Iniciativa que começou em 2018 na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Região Lapa, continua em meio à pandemia com a distribuição de marmitex a quem mais precisa
“Ocorreu uma forte chuva na cidade e na semana seguinte fomos entregar as marmitas. Quando chegamos, uma das pessoas estava com a imagem de Nossa Senhora Aparecida e entregou de presente para nosso grupo, pois foi a única coisa que a enchente não tinha levado. Isso nos marcou bastante”.
Há três anos, Maria Edileuza Borges Soares e os demais participantes do “Panelão do bem” acumulam muitos relatos de gratidão daqueles que graças a essa iniciativa conseguem não só uma refeição, mas, também, alguém que os ouça.
A atividade foi iniciada em março de 2018, por um grupo da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no bairro do Parque Continental, na Região Episcopal Lapa.
Maria Edileuza, que chegou a São Paulo há 35 anos, vinda do interior do Ceará, iniciou o projeto. Foi após um convite para os jovens que as primeiras 30 marmitas foram confeccionadas e entregues aos mais necessitados nas ruas da capital paulista.
Inicialmente os paroquianos e amigos arrecadavam alimentos e distribuíam cestas básicas para os mais necessitados. Depois, surgiu a ideia da preparação dos alimentos.
NÃO SÓ ALIMENTOS, MAS ATENÇÃO
O ‘Panelão do Bem’ conta com a participação de cerca de 30 voluntários entre jovens e adultos, atuantes na Paróquia Sagrado Coração de Jesus e também de outras religiões.
As doações chegam financeiramente e por meio de alimentos. Uma vez por mês, o grupo prepara cerca de 200 marmitex que são distribuídas na região da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).
“É bonito ver que as pessoas que se reúnem para rezar sejam despertadas pela graça de Deus para ajudar quem está passando dificuldade e dor. Um jovem que recebeu a marmita me disse que veio a São Paulo para trabalhar, mas, infelizmente, não conseguiu o emprego, e ele se encontrava naquela dura situação. Agradeceu a iniciativa e acrescentou que aquele almoço deixava o dia dele muito melhor”, disse ao O SÃO PAULO o Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida, Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus.
“Eles não querem só o prato de comida, mas alguém que os escute”, ressalta Maria Edileuza, recordando que muitos moradores em situação de rua se sentem sozinhos. “Eles gostam de contar a história deles. Muitos largaram a família porque entraram nas drogas, outros não tinham emprego e não encontraram outra solução”, completou.
MESMO COM A PANDEMIA
A atual pandemia impôs muitas dificuldades ao grupo, mas os integrantes não desistiram de ir ao encontro dos mais necessitados. As reuniões para cozinhar o ‘panelão’ deram lugar às marmitas que cada família faz em sua casa. As entregas têm sido feitas por um número reduzido de voluntários. Além dos alimentos, eles também distribuem roupas, calçados e kits de higiene pessoal.
No decorrer do ano, o grupo também realiza campanhas esporádicas como de agasalhos e cobertores no inverno, chocolates durante a Páscoa e panetones e chinelos no Natal.
Interessados em colaborar com doações, podem entrar em contato pelo telefone da secretária da Paróquia Sagrado Coração de Jesus (11) 3719-4310, pelo Facebook da Paróquia ou pelo Facebook do ‘Panelão do Bem’.