Polícia Militar do Estado de São Paulo repudiou o fato. Coronel Souza integra o grupo revisor do Manual de Direitos Humanos da instituição
Ao participar de uma conferência internacional virtual na noite da terça-feira, 9, organizada pelo Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Tenente-Coronel da Polícia Militar de São Paulo Evanilson de Souza foi alvo de ataques racistas e mensagens de ódio.
Coronel Souza, 50 anos, é negro, católico e falava a respeito do programa de combate ao racismo que desenvolve na PM paulista quando um dos participantes postou mensagens ofensivas na tela compartilhada do evento.
O Tenente-Coronel comanda o 11º Batalhão da PM, que compreende os bairros dos Jardins, Avenida Paulista, Bela Vista, Cambuci, Aclimação e boa parte do Brás e Mooca.
Além disso, ele integra grupo revisor do Manual de Direitos Humanos da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que deve concluir trabalhos este ano. O manual vigente foi elaborada em 1998.
Em entrevistas, no ano passado, por ocasião do anúncio do trabalho do grupo revisor, o Coronel Souza recordou os episódios de racismo que já sofreu e ressaltou a incidência do racismo estrutural e institucional no Brasil.
“Nossa participação neste importante trabalho é colocar a Polícia junto do combate ao racismo estrutural. É necessário promover espelhamento para as novas gerações de negros. Não é possível continuar sofrendo o mesmo que tem sofrido há mais de 150 anos após extinção oficial do regime escravagista do país. São mais de cinco gerações de famílias negras com o mesmo histórico de cerceamento, lutas e sofrimento. É necessário dar exemplos e combater as diferenças de tratamento”, disse em uma das entrevistas.
PM repudia episódio
Em nota publicada nesta quarta-feira, 10, a Polícia Militar do Estado de São Paulo repudiou “veementemente os ataques com ofensas raciais e mensagens de ódio praticadas contra o Tenente Coronel PMESP Evanilson de Souza”.
“Como membro do grupo revisor do Manual de Direitos Humanos da Polícia Militar do Estado de São Paulo e profundo conhecedor da matéria, o Tenente Coronel Souza foi convidado pela organização do curso para, justamente, expor o programa da PMESP de combate ao racismo quando, logo no início da exposição, sofreu ataque cibernético que comprometeu desenvolvimento do trabalho”, consta na nota.
A PM também disse se solidarizar com o Tenente-Coronel e “reforça sua posição contra toda forma de discriminação étnico-racial e na missão perene de promover os Direitos Humanos no estado. Se você for vítima de racismo ou conhecer alguém que seja, não fique calado. Disque 190 e denuncie. Racismo é crime”.