Inteligência artificial e transição digital são temas da Plenária do Dicastério para a Cultura e a Educação

Participantes da primeira plenária do Dicastério para a Cultura e a Educação, entre os dias 19 e 21 de novembro
(Foto: Dicastério para a Cultura e a Educação)

Concluiu-se nesta quinta-feira, 21, em Roma, a primeira Plenária do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, o evento, iniciado na terça-feira, 19, reuniu especialistas, clérigos e acadêmicos em torno de temas cruciais para o futuro da cultura e da educação. Entre os participantes, estava o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, membro do Dicastério.

Sob a liderança do Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério, a assembleia abordou os impactos da inteligência artificial (IA) na educação e na cultura. Especialistas apresentaram reflexões sobre o uso dessa tecnologia, que, apesar de suas inúmeras aplicações positivas, exige cuidado e discernimento ético.

Além das discussões sobre IA, o evento abordou outros temas como a transição digital, a crise das ciências humanas e o futuro da Teologia. O Cardeal Tolentino, que em agosto visitou o Brasil e participou de eventos acadêmicos na PUC-SP e nas Faculdades de Teologia Nossa Senhora da Assunção e Direito Canônico São Paulo Apóstolo, destacou o papel da Igreja em promover o uso ético e responsável das tecnologias.

Os participantes também trabalharam em grupos, utilizando o método Conversação no Espírito, que favoreceu um diálogo profundo e colaborativo sobre os desafios contemporâneos.

“A inteligência artificial é uma maravilha técnica que pode contribuir para o bem-estar em muitos sentidos, mas também levanta preocupações. Seu uso pode edificar o bem ou, mal direcionado, causar guerras, injustiças e ódio”, afirmou Dom Odilo, em entrevista à rádio 9 de Julho.

O Cardeal Scherer ressaltou a importância de promover o uso responsável da inteligência artificial, educando crianças, jovens e adultos para utilizarem essa ferramenta de forma benéfica e ética, sem comprometer as relações humanas. Ele destacou que “a inteligência humana possui maior dignidade e deve ser fortalecida por meio da educação, do diálogo e do estímulo ao estudo e à leitura”.

“A inteligência artificial, como instrumento criado pela mente humana, pode ser uma aliada poderosa quando empregada com sabedoria”, sublinhou o Arcebispo, pedindo que Deus inspire a humanidade a usar essa tecnologia para o bem comum, promovendo progresso e relações mais justas.

(Foto: Vatican Media)

INCENTIVO DO PAPA

Na manhã da quinta-feira, os participantes da plenária foram recebidos em audiência pelo Papa Francisco no Palácio Apostólico, no Vaticano. Durante seu discurso, o Pontífice enfatizou a importância de unir cultura e educação para enfrentar os desafios contemporâneos, ressaltando que a missão dessas áreas é formar pessoas capazes de transformar o mundo, erradicando desigualdades e promovendo a justiça. 

O Papa chamou a atenção para a necessidade de instituições educacionais e culturais que despertem sonhos, desejos e esperança, afastando o niilismo que ameaça a humanidade. Ele destacou o papel histórico da Igreja como guardiã de um vasto patrimônio cultural e educativo, evocando exemplos de santos, cientistas, artistas e pensadores que moldaram a civilização. Francisco instou os participantes a superar o pessimismo e a enfrentar os avanços tecnológicos, como a inteligência artificial, com responsabilidade ética e coragem, confiando na força da esperança. 

Por fim, o Pontífice sublinhou o imperativo moral de erradicar as disparidades educacionais que privam milhões de crianças e jovens de um futuro digno. Ele convidou os centros de pesquisa a investigarem os impactos das inovações tecnológicas e pediu aos educadores que não desistam de seu papel transformador, recordando que “as transições culturais mais complexas podem ser as mais fecundas”. O Papa concluiu incentivando um compromisso renovado em prol de uma educação que, ancorada na esperança, construa um futuro mais humano e justo. 

O DICASTÉRIO

Após a promulgação da constituição apostólica Praedicate Evangelium, que implementou a reforma na Cúria Romana, em março de 2022, a então Congregação para a Educação Católica passou a se chamar Dicastério para a Cultura e a Educação. Segundo o documento, esse organismo “trabalha para o desenvolvimento dos valores humanos nas pessoas no horizonte da antropologia cristã, contribuindo para a plena realização do seguimento de Jesus Cristo”.

O Dicastério para a Cultura e a Educação é constituído pela Seção de Cultura, dedicada à promoção da cultura, animação pastoral e valorização do patrimônio cultural, e a Seção de Educação, que desenvolve os princípios fundamentais da educação com referência às escolas, aos e institutos eclesiásticos de ensino superior e de investigação e é competente para os recursos hierárquicos nestas matérias.

(Foto: Dicastério para a Cultura e a Educação)

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