Vigília Pascal: a ressurreição de Cristo renova a vida e a esperança

Destacou o Cardeal Odilo Scherer, na celebração que marca a proclamação da Páscoa, na Catedral da Sé

Cardeal Scherer abençoa o fogo novo na Vigília Pascal (Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Na noite do Sábado Santo, 19, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu a Solene Vigília Pascal na Catedral da Sé. Considerada a “mãe de todas das vigílias”, essa celebração anuncia a Ressurreição de Jesus. Na Igreja primitiva, essa celebração acontecia durante toda a noite, preparando os fiéis para o alvorecer do domingo da ressurreição do Senhor.

A liturgia começou na Praça da Sé, junto ao marco zero da cidade, onde foi abençoado o “fogo novo” do qual é aceso o círio pascal, vela que simboliza o Senhor ressuscitado.

Em procissão, os fiéis adentraram na Catedral completamente às escuras, tendo à frente a luz do Círio Pascal, da qual os fiéis acenderam suas velas. Em seguida, do ambão da Palavra, foi entoado o tradicional hino do Precônio Pascal, a proclamação solene da Páscoa: “Exulte de alegria dos anjos a multidão, exultemos, também, nós por tão grande salvação! Do grande Rei a vitória cantemos o resplendor: das trevas surgiu a glória, da morte o Libertador”.

LITURGIA DA PALAVRA

Na sequência, a Liturgia da Palavra perpassou toda a história da salvação, mostrando como outrora Deus salvou o seu povo e agora envia seu Filho como o Redentor da humanidade. Ocorre quase que como um diálogo: Deus se dirige ao povo por meio das sete leituras e este lhe responde com salmos e orações.

Após as leituras do Antigo Testamento, a assembleia cantou o hino de louvor “Glória a Deus nas alturas”, enquanto as velas do altar eram acesas e os 61 sinos da Sé, maior carrilhão da América Latina, soaram no centro da cidade.

Na sequência, houve a proclamação da leitura da carta de São Paulo aos Romanos (6, 3-11), na qual o Apóstolo indica que todos os batizados em Cristo estão mortos para o pecado, e, assim, devem ter vida nova.

Antes da proclamação do Evangelho da Ressurreição segundo São Lucas (24,1-12), foi entoado solenemente o Aleluia, aclamação omitida durante toda a Quaresma.

Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

BATISMO

Outro momento significativo dessa celebração é a liturgia batismal, com a Ladainha de Todos os Santos, a bênção da água, na qual é mergulhado o Círio Pascal, em sinal do próprio Cristo que santifica a águas por seu Batismo.

Nessa ocasião, 37 adultos receberam os sacramentos do Batismo, da Confirmação (Crisma) e a primeira Eucaristia. Desses, a maioria são ex-dependentes químicos, que antes viviam em situação de rua e foram acolhidos e preparados pela Missão Belém. Também houve a renovação das promessas batismais de todos os fiéis.

RENOVAR A ESPERANÇA

Na homilia, Dom Odilo ressaltou o sentido profundo da celebração da Páscoa como tempo de renovação e esperança. Ele recordou que, após o percurso penitencial da Quaresma, “celebramos a Páscoa como o grande momento de renovação da vida, não apenas com os nossos esforços, mas mediante a maravilha que Deus realiza em nós, mediante a força de Jesus Cristo ressuscitado e do Espírito santificador”.

Inspirado na Carta aos Romanos, o Arcebispo lembrou que “pelo Batismo nós fomos batizados na morte de Cristo, com Ele morremos ao pecado”, e acrescentou: “a conversão é uma ruptura com a vida do pecado, para com Ele vivermos vida nova”. Assim, a celebração pascal é ocasião de renovação das promessas batismais: “Toda a celebração da Páscoa é momento de nos renovarmos em Cristo ressuscitado”.

O Cardeal Scherer também meditou sobre o impacto da ressurreição na vida dos apóstolos, que inicialmente não compreenderam o que havia acontecido. “Eles que estavam prostrados na decepção, na tristeza […] então novamente se alegraram”. Da mesma forma, afirmou: “A ressurreição de Jesus, portanto, renovou a vida e as esperanças dos apóstolos, assim também para nós”.

Ele destacou ainda que, neste ano dedicado à esperança, a Páscoa é a melhor notícia que poderia ser dada à humanidade. “A morte não é o fim de tudo, nós somos destinados à vida, à vida nova, à ressurreição”.

AOS CATECÚMENOS

Dirigindo-se aos catecúmenos que seriam batizados naquela noite, Dom Odilo enfatizou que o Batismo é um grande dom de Deus. “Nesta noite, queridos catecúmenos, alegrem-se muito, acolham com alegria, com muita fé, este dom que lhes é dado, o dom da vida nova.”

O Arcebispo também destacou o simbolismo da água, tão presente nas leituras e no rito batismal. “A água purifica do pecado, purifica o homem velho, a água faz viver, a água é sinal justamente do dom de Deus que faz viver, do Espírito Santo que faz viver”, afirmou.

DOMINGO DE PÁSCOA

No Domingo de Páscoa, 20, às 11h, O Cardeal Scherer preside a missa solene da Páscoa da Ressurreição na Catedral. A celebração será transmitida, ao vivo, pela rádio 9 de Julho, pela Rede Vida de Televisão e pelas mídias digitais da Arquidiocese.

Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

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