‘Somos chamados a renovar nossa fé, nosso compromisso e apreço pela Eucaristia’

Exortou o Cardeal Scherer, na Catedral da Sé, na Missa Vespertina da Ceia do Senhor, que deu início ao Tríduo Pascal

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na Missa Vespertina da Ceia do Senhor, na noite da quinta-feira, 17, o Cardeal Odilo Pedro Scherer ressaltou que a celebração da Eucaristia é o núcleo central da fé cristã.

No começo da missa, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo recordou que essa missa dá início ao Tríduo Pascal e recorda a instituição da Eucaristia, do sacerdócio e do mandamento do amor que Jesus dá aos discípulos. Durante a celebração, Dom Odilo repetiu o gesto de Jesus na Última Ceia, que levou os pés dos discípulos.

O Arcebispo exortou os fiéis a participarem com fé, esperança e amor das celebrações que recordam a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus para colher os frutos da Páscoa. Destacou, ainda, que toda missa é uma ação de graças a Deus e nela também se reafirma a adesão a Jesus Cristo.

CENTRO NOSSA FÉ

Na homilia, Dom Odilo recordou que assim como os demais judeus, Jesus celebrava a ceia pascal judaica, para festejar a grande ação misericordiosa de Deus que levou à libertação do povo escravizado no Egito.

Cristo, porém, deu um novo significado àquela celebração. “Quando tomou o pão, como era costume na ceia pascal judaica, Jesus o partiu, foi entregando aos que estavam com Ele à mesa e disse: ‘Este é o meu corpo, entregue por vocês’. Essa entrega significa a morte, a morte de cruz, em que Ele se entrega pela libertação, salvação do povo”, disse o Arcebispo, lembrando, ainda, que o Senhor fez o mesmo com o vinho, como sinal de seu sangue que seria derramado por todos: “O sangue da nova e eterna aliança, libertadora e misericordiosa com o povo, gesto Daquele que se entrega por amor a nós e a toda humanidade, e pede aos seus discípulos façam o mesmo”.

“‘Fazei isto em memória de mim’. As palavras de Jesus remontam a origem da celebração da Eucaristia. Não significa apenas ‘repetir’ os gestos e as palavras da Última Ceia, mas fazer isto como entrega, serviço e amor mútuo. Eis o verdadeiro sentido da Eucaristia”, recordou o Arcebispo.

“Aqui tem origem a celebração da Eucaristia, que para nós, cristãos, é o memorial da Páscoa de Cristo, da passagem de Cristo deste mundo para o Pai, de sua Morte e Ressurreição para a glória de Deus. Esse é o núcleo central da nossa fé”, explicou.

‘Nesta noite santa, somos chamados a renovar nossa fé, nosso compromisso e apreço pela Eucaristia. Que saibamos dizer como o salmista: ‘O que poderei retribuir ao Senhor por todo o bem que Ele me fez’. Unamos nossas preces às preces de Jesus”, exortou.

LAVAR OS PÉS: O EXEMPLO DE CRISTO SERVIDOR

Ainda na homilia, Dom Odilo explicou que o rito do lava-pés “é um gesto simbólico e significa a atitude de colocar-se a serviço uns dos outros, uma atitude de humildade e cuidado com o irmão. ‘Dei-vos o exemplo: fazei isto em memória de mim’”.

O Purpurado também lembrou que o ato de lavar os pés é um gesto de simplicidade: “Jesus o fez por amor a ponto de entregar sua vida por nós na cruz. Esse gesto remete ao ensinamento de que aquele que quer ser o primeiro deve se colocar a exemplo do próprio Cristo a serviço, pois Ele não veio para ser servido, mas para servir”.

COLOCAR-SE A SERVIÇO

Após a homilia, Dom Odilo realizou o rito do lava-pés. Tiveram os pés lavados os representantes de pastorais e organismos da Arquidiocese ligados à fraternidade e ação social, bem como os atendidos por estas iniciativas:

– Samuel Soares Naziozeno, 7 anos, representando as crianças e adolescentes da Pastoral do Menor;
– Yasmin de Sousa Batista Oliveira, 6 anos, representando a Pastoral da Criança;
– Dr. Vitor Goulart Nery, advogado do Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns (PUC/SP);
– Antônio Venâncio da Silva, representando os catequistas;
– Ana Beatriz e Evanilson Correia de Souza, casal da Pastoral Fé e Política;
– Tai Afolabi e Ken Afolabi, migrantes da Nigéria;
– Gleice Silva de Nazaré com seu filho Artur Cardozo de Nazaré, representando a Amparo Maternal;
– Daniel Ferreira Burato, representando a Pastoral da Saúde;
– Melissa Alves Tarrão, representando a Pastoral da Juventude.

Para as gêmeas Tai e Ken Afolabi, esse gesto simbólico “representa a atitude de colocar-se a serviço e cuidar uns dos outros, como irmãos. É um ato de humildade, de se abaixar e de purificação do corpo e da alma”, afirmaram.

Vitor Goulart Nery participou pela primeira vez do lava-pés. “Foi um momento de reconexão com Deus, de consagração e fé”, disse, recordando esse gesto de Jesus que se atualiza no dia a dia dos trabalhos junto às famílias carentes: “Em nossa missão, nós nos colocamos a serviço do irmão que está a margem em busca de dignidade”.

Já para o pequeno Samuel Soares, o gesto de Jesus ao lavar os pés dos apóstolos representa “a fé e a presença de Jesus na vida das pessoas”.

SILÊNCIO E ORAÇÃO

Antes do término da missa, o Arcebispo recordou a todos que a Sexta-feira Santa é dia de silêncio, oração, jejum e abstinência de carne.

Ao final, o altar foi desnudado e todos os adornos do presbitério retirados. Depois, aconteceu a transladação do Santíssimo para a Capela da Catedral da Sé, onde aconteceu a vigília e adoração ao Santíssimo, com a presença do Cardeal Scherer, concelebrantes e fiéis.

Na sexta-feira, 18, às 15h, na Catedral da Sé, o Cardeal Scherer presidirá a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, celebração que acontecerá neste mesmo horário em todas as paróquias da Arquidiocese de São Paulo.

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