originários os sinos restaurados.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

TRADIÇÃO

Já virou uma tradição do Grupo Co­molatti patrocinar o restauro de sinos de igrejas em São Paulo. “Nós realizávamos campanhas de arrecadação de alimentos e agasalhos na Paróquia São Januário [San Gennaro], que fica próxima da sede da nossa empresa. Certa vez, perguntei ao Pároco da época se a Paróquia pre­cisava de mais alguma ajuda. Então, ele nos pediu patrocínio para os sinos da torre nova que estava sendo construída. A partir daí, nasceu a tradição de todo ano patrocinarmos o restauro dos sinos de uma igreja”, contou Sergio Comolatti, presidente do conselho de administração do grupo empresarial.

Em 16 anos, já foram restaurados os campanários de 17 igrejas da Arquidio­cese de São Paulo, tais como das paró­quias como São Vito Mártir, Bom Jesus do Brás, Nossa Senhora do Brasil, Nossa Senhora da Paz, São Cristóvão, São José do Belém e São João Batista do Brás, além da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte e do Mosteiro de São Bento, no centro. Em 2010, foi restaurado o car­rilhão de 61 sinos da Catedral da Sé, o maior da América Latina.

O legado do Grupo Comolatti come­çou a ser construído em 1948, quando Evaristo Comolatti, imigrante italiano, chegou à cidade de São Paulo. O sonho de abrir um grande negócio no segmen­to automotivo o levaria a inaugurar no bairro da Mooca, em 1957, uma reven­dedora de autopeças e oficina, a Evaris­to Comolatti & Cia. Ltda. Há 65 anos, o grupo atua desde a distribuição de auto­peças e a comercialização de veículos até a alta gastronomia e o setor imobiliário. Entre os projetos sociais, destacam-se o investimento em ciência, cultura e edu­cação, restauração de sinos de igrejas brasileiras, revitalização de praças italia­nas em São Paulo, investimento em es­porte, eventos beneficentes, entre outros.

Sergio Comolatti recordou que a ini­ciativa busca manter viva a tradição de, “com o toque dos sinos, chamar as pes­soas para a Igreja, pois o soar dos sinos é uma forma de comunicação que atra­vessa gerações e representa para a família Comolatti um legado de fé”.

SINAL PARA A CIDADE

“Os sinos estão ligados à vida do povo de Deus, o seu som marca os tempos da oração, reúne o povo para realizar as ações litúrgicas, avisa os fiéis sobre acontecimen­tos mais sérios que podem significar afli­ção ou alegria para esta porção da Igreja, nesta parte da cidade ou para cada um dos fiéis”, afirmou Dom Odilo, destacando que, na metrópole, em meio ao barulho de tantas vozes, “temos que fazer o possível para que a presença da Igreja seja percebi­da na cidade. Nós estamos aqui”.

O Pároco, Padre Aldenor Alves de Lima, ressaltou a alegria da comunida­de em ter os sinos restaurados. Ele ex­plicou ao O SÃO PAULO que os sinos funcionavam manualmente e de forma precária. No período em que pararam de soar para o restauro, muitos moradores sentiram falta e perguntavam o que ha­via acontecido.

Uma vez restaurados, os sinos anun­ciarão as principais missas e eventos ex­traordinários, além de tocar nas horas marianas, às 12h e às 18h. Também indi­carão as horas conectados ao relógio da igreja matriz

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