
Unindo-se ao Jubileu dos Doentes e do Mundo da Saúde, o Papa Francisco saiu de sua residência no Vaticano, a Casa Santa Marta, e apareceu de surpresa na Praça São Pedro diante de 20 mil fiéis. Na manhã do domingo, 6, ele recebeu o sacramento da Reconciliação na Basílica, segundo informações do Vaticano, se recolheu em oração e passou pela Porta Santa.
À conclusão da Santa Missa, presidida por Dom Rino Fisichella, Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização e responsável pela preparação do atual Jubileu da Esperança, o Papa Francisco concedeu a sua bênção e proferiu algumas palavras à multidão: “Bom domingo a todos, muito obrigado!”
A aparição do Papa Francisco na praça foi uma surpresa até mesmo para os envolvidos na organização da celebração. Na noite anterior, a Sala de Imprensa do Vaticano havia informado aos jornalistas que o texto da oração do Angelus, normalmente realizada todo domingo, seria publicado por escrito, sem a pronúncia nem a bênção do Pontífice. Isso tem sido feito desde que ele foi internado, em 14 de fevereiro. Estava prevista somente uma mensagem de agradecimento do Papa, que seria lida por um dos seus auxiliares.
Mesmo assim, Francisco veio a público no domingo. Ainda que rapidamente, foi a primeira vez que ele participou de um evento público desde que recebeu alta médica do hospital, duas semanas antes – com a recomendação médica de que se mantivesse em convalescência, sem se aproximar de multidões para evitar novas infecções. Na passagem pela praça, ele cumprimentou algumas pessoas e circulou rapidamente entre elas, na cadeira de rodas. Depois, retornou à Casa Santa Marta.
CONDIÇÕES DE SAÚDE
O Papa Francisco apareceu melhor do que no dia em que saiu do hospital. Ele estava bem humorado e, aparentemente, bem disposto. Ainda tem dificuldade na fala, mas conseguiu se comunicar tranquilamente.
De acordo com o Vaticano, “o quadro é de leve melhora do ponto de vista respiratório, motor e no uso da voz”. Todos os exames de sangue indicam melhoras nas infecções que ele vem apresentando, mas o Papa continua tomando os remédios necessários. Ele também reduziu a necessidade de receber o oxigênio por cânulas no nariz, porém continua utilizando esse aparelho.
Francisco não tem recebido visitas, diz a Sala de Imprensa, e acompanhou por transmissão ao vivo as reflexões do Frei Roberto Pasolini, OFMCap., Pregador da Casa Pontifícia, que fez três meditações para a Cúria Romana sobre a Quaresma. O Santo Padre também assistiu à missa por ocasião do aniversário de 20 anos da morte de São João Paulo II, no dia 2, presidida pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado.
O Vaticano afirma que ainda é cedo para determinar se e como o Papa participará das cerimônias públicas da Semana Santa.
TOQUE DE DEUS
Na homilia da missa, lida por Dom Fisichella, Francisco voltou a dizer que “não há dúvida de que a doença é uma das provas mais difíceis e duras da vida, durante a qual tocamos com a mão o quanto somos frágeis”. Além disso, “nesses momentos, Deus não nos deixa sozinhos e, se nos abandonarmos a Ele, precisamente onde as nossas forças falham, podemos experimentar a consolação da sua presença”.
O Pontífice incentivou os presentes, em especial o pessoal médico, a ver a presença dos doentes entre eles “como um dom, para curar o seu coração, purificando-o de tudo o que não é caridade e aquecendo-o com o fogo ardente e doce da compaixão”. Estar doente, disse o Papa, “nem sempre é fácil, mas é uma escola na qual aprendemos todos os dias a amar e a deixarmo-nos amar, sem exigir nem recusar, sem lamentar nem desesperar, agradecidos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos, abertos e confiantes no que ainda está para vir”.
Na mensagem que foi preparada para a oração do Angelus, Francisco acrescentou: “Caríssimos, tal como durante a minha hospitalização, também agora, na minha convalescença, sinto o ‘dedo de Deus’ e experimento o seu carinho solícito”.
“No dia do Jubileu dos Doentes e do Mundo da Saúde, peço ao Senhor que este toque do seu amor chegue aos que sofrem e anime quantos cuidam deles. E rezo pelos médicos, enfermeiros e profissionais de saúde, que nem sempre são ajudados a trabalhar em condições adequadas e, por vezes, são até vítimas de agressões. A sua missão não é fácil e deve ser apoiada e respeitada”, completou.
O Pontífice continua a rezar pela paz em todo o Médio Oriente; no Sudão e no Sudão do Sul; na República Democrática do Congo; em Mianmar, também duramente atingido por um terremoto recentemente; e pelo Haiti.