No primeiro dia de sua viagem apostólica a Portugal, na quarta-feira, 2, para participar da Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco encontrou-se, em reservado, na sede da Nunciatura Apostólica, em Lisboa, com 13 vítimas de abusos sexuais cometidos por membros do clero em Portugal.
Conforme comunicado da Santa Sé, o encontro, com mais de uma hora de duração, foi marcado por um clima de intensa escuta.
Aos jornalistas credenciados junto à Santa Sé, Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa, informou:
“Na noite de hoje, após reuniões institucionais e eclesiais, o Papa Francisco recebeu na Nunciatura um grupo de 13 pessoas, vítimas de abusos por parte de membros do clero, que estavam acompanhados por vários representantes das instituições da Igreja portuguesa responsáveis pela proteção dos menores”.
Em nota, a Conferência Episcopal Portuguesa manifestou que o encontro “representou a confirmação do caminho de reconciliação que a Igreja em Portugal tem percorrido, colocando as pessoas vítimas em primeiro lugar, colaborando na sua reparação e recuperação, de forma que lhes seja possível olhar o futuro com esperança e liberdade renovadas”.
O encontro ocorreu logo após o Papa ter celebrado a vésperas no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa.
A DENÚNCIA SOBRE OS ABUSOS
Em fevereiro de 2023, a Comissão Independente para o Estudo do Abuso Sexual de Crianças na Igreja Católica em Portugal produziu um relatório final divulgando testemunhos relativos a casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando para mais de 4,8 mil vítimas.
O Papa Francisco apelou repetidamente a todos na Igreja para combater “o flagelo” dos abusos ocorridos e para ajudar as vítimas.
Em fevereiro de 2019, ele convocou a primeira cúpula global para abordar o assunto no Vaticano e, desde então, emitiu várias modificações na lei canônica para punir os infratores, em todos os níveis; mudar mentalidades; e proteger os jovens e os vulneráveis.
O Vaticano havia confirmado, antes da chegada do Papa a Portugal, que ele se encontraria com vítimas de abuso clerical, mas, para proteger sua privacidade, não divulgou mais detalhes.
Fontes: Conferência Episcopal Portuguesa e Vatican News (em inglês)