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Papa aos jovens: não sigam quem usa a fé para dividir, escutem a voz de Deus

Na mensagem para a XL Jornada Mundial da Juventude, que será celebrada em 23 de novembro, Domingo de Cristo Rei, o Papa Leão XIV convida os jovens a serem “testemunhas corajosas de Cristo”, a partir da amizade com Jesus e do compromisso ativo na construção da paz. O tema escolhido, retirado do Evangelho de João: «Vós também haveis de dar testemunho, porque estais comigo» (Jo 15, 27), marca o início de um novo percurso rumo à edição internacional da JMJ de 2027, em Seul.

Vatican Media

“Desejo em primeiro lugar dizer-vos obrigado! Obrigado pela alegria que transmitistes quando viestes a Roma para o vosso Jubileu e obrigado também a todos os jovens que, em oração, se uniram a nós a partir de todas as partes do mundo”, escreve o Papa no início da Mensagem para a XL Jornada Mundial da Juventude, que será celebrada em 23 de novembro, no Domingo de Cristo Rei, e publicada nesta terça-feira, 7 de outubro, memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário. O Pontífice pede que o recente encontro jubilar “não seja um momento isolado, mas assinale, em cada um de vós, um passo em frente na vida cristã e um forte encorajamento a perseverar no testemunho da fé”.

Amizade com Jesus, origem do testemunho

Leão XIV recorda em seu primeiro texto direcionado aos jovens que o testemunho cristão “nasce da amizade com o Senhor, crucificado e ressuscitado para a salvação de todos”, e que “não se confunde com uma propaganda ideológica, mas é um verdadeiro princípio de transformação interior e de sensibilização social”. Segundo o Papa, “quando Jesus nos diz ‘Dai testemunho’, está a assegurar-nos que nos considera seus amigos”. Essa amizade, explica, é “única, fiel e eterna”, capaz de renovar a vida e de revelar a dignidade de cada pessoa.

O Santo Padre destaca o exemplo do apóstolo João, “o discípulo que Jesus amava”, cujo testemunho nasce da relação pessoal com Cristo: “Eis o que verdadeiramente importa: ser discípulo do Senhor e sentir-se amado por Ele”, e exorta os jovens: 

“Sois convidados por Cristo a segui-Lo e a sentardes-vos ao Seu lado, para escutar o seu coração e partilhar de perto a sua vida! Cada um de vós é para Ele um ‘discípulo amado’, e deste amor nasce a alegria do testemunho.”

Testemunhas humildes e livres

O Papa evoca também a figura de João Batista, “que veio para dar testemunho da Luz”, e que, apesar da fama, “sabia bem que era apenas uma voz que indicava o Salvador”. A verdadeira testemunha, diz Leão XIV, “é humilde e interiormente livre, em primeiro lugar em relação a si mesmo, ou seja, da pretensão de estar no centro das atenções”. Com essa liberdade, é possível “escutar, interpretar e também dizer a verdade diante de todos, mesmo dos poderosos”. Segundo o Pontífice, “o testemunho cristão não é o anúncio de nós mesmos”, mas consiste em “reconhecer e mostrar Jesus – o único que nos salva – quando aparece”. E recorda: 

“Se não sairmos de nós mesmos e das nossas zonas de conforto, se não formos ao encontro dos pobres e daqueles que se sentem excluídos do Reino de Deus, não encontramos nem damos testemunho de Cristo.”

Missionários da esperança

Leão XIV convida os jovens a tornarem-se “missionários de Cristo no mundo”, solidários com os que sofrem violências, guerras e privações. “Vós mesmos podeis colocar-vos ao lado de outros jovens, caminhar com eles e mostrar que Deus, em Jesus, se aproximou de cada pessoa”, escreve. Recordando as palavras de seu predecessor, Francisco, cita: “Cristo mostra que Deus é proximidade, compaixão e ternura”.

O Papa também não ignora as dificuldades de quem dá testemunho: “A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam”, e lembra o aviso de Jesus: “Se me perseguiram a mim, também vos hão de perseguir a vós”. Contudo, sublinha que o cristão responde ao ódio com o amor: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Por isso, exorta: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem. Como os santos, também vós sois chamados a perseverar com esperança, sobretudo diante das dificuldades e dos obstáculos”.

Fraternidade e paz

Da amizade com Cristo nasce a fraternidade, “um modo de viver que traz consigo o caráter da fraternidade”. O Papa observa que “um jovem que encontrou Cristo leva para todo o lado o ‘calor’ e o ‘sabor’ da fraternidade”, tornando-se sinal de proximidade e ternura. O testemunho fraterno, afirma, “tira-nos da indiferença e da preguiça espiritual, fazendo-nos ultrapassar o fechamento e a suspeita. […] Com efeito, as nossas perguntas mais profundas não encontram acolhimento nem respostas na rolagem infinita das telas que nos prendem a atenção, deixando a mente cansada e o coração vazio. A realização dos nossos desejos autênticos passa sempre por sair de nós mesmos”. Já num apelo direto, Leão XIV adverte: 

“Não sigais aqueles que usam as palavras da fé para dividir! Em vez disso, organizai-vos para eliminar as desigualdades e reconciliar comunidades polarizadas e oprimidas. […] Escutemos a voz de Deus em nós e vençamos o nosso egoísmo, tornando-nos operosos artesãos da paz.”

Com Maria, mãe e guia dos jovens

O Papa conclui a mensagem convidando os jovens a “fixar o olhar em Jesus” e a acolher Maria como mãe. “Quando estava prestes a morrer na cruz, Ele entregou a Virgem Maria como mãe a João, e este como filho a Maria. Este dom extremo de amor é para cada discípulo, para todos nós.” Leão XIV exorta a cultivar “este santo vínculo com Maria, Mãe cheia de afeto e compreensão, cultivando-o em particular com a oração do Rosário”.

“Assim, em todas as situações da vida, experimentaremos que nunca estamos sozinhos, mas somos sempre filhos amados, perdoados e encorajados por Deus. Dai testemunho de tudo isto com alegria!”, conclui o Santo Padre.

Fonte: Vatican News

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