Antes de iniciar retiro quaresmal, Francisco recorda guerras no Sudão e em Moçambique

Vatican Media

As atividades do Papa Francisco estão suspensas durante esta primeira semana da Quaresma, dos dias 18 a 23. Ele e seus colaboradores mais próximos na Cúria Romana foram convidados a alguns dias de retiro espiritual.

Antes de entrar neste momento de oração e silêncio, no Ângelus do domingo, 18, ele recordou as graves crises humanitárias em países como o Sudão e Moçambique.

“Passaram-se dez meses do início do conflito armado no Sudão”, lembrou. “Peço de novo às partes conflitantes que parem essa guerra, que faz tanto mal às pessoas e ao futuro do país. Rezemos para que se encontrem logo vias de paz para construir o futuro do caro Sudão”, declarou.

As Nações Unidas contabilizam cerca de 8 milhões de pessoas desalojadas e 15,8 milhões que precisam de ajuda humanitária por causa da guerra no Sudão. O confronto principal é entre duas facções militares das forças armadas do país, mas inclui também grupos de milícias rebeldes. Estima-se que mais de 15 mil já tenham sido mortos.

O Papa também mencionou a Província de Cabo Delgado, em Moçambique, “na qual, nos últimos dias, foi incendiada a missão católica de Nossa Senhora da África”, em Mazeze. “Rezemos para que a paz volte àquela região martirizada”, disse.

A Província de Cabo Delgado tem sido marcada por conflitos armados desde 2017. Grupos islâmicos radicais e armados lutam contra forças militares no país, onde são comuns ataques terroristas. Também ali, há registros de milhares de mortos e milhões de desalojados.

CUIDADO COM AS ‘FERAS’ DA ALMA

Também no Ângelus, o Papa Francisco refletiu sobre uma passagem do Evangelho segundo São Marcos (1,12-15), a qual menciona que Jesus, ao se retirar no deserto, foi tentado pelo demônio por 40 dias. Francisco disse que, também nós, quando nos encontramos em momentos de “deserto” simbólico, isto é, de grande dificuldade, ou quando sentimos que Deus está distante ou ausente, temos que resistir às “feras” que nos assombram.

“Em que sentido? Na vida espiritual, podemos pensar nelas como as paixões desordenadas que dividem o coração, procurando possuí-lo”, comentou. “Elas nos sugestionam, parecem nos seduzir. Elas nos atraem, parecem cativantes, mas, se não tomarmos cuidado, há o risco de que nos destrocem.” Entre essas “feras” estão vários vícios, a ambição da riqueza, a vaidade do prazer e a avidez da fama, disse ele. Isso “gera insegurança e uma necessidade constante de confirmação e de protagonismo”. É preciso lutar contra a ambição, a vaidade e a avidez, insistiu.

“São como feras selvagens e, como tal, devem ser domadas e combatidas: caso contrário, devorarão a nossa liberdade. E a Quaresma nos ajuda a entrar no deserto interior para corrigir estas coisas”, afirmou o Pontífice. Por outro lado, há também os “anjos” da alma, que são as coisas que fazem bem.

Entre elas, o serviço, disse o Papa Francisco. O serviço é exatamente o contrário da “posse”. Portanto, “enquanto as tentações nos dilaceram, as boas inspirações divinas nos unem e nos fazem entrar em harmonia: tranquilizam o coração, incutem o gosto de Cristo, o sabor do Céu. E para captar a inspiração de Deus, é preciso entrar no silêncio e na oração. E a Quaresma é o tempo para fazer isto”, acrescentou.

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