Começa por nós fazer crescer a semente da fraternidade espiritual, diz a Declaração sobre a Fraternidade Humana

“Cabe à nossa liberdade querer a fraternidade e construí-la juntos, na unidade. Junte-se a nós para assinar este apelo para abraçar este sonho e transformá-lo em práticas diárias, para que chegue à mente e ao coração de todos os governantes e daqueles que, em todos os níveis, têm uma pequena ou grande responsabilidade cívica”, é o convite do documento divulgado ao final do I Encontro Mundial da Fraternidade Humana.

Fotos: Vatican Media

Ao final do encontro #NotAlone na Praça São Pedro na tarde deste sábado, 10,  foi assinada a “Declaração da Fraternidade”, com o objetivo de reiterar ao mundo o “não à guerra” da Igreja e o compromisso com o diálogo e a construção da paz.

Os Prêmios Nobel Muhammad Yunus e Nadia Murad, em nome dos 30 Nóbeis signatários, fizeram a leitura do documento sobre a fraternidade, que foi assinado pelo cardeal secretário de Estado Pietro Parolin.

Jovens com as camisetas com as bandeiras de todas as nações do mundo se uniram para o “grande abraço” sob o palco, enquanto o Pequeno Coro do Antoniano cantava “We are the world”.

Eis o texto da declaração:

“Somos diversos, somos diferentes, temos diferentes culturas e religiões, mas somos irmãos e queremos viver em paz” (Papa Francisco). Cada homem é meu irmão, cada mulher é minha irmã, sempre. Queremos viver juntos, como irmãos e irmãs no Jardim que é a Terra. É o Jardim da fraternidade a condição de vida para todos. Somos testemunhas de como, em cada recanto do mundo, a harmonia perdida floresce quando a dignidade é respeitada, as lágrimas são enxugadas, o trabalho é remunerado de forma justa, a educação é garantida, se cuida da saúde, a diversidade é valorizada, a natureza é restaurada, a justiça é honrada e as comunidades abraçam sua solidão e seus medos.

Juntos, escolhemos viver nossas relações com base na fraternidade, alimentadas pelo diálogo e pelo perdão, que “não implica esquecimento” (FT, n. 250), mas o renunciar “a deixar-se dominar pela mesma força destruidora  (FT, n. 251) da qual todos sofremos as consequências.

Unidos ao Papa Francisco, queremos reafirmar que “a verdadeira reconciliação não escapa do conflito, mas alcança-se dentro do conflito, superando-o através do diálogo e de negociações transparentes, sinceras e pacientes” (FT, n. 244). Isso no contexto da arquitetura dos direitos humanos.

Queremos gritar ao mundo em nome da fraternidade: Não mais a guerra! É a paz, a justiça, a igualdade a guiar o destino de toda a humanidade. Não ao medo, não à violência sexual e doméstica! Cessem os conflitos armados. Digamos basta às armas nucleares e às minas terrestres. Basta de migrações forçadas, limpeza étnica, ditaduras, corrupção e escravidão. Paremos com a manipulação da tecnologia e da Inteligência Artifical, vamos antepor e permear de fraternidade o desenvolvimento tecnológico.

Encorajemos os países a promover esforços conjuntos para criar uma sociedade de paz, como por exemplo, instituindo Ministérios para a paz.

Empenhemo-nos em limpar a terra manchada pelo sangue da violência e do ódio, pelas desigualdades sociais e pela corrupção do coração. Ao ódio respondamos com amor.

A compaixão, a partilha, a generosidade, a sobriedade e a responsabilidade são para nós as escolhas que alimentam a fraternidade pessoal, a fraternidade do coração.

Fazer crescer a semente da fraternidade espiritual começa por nós. Basta plantar uma pequena semente a cada dia em nossos mundos de relação: a própria casa, o bairro, a escola, o local de trabalho, a praça e as instituições onde são tomadas as decisões. 

Acreditamos também na fraternidade social que reconhece a igualdade de dignidade para todos, fomenta a amizade e a pertença, promove educação, a igualdade de oportunidades, condições de trabalho digno e a justiça social, a acolhida, a solidariedade e a cooperação, a economia solidária e uma transição ecológica justa, uma agricultura sustentável que assegure o acesso à alimentação para todos, para promover relações harmoniosas baseadas no respeito mútuo e na preocupação com o bem-estar de todos.

Nesta perspectiva, é possível desenvolver ações de proximidade e leis humanas, porque a fraternidade “tem algo de positivo a oferecer à liberdade e à igualdade” (FT, n. 103).

Juntos, queremos construir uma fraternidade ambiental, fazer as pazes com a natureza, reconhecendo que “tudo está em relação”: o destino do mundo, o cuidado da criação, a harmonia da natureza e estilos de vida sustentáveis.

Queremos construir o futuro nas notas do Cântico das Criaturas de São Francisco, o canto da Vida sem fim. O enredo de fraternidade universal tece os fios dos versos do Cântico: tudo está em relação, e na relação com tudo e com todos está a Vida.

Portanto, nós, reunidos por ocasião do primeiro Encontro Mundial sobre a Fraternidade Humana, dirigimos a todas as mulheres e homens de boa vontade o nosso apelo à fraternidade. Que nossos filhos, nosso futuro possam prosperar em um mundo de paz, justiça e igualdade, em benefício da única família humana: só a fraternidade cria humanidade.

Cabe à nossa liberdade querer a fraternidade e construí-la juntos, na unidade. Junte-se a nós para assinar este apelo para abraçar este sonho e transformá-lo em práticas diárias, para que chegue à mente e ao coração de todos os governantes e daqueles que, em todos os níveis, têm uma pequena ou grande responsabilidade cívica.”

Fonte: Vatican News

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