Bento XVI: ‘O sacerdócio não é um simples ofício’

Papa Bento XVI durante a Missa de Encerramento do Ano Sacerdotal em 2010
Foto: Canção Nova

Em 2009 e em 2010, a Igreja em todo o mundo viveu o Ano Sacerdotal, idealizado por Bento XVI, durante o qual os padres refletiram sobre o amor de predileção que o Senhor tem por eles, escolhendo-os dentre os homens e enviando-os em missão como sacerdotes, profetas e pastores. 

Foi também momento para se destacar que o dom do sacerdócio está ligado à Eucaristia, ao dom que Cristo faz de si à humanidade, de tal forma que não há Eucaristia sem padre, nem padre sem Eucaristia. 

No Ano Sacerdotal também se celebrou o dom da vocação, chamado misterioso e exigente do Senhor àqueles que ele quer que se identifiquem com ele, como sacerdotes, mestres e pastores. 

Na missa conclusiva do ano sacerdotal, em junho de 2010, diante de 15 mil sacerdotes de 97 países, Bento XVI refletiu sobre o valor sacramental do sacerdócio.

Canção Nova

 “O sacerdócio não é um simples ‘ofício’, mas sim um sacramento: Deus se vale de um homem com suas limitações para estar, por meio dele, presente entre os homens e atuar seu favor. Esta audácia de Deus, que se abandona nas mãos dos seres humanos; que, embora conhecendo nossas debilidades, considera aos homens capazes de atuar e apresentar-se em seu lugar, esta audácia de Deus é realmente a maior grandeza que se oculta na palavra ‘sacerdócio’”, disse o Pontífice. 

“Era de se esperar que ao ‘inimigo’ não fosse prazeroso perceber que o sacerdócio brilhara novamente; ele teria preferido vê-lo desaparecer, para que, ao final, Deus fosse retirado do mundo. E assim ocorreu que, precisamente neste ano de alegria pelo sacramento do sacerdócio, vieram à luz os pecados dos sacerdotes, sobretudo o abuso de crianças, no qual o sacerdócio, que leva a cabo a solicitude de Deus pelo bem do homem, converte-se no contrário. Também nós pedimos perdão insistentemente a Deus e às pessoas afetadas, enquanto prometemos que desejamos fazer todo o possível para que semelhante abuso não volte a acontecer jamais; que na admissão ao ministério sacerdotal e na formação que prepara ao mesmo faremos todo o possível para examinar a autenticidade da vocação; e que queremos acompanhar ainda mais aos sacerdotes em seu caminho, para que o Senhor os proteja e os guarde nas situações dolorosas e nos perigos da vida”, prosseguiu.

O Pontífice destacou que Deis sempre quer que os sacerdotes compartilhem suas preocupações pelos homens. “Como sacerdotes, queremos ser pessoas que, em comunhão com seu amor pelos homens, cuidemos deles, lhes façamos experimentar em concreto esta atenção de Deus”. 

“O Senhor nos mostra como realiza-se de modo correto nosso ser homens. Ensina-nos a arte de ser pessoa. Que devo fazer para não arruinar-me, para não desperdiçar minha vida com a falta de sentido? Com efeito, esta é a pergunta que todo o homem deseja fazer a si mesmo e que serve para qualquer período da vida. Quantas trevas há no entorno dessa pergunta em nosso tempo!”, comentou. 

“Senhor, nas trevas da tentação, nas horas das trevas, em que todas as luzes parecem apagar-se, mostra-me que tu estás ali. Ajuda-nos a nós, sacerdotes, para que possamos estar junto às pessoas que, nessas noite escuras, nos foram confiadas, para que possamos mostrar-lhes tua luz”, rezou. 

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