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Santuário de Schoenstatt: 55 anos de fé e esperança no coração da Vila Mariana

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em meio às avenidas e ruas movimentadas, ao vai e vem de carros e pedestres na Vila Mariana, a imagem da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável convida a entrar e rezar no Santuário de Schoenstatt, um refúgio de paz no coração da cidade. 

No sábado, 5, religiosas do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, fiéis e devotos se reuniram para celebrar os 55 anos de fundação do Santuário. A missa em ação de graças foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, e concelebrada pelo Padre Vandemir Josué Meister, Superior Provincial dos Padres de Schoenstatt. 

CORAÇÃO PULSANTE NA CIDADE 

O Santuário Tabor da Confiança Vitoriosa no Pai, mais conhecido como Santuário de Schoenstatt, foi inaugurado em 8 de julho de 1970, fruto do esforço das Religiosas do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt e de uma pequena Família de Schoenstatt paulistana. 

“A decisão de vir a São Paulo veio do desejo de propagar a devoção à Mãe Rainha pelo Brasil. Inicialmente, estávamos em Santa Maria (RS) e no Paraná. Em São Paulo, chegamos primeiro ao bairro da Liberdade. Depois, as irmãs adquiriram o terreno onde hoje está o Santuário e a sede do Movimento, na Vila Mariana. Em 31 de maio de 1967, com a bênção do Cardeal Agnelo Rossi, foi lançada a pedra fundamental do Santuário”, recordou Irmã Fernanda Luisa Balan, religiosa há 65 anos. 

“A Campanha da Mãe Peregrina, os ramos da Obra (como a Liga, a União e as Juventudes), as missas, romarias, Confissões e momentos de adoração fazem do Santuário um verdadeiro coração pulsante dentro da cidade”, afirmou a religiosa. 

‘AQUI SOMOS ACOLHIDOS POR MARIA’ 

Na homilia, Dom Odilo recordou o Evangelho do 14º Domingo do Tempo Comum (Lc 10,1-12.17-20), em que Jesus envia os discípulos em missão, tornando-os participantes da sua própria missão divina. 

“Ele é o missionário do Pai, e nós, a Igreja, somos essa comunidade viva que continua Sua obra, com a força do Espírito Santo”, afirmou o Cardeal, apontando que a missão, portanto, nasce da experiência de estar com Jesus e se deixar atrair por Ele, e que é nesse seguimento que a Igreja se renova e cumpre seu papel evangelizador. 

Dom Odilo afirmou que o Santuário de Schoenstatt também é sinal visível da nova Jerusalém: lugar de encontro, consolo, formação e envio. “Aqui somos acolhidos por Maria, que nos toma ao colo como filhos, nos educa na fé e nos forma como discípulos missionários de Cristo.” 

Ao mencionar o Ano Jubilar, com o tema da esperança, o Arcebispo exortou os fiéis a retomarem essa atitude fundamental: caminhar com os olhos voltados para a meta final, a Jerusalém celeste. “Que a Mãe Peregrina nos ajude a renovar nossa fé e tornar viva a palavra de Deus em nosso tempo.” 

Maria Rita Viana conheceu o Santuário de Schoenstatt em 1975, quando se mudou para a região. “Eu vinha a pé para a missa todos os dias, às 17h.” Com o tempo, fez a Aliança de Amor como Romeira e em 1982 foi convidada a integrar a Liga das Mães. “A Mãe foi me conquistando devagarinho”, recordou. 

Gabriela Coiado Mota, 26, nutricionista, contou que sua relação com o movimento começou em família. “Minha avó era missionária da Mãe Peregrina e meus pais passaram a participar da Liga de Famílias. Meu pai foi convidado a integrar a Liga, e assim eu também fui conhecendo mais sobre o movimento. Hoje, faço parte da Juventude Feminina”, explicou, detalhando que o ideal da Juventude Feminina é ser “lírio do Pai e Tabor para o mundo”, tendo a Virgem Maria como espelho de pureza e missão.

No Santuário da Vila Mariana, cerca de 15 jovens participam dos encontros quinzenais, que mesclam formação na espiritualidade e momentos de oração. “Para mim, é algo muito especial, pois posso crescer na fé, na espiritualidade e aprender mais sobre a Igreja e as graças do movimento”, concluiu Gabriela. 

O Santuário está localizado na Rua Dr. Diogo de Faria, 239, na Vila Mariana. As missas acontecem aos sábados e domingos, às 17h. Saiba mais detalhes pelas redes sociais @schoenstatt_vilamariana

Uma vida dedicada à Mãe Peregrina

Movimento Apostólico de Schoenstatt

O fundador do movimento apostólico de Schoenstatt, o Padre José Kentenich, tinha o desejo de que a imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt chegasse a todos os lugares. Esse apostolado foi especialmente difundido por um brasileiro: João Luiz Pozzobon: comerciante de Santa Maria (RS), pai de sete filhos e católico fervoroso, ele foi convidado pela Irmã Maria Teresinha Gobbo, do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, a levar a Imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt para visitar as famílias. Ele aceitou o convite e a partir de setembro de 1950 exerceu esse apostolado, até seu falecimento, em 1985 (veja mais detalhes no box). 

Em 1959, foram criadas as capelinhas para disseminar a Campanha da Mãe Peregrina, cujo objetivo principal é a evangelização das famílias e pessoas, por meio da oração do Terço, da vivência dos valores cristãos e da prática orante nos lares, escolas e demais lugares. 

Recentemente, o Papa Leão XIV declarou Venerável João Luiz Pozzobon, “reconhecendo oficialmente que viveu de modo exemplar as virtudes cristãs em grau heroico. Trata-se de um passo significativo no caminho de sua causa de beatificação e canonização. É um atestado oficial do Vaticano de que ele viveu as virtudes como fé, caridade, esperança, justiça, prudência de forma heroica, mesmo à custa de grandes sacrifícios”, explicou Irmã Maria Sandra Maieski. 

QUEM FOI JOÃO LUIZ POZZOBON 

  • Nasceu em 12 de dezembro de 1904 em Ribeirão, São João do Polêsine (RS). 
  • Cresceu em uma família profundamente religiosa e mariana. 
  • A partir dos 12 anos, trabalhou na lavoura com seus pais. 
  • Casou-se em 1928 com Tereza Turcato e teve dois filhos. Após ter ficado viúvo, casou-se novamente, em 1933, com Vitória Filipetto, e teve 5 filhos. 
  • Comerciante, teve um hotel e uma mercearia. 
  • Em 1948, consagrou-se à Mãe e Rainha Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, no Santuário Tabor de Santa Maria (RS). 
  • Em 10 de setembro de 1950, recebeu a imagem da Mãe e Rainha para levá-la às famílias. 
  • Foi ordenado diácono permanente em 30 de dezembro de 1972. 
  • Morreu em 27 de junho de 1985, após sofrer um acidente enquanto ia para a missa no Santuário. 
  • O processo de canonização foi aberto em 12 de dezembro de 1994, em Santa Maria (RS). 
  • Em junho de 2025, o Papa Leão XIV reconheceu as virtudes heroicas do diácono gaúcho, declarando-o venerável 

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