A Pastoral das Vocações da Arquidiocese de São Paulo realizou no sábado, 23, mais um encontro da série de atividades de acompanhamento e animação de jovens vocacionados ao sacerdócio.
A atividade aconteceu no Seminário de Filosofia Santo Cura’Ars, na Freguesia do Ó. Este ano, cada encontro tem abordado uma das várias dimensões da formação presbiteral – espiritual, intelectual, humana, pastoral e missionária.
Cada um desses âmbitos está sendo apresentado por um dos bispos auxiliares da Arquidiocese nas respectivas regiões episcopais pelas quais são responsáveis. O encontro do sábado tratou da dimensão missionária do sacerdócio, tema conduzido por Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, com o auxílio do Padre Silvio Costa Oliveira, Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Retiro, no Setor Pastoral Pereira Barreto.
O Bispo compartilhou sua experiência missionária de dez anos como frade capuchinho no norte do México e enfatizou que a missionariedade não se restringe às ações evangelizadoras além-fronteiras, mas, no caso dos padres diocesanos, acontece concretamente no âmbito da pastoral nas paróquias, lugar em que realizam a sua vocação. Dom Carlos destacou aos vocacionados que para responder ao chamado de Deus duas coisas são essenciais: a compreensão de que toda opção ou projeto de vida necessariamente exige renúncias e a felicidade de uma vocação que não é alcançada sem a fidelidade.
Animação
Este ano, a Pastoral das Vocações acompanha 27 rapazes. No fim do ano, será feita avaliação a fim de verificar quais estão aptos para ingressar no Seminário Propedêutico, a primeira etapa da formação, ou se ainda será necessário mais um ano de acompanhamento.
Além do acompanhamento dos vocacionados, a Pastoral das Vocações também realiza o trabalho de animação e despertar vocacional nas paróquias e comunidades da Arquidiocese. Todos os domingos, Padre José Carlos dos Anjos, Coordenador Arquidiocesano da Pastoral das Vocações, visita uma paróquia, onde celebra e exorta os fiéis sobre a importância de rezar pelas vocações e promovê-las. Nesse sentido, a Pastoral tem incentivado a criação das equipes vocacionais paroquiais, com o objetivo de promover na comunidade uma verdadeira “cultura vocacional” que abranja toda a dinâmica da vida eclesial.
O Coordenador também enfatizou o papel fundamental de cada sacerdote no despertar vocacional dos jovens, a começar pelo testemunho de uma vocação bem vivida, falando-lhes diretamente sobre o assunto, ajudando-os a compreender a própria vida na perspectiva do chamado de Deus.
Chamado
Aos 21 anos, Douglas Marques de Oliveira está concluindo a faculdade de Administração de Empresas e começou a frequentar os encontros vocacionais no início deste ano. A primeira vez que ele se sentiu provocado a refletir sobre a vocação sacerdotal foi após um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento na Paróquia Santa Cristina, no Parque Bristol, na zona Sul da capital, em 2020. “Em seguida, fui conversar com meu pároco e ele me perguntou: ‘Você pensa em ser padre?’. Essa pergunta me inquietou muito”, relatou o jovem, afirmando que, se for da vontade de Deus, ele está disposto a dar um “sim” de todo o coração.
O professor de Biologia Jonathan de Oliveira Campos, 28, participa há 14 na Paróquia Santa Paulina, na Cidade Heliópolis, na zona Sul, como músico nas celebrações. Ele relatou que sempre observou o trabalho realizado pelos sacerdotes que atuaram na comunidade, um testemunho que chamava sua atenção. Aos poucos, o desejo de ser padre foi crescendo em seu coração. “Esses encontros vocacionais são fundamentais para compreendermos melhor o significado da vocação ao ouvir os diferentes bispos e conhecer as diferentes dimensões do sacerdócio”, destacou.
Eliel Martins Barbosa, 22, sentiu o chamado para o sacerdócio pela primeira vez há dois anos, na Paróquia Santo Antônio, na Vila Mazzei, na zona Norte. Desde então, começou a ser acompanhado por seu pároco. “Essa não pode ser uma decisão tomada aleatoriamente. É preciso muito discernimento, oração e renúncia”, afirmou o jovem, que interrompeu a faculdade de Direito e deixou seu emprego na Força Aérea Brasileira para seguir o chamado ao sacerdócio.
Os primeiros passos dos seminaristas
No Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, na Vila Nova Cachoeirinha, são 15 os seminaristas que se prepararam para ingressar no Seminário de Filosofia, a segunda etapa da formação sacerdotal na Arquidiocese de São Paulo.
O Reitor do Propedêutico, Padre José Adeildo Machado, explicou à reportagem que essa primeira fase tem como referência a “iniciação à vida cristã” dos futuros padres.
“Somente um bom cristão pode vir a ser um bom padre, ou seja, a vida cristã é a terra prometida para a formação do homem de Deus, sem a qual não há configuração a Cristo. No entanto, no âmbito desse objetivo maior, temos outros elementos que corroboram essa busca, a saber: vida fraterna, trabalho em equipe, vida de oração, convivência, esportes, lazer, estudos, contato com as famílias dos seminaristas, partilha com os padres da pastoral, dinâmica arquidiocesana, entre outras oportunidades”, salientou o formador.
O propedeuta Gabriel dos Santos Lima, 21, considera importante neste primeiro ano de vivência no seminário a experiência da vida comunitária, uma vez que tem a oportunidade de conviver com pessoas de diferentes personalidades e espiritualidades.
Para Gil Pierre de Toledo Herck, 26, um dos principais aprendizados deste ano formativo foi uma compreensão maior de sua “radical dependência de Deus”.
“Todos conhecemos aquele ‘Sem mim nada podeis fazer’, mas uma coisa é enxergar esta ideia na teoria, e outra, bem diferente, é ir percebendo como, em nossa vida prática, somos completamente incapazes de atingir o bem, se apoiados apenas em nossas próprias forças. Se entendemos isso e nos lançamos em Deus, descobrimos novas e insuspeitadas forças: ‘Quando sou fraco, então é que sou forte’”, afirmou o jovem, que, para ingressar no seminário, renunciou à carreira de advogado especialista em Direito Tributário.
David Feliz da Silva, 32, já era consagrado na Associação Católica Aliança de Cristo Rei. Contudo, sentia o forte chamado para a vocação sacerdotal e ingressou no Propedêutico. Ele sublinhou que a vida no seminário é fundamental para ordenar a rotina diária em vista do desenvolvimento humano integral. “Eu já tinha uma vida comunitária. Assim, meu foco foi a vida de oração e de estudos”, afirmou o vocacionado, que considera as atividades do seminário como essenciais para o amadurecimento e a confirmação de sua vocação.