O Ressuscitado abre ‘nossos sepulcros’, para que não se acabe a nossa esperança

Afirmou o Papa Francisco na solene Vigília Pascal na Basílica de São Pedro

Fotos: Vatican Media

Com a presença de 6 mil fiéis na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco presidiu no Sábado Santo, 30, a Solene Vigília Pascal, durante a qual apontou que a força da Ressurreição de Cristo é capaz de “remover as pedras que nos oprimem a alma”.

A celebração teve início com a bênção do fogo novo e a preparação do círio pascal; e teve sequência, ainda com a basílica às escuras, com a procissão com velas pela nave central. Passou-se, então, à proclamação da Páscoa e a Liturgia da Palavra.

MORTE DE JESUS E A DESESPERANÇA

Francisco iniciou a homilia comentando sobre o sentimento das mulheres que no alvorecer do domingo se colocaram a caminho do túmulo de Jesus, ainda pesarosas pelo sofrimento a que o Mestre foi submetido e com a sensação de que tudo acabou, de que colocou-se uma pedra final na história de Jesus.

 “Aquela pedra representava o fim da história de Jesus, sepultado na noite da morte. Ele, a vida que veio ao mundo, foi morto; Ele, que manifestou o amor misericordioso  do  Pai,  não  recebeu  compaixão;  Ele,  que  aliviou  os  pecadores  do  peso  da condenação, foi condenado à cruz… [a pedra ] era o símbolo do que as mulheres levavam no coração, ou seja, o fim da sua esperança: tudo se despedaçara contra ele, com o mistério sombrio de um sofrimento dramático que impedia a realização dos seus sonhos”.

Francisco lembrou que de igual modo cada um pode sentir que em determinado momento da vida haja uma pedra a extinguir-lhe a confiança e fechá-lo no sepulcro dos medos e da amargura, “situações que nos roubam o entusiasmo e a força para avançar”.

O Pontífice, então, listou algumas dessas desilusões que levam à sensação de que todos os sonhos estão desfeitos: “nos sofrimentos que nos afetam e na morte de pessoas queridas, que deixam em nós vazios incuráveis; nos fracassos e medos que nos impedem de fazer as coisas boas que temos no coração; em todos os isolamentos que abrandam os nossos impulsos de generosidade, não permitindo abrir-nos ao amor; nos muros de borracha do  egoísmo e da indiferença, que impedem  o  compromisso  de  construir  cidades  e sociedades mais justas e à medida do homem; em todos os anseios de paz sufocados pela crueldade do ódio e pela ferocidade da guerra”.

AQUELE QUE É CAPAZ DE ROLAR A PEDRA

Assim como as mulheres que se perguntavam quem teria sido capaz de rolar a pesada pedra do sepulcro, também diante das situações angustiantes da vida, cada pessoa se pergunta quem poderá tirar-lhe as pedras do sofrimento. 

Francisco comentou, então, que aquelas mulheres “dão-nos testemunho de algo extraordinário: erguendo  os  olhos,  viram  que  a  pedra  já  tinha  sido  rolada, embora fosse muito grande. Aqui está a Páscoa de Cristo, aqui está a força de Deus: a vitória da vida sobre a morte, o triunfo da luz sobre as trevas, o renascimento da esperança por entre os escombros do fracasso. Foi o Senhor, Deus do impossível, que, para sempre, rolou a pedra para o lado e começou a abrir os nossos sepulcros, a fim de que não acabe a esperança”.

DEIXEMOS CRISTO NOS TOMAR PELA MÃO

O Papa também exortou os fiéis a sempre erguer os olhos para Cristo, aquele que “desceu aos abismos da morte e atravessou-os com a força da sua vida divina, descerrando uma fresta infinita de luz para cada um de nós”.

“Ressuscitado pelo Pai na sua carne, na nossa carne, com a força do Espírito Santo abriu uma nova página para o gênero humano”, destacou Francisco. “A partir de então, se deixarmos Jesus tomar-nos pela mão, nenhuma experiência de fracasso e sofrimento, por mais que nos doa, poderá ter a última palavra sobre o sentido e o destino da nossa vida. A partir de então, se nos deixarmos agarrar pelo Ressuscitado, nenhuma derrota, nenhum sofrimento, nenhuma morte poderá deter o nosso caminho rumo à plenitude da vida”, prosseguiu.

‘JESUS É A NOSSA PÁSCOA’

“Jesus é a nossa Páscoa, Aquele que nos faz passar das trevas para a luz, que Se uniu a nós para sempre e nos salva dos abismos do pecado e da morte, arrastando-nos no ímpeto luminoso do perdão e da vida eterna”, ressaltou.

O Pontífice recomendou aos fiéis que levantem o olhar para Cristo, o acolham como o Deus da vida e que renovem seu sim a Deus, tendo a certeza de que “nenhuma pedra  poderá  sufocar-nos o coração, nenhum sepulcro poderá encerrar a alegria de viver, nenhum fracasso será capaz de nos lançar no desespero. Levantemos o olhar para Ele e peçamos-Lhe que a força da sua ressurreição role para o lado as pedras que nos oprimem a alma”.

Na conclusão da homilia, o Papa compartilhou o desejo de que o coração de cada pessoa possam “explodir de júbilo nesta noite santa!”, para cantar, alegremente que Cristo Ressuscitou.

Como parte desta celebração, também houve a Liturgia Batismal, com a renovação das promessas batismais por parte dos fiéis. O Pontífice também batizou oito catecúmenos, sendo quatro da Itália, um da Albânia, um do Japão e dois da República da Coreia. Eles também receberam os sacramentos da 1a Comunhão e da Crisma.

(Com informações de Vatican News em Espanhol e em Italiano)

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