‘Ser professor é um dom e uma tarefa recebida de Deus’

Destacou Dom Carlos Lema Garcia, Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, em missa pelo Dia do Professor, na Catedral da Sé

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em comemoração ao Dia do Professor, festejado em 15 de outubro, o Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo promoveu uma missa em ação de graças na tarde da segunda-feira, 16, na Catedral da Sé.

“Devemos uma gratidão imensa aos nossos professores, por isso estamos aqui celebrando esta Santa Missa em ação de graças pelas suas vidas, pela influência positiva que tiveram e continuam tendo na nossa vida e na de tantas crianças, jovens e adolescentes”, disse Dom Carlos Lema Garcia, Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, no começo da celebração, que teve como concelebrantes sacerdotes com atuação no ambiente educacional.

Participaram da missa estudantes, professores, diretores e membros da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, bem como representantes do corpo diretivo do Centro Universitário Assunção (Unifai), da PUC-SP, da Faculdade de São Bento e da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom).

UMA VOCAÇÃO

Na homilia, Dom Carlos Lema destacou que todo mundo guarda na lembrança as vivências e os aprendizados com professores, e não são poucas as pessoas que relatam ter discernido um caminho profissional a partir do diálogo com seus educadores. 

Nesse sentido, o Bispo enfatizou que “ser professor não é apenas uma profissão, é um chamado, uma vocação, um dom e uma tarefa recebida de Deus para formar as gerações, para formar seus alunos. Há uma alegria inerente à vocação do professor, pela qual ele abre caminho, orienta os estudos e, às vezes, até a própria vida de seus alunos”, comentou, ressaltando ainda que quando o professor vive bem esta vocação “supera-se a tentação de reduzir o ensino a uma meta pragmática, limitada ao retorno econômico e a considerar a escola e a faculdade por uma visão produtivista ou utilitarista”. 

A EXEMPLO DO MESTRE JESUS

Dom Carlos Lema lembrou que em muitas passagens do Evangelho Jesus é chamado de Mestre, dada a sua “didática” para atrair as pessoas, conjugando sua Palavra com a coerência de seus atos. 

“O Papa Francisco insiste que a coerência de vida é uma grande exigência ao professor, uma vez que não poderá ensinar aquilo que não vive; e dizer o que é certo, mas não fazê-lo; ele tem que ser exemplo de vida para seus alunos. Os professores têm que desejar se parecer com Jesus neste esforço de ir na frente, com uma vida coerente, arrastando seus alunos para o caminho do bem”, enfatizou o Bispo. 

JAMAIS DESANIMAR 

O Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade ressaltou que a Igreja tem dado permanente contribuição ao mundo da educação. Ele exortou que os professores não desanimem perante as dificuldades e pressões que encontram na profissão – como a quantidade de aulas a dar, os desafios em ensinar em uma metrópole como São Paulo, os grandes deslocamentos para chegar à escola e mesmo a falta de motivação dos alunos. 

Diante disso, o Bispo recordou uma frase do Papa Francisco – “Educar é um gesto de amor” – e dirigindo-se aos professores católicos, exortou: “Professores, educadores, quando vocês entram em uma sala de aula estão cumprindo uma missão divina, uma vocação dada por Deus”.

Na oração dos fiéis, foram feitas preces a Deus por todos os envolvidos no processo educativo; e ao final da celebração, os professores foram chamados à frente do presbitério para receberem a bênção de Dom Carlos Lema Garcia. 

O TESTEMUNHO DE DOIS PROFESSORES CATÓLICOS

Magna Celi Mendes da Rocha

Pedagoga, mestre e doutora em Educação: Psicologia da Educação (PUC-SP) e Pós-Doutorado em Teologia (PUC-PR). Professora convidada da Faculdade de Teologia da PUC-SP e do Centro Universitário Ítalo Brasileiro. Supervisora pedagógica da UNIVESP.

“O testemunho cristão no cotidiano do meu trabalho se dá no trato respeitoso com meus alunos e colegas, na responsabilidade com os compromissos assumidos, no preparo das aulas, sempre buscando dar o melhor, numa vida cotidiana impregnada de oração e da presença de Deus, que vai me capacitando a ser fiel à minha missão na sociedade”.

Cléber Rodrigo Cordeiro

Professor de Ensino Religioso no Colégio Santa Catarina de Sena e Colégio Franscarmo

“Primeiramente,  devemos ter em mente que o cotidiano é a oportunidade de encontro constante com Deus, muitas vezes acreditamos que Deus tem preferência para datas, locais e horários e como professores esquecemos que a partir do momento em que estamos preparando nossa aula até o primeiro contato visual na porta da sala de aula, Deus está conosco se obviamente o convidamos para fazer parte do nosso trabalho.

O momento de pós-pandemia acelerou totalmente o ritmo e a sintonia humana no ambiente escolar. Vemos muitos jovens com dificuldades de expressarem seus sentimentos, manterem contato visual e estabelecerem conexões e trocas de experiências mais profundas.

O ensino religioso tem uma árdua tarefa de religar os jovens, mostrar significado e acima de tudo proporcionar experiências palpáveis. Sinto-me chamado a viver minha vocação sendo provocado pelas reações ou mesmo pela falta delas, buscando constantemente inspiração do Espírito Santo para encontrar a metodologia e o novo caminho a ser trilhado e acima de tudo nunca tirando Jesus Cristo do foco do trabalho.

As metodologias ativas por meio das dinâmicas, músicas e trabalhos voluntários são mais essenciais do que nunca para que os estudantes possam encontrar um sentido e um valor para suas existências.

Vivo minha vocação despertando mentes, corações e olhares para que se possa entender que o sentido da vida é sempre fazer sentido em outras vidas”. 

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