Papa chama sacerdotes a se aproximarem de Deus, do bispo e do povo

Francisco discursou no Simpósio Teológico Internacional sobre o Sacerdócio, realizado no Vaticano

Papa Francisco abençoa participantes de simpósio sobre o sacerdócio (Foto: Vatican Media)

O Papa Francisco utilizou mais de cinquenta anos de experiência do seu próprio sacerdócio para ajudar os sacerdotes de hoje a “experimentar a paz e a fecundidade que o Espírito deseja conceder”. Suas reflexões foram feitas em um discurso no Simpósio Teológico Internacional, promovido pela Congregação dos Bispos, inaugurado na quinta-feira, 17.

O Santo Padre dirigiu as suas palavras não só àqueles sacerdotes “que, com a sua vida e testemunho, me mostraram desde os meus primeiros anos o que significa refletir o rosto do Bom Pastor”, mas também “aos irmãos sacerdotes” que eles tiveram que acompanhar “porque haviam perdido a chama de seu primeiro amor”, sacerdotes cujo “ministério se tornou estéril, repetitivo e sem sentido”.

Em um tempo de “mudança de época”, disse ele, os sacerdotes devem aprender a responder ao desafio não recuando para o passado, buscando “uma espécie de proteção contra riscos”; nem por um “otimismo exagerado” que ignora as dificuldades da mudança”. Em vez disso, disse ele, “prefiro a resposta nascida de uma aceitação confiante da realidade, ancorada na sábia e viva Tradição da Igreja, que nos permite ‘ir ao fundo’ sem medo”.

Todas as vocações, incluindo a vocação ao sacerdócio, exigem discernimento confiante para determinar para onde Deus está nos levando, disse o Papa. Diante das muitas questões e tentações de nossa época, o Papa Francisco disse que queria se concentrar no que é “decisivo” para a vida de um padre hoje, “as atitudes que nos sustentam como padres”. Ele se concentrou em “quatro pilares de nossa vida sacerdotal”, que ele descreveu como “quatro formas de proximidade”: proximidade com Deus, com o bispo, com os colegas sacerdotes e com o Povo de Deus.

Proximidade

O Papa Francisco insistiu que os padres são chamados “acima de tudo” à proximidade com Deus, o que os ajuda a “atrair toda a força necessária para seu ministério”. Ao aproximarem-se de Jesus, os sacerdotes experimentam com ele alegrias e tristezas, precisamente porque confiam na sua força, e não na sua. Esta proximidade deve ser nutrida pela oração e pela contemplação silenciosa de Deus. Ao mesmo tempo, leva os sacerdotes a se aproximarem de seu povo; que, por sua vez, aproxima o sacerdote de Deus.

Aproximar-se do bispo, disse o Papa Francisco, significa aprender a ouvir, reconhecer a vontade de Deus na obediência ao outro e no relacionamento com os outros. O bispo, disse ele, é um vínculo que estabelece e preserva a Igreja na unidade. O Papa convidou os padres a rezar por seus bispos, assegurando-lhes que “se pudermos preservar esse vínculo, avançaremos com segurança em nosso caminho”.

O Papa Francisco continua dizendo: “É precisamente na base da comunhão com que surge um terceiro vínculo de proximidade, a proximidade da fraternidade”. Esta “fraternidade” sacerdotal envolve “escolher deliberadamente buscar a santidade junto com os outros, e não por si mesmo”. Da mesma forma, significa ser aberto e honesto com os outros, mas também humilde. Ao mesmo tempo, o Papa reconheceu as dificuldades de viver a fraternidade com os outros e pediu “anúncios” de uma fraternidade fundada no amor recíproco.

Neste contexto, o Papa abordou também o valor do celibato sacerdotal, “um dom que a Igreja latina preserva”, mas que deve ser enraizado em relações saudáveis.

Com o povo

O Papa refletiu então sobre a relação dos sacerdotes com o santo povo de Deus, que ele descreveu não como um dever, mas uma graça. “Por esta razão”, disse ele, “o lugar próprio de cada sacerdote é no meio do povo, em estreita relação com os outros”.

No entanto, ele insistiu, isso significa estar envolvido em suas “vidas reais”, em vez de se proteger das dificuldades e miséria das pessoas. O Papa Francisco pediu aos sacerdotes que imitem o “estilo” de Jesus, o Bom Pastor: o estilo de “proximidade, compaixão e ternura”.

Ele os encorajou também a promover um sentimento de pertencimento, em uma época em que tantas pessoas se sentem sozinhas apesar de estarem conectadas a todos. O Papa volta novamente à relação entre proximidade com o povo e proximidade com Deus, “já que a oração de um pastor se nutre e se encarna no coração do Povo de Deus”.

Não é um fardo, mas um presente

O Papa Francisco concluiu seu discurso convidando bispos e padres a se perguntarem: “Como estou praticando essas formas de proximidade?” Ele insistiu que “um coração sacerdotal conhece a proximidade, porque sua forma primária de proximidade é com o Senhor”.

Concluiu com a reflexão de que “as formas de proximidade que o Senhor exige não são um fardo a mais: são um dom que Ele nos dá para manter viva e fecunda a nossa vocação […] zelo.” A proximidade sacerdotal, disse ele, é “uma proximidade no ‘estilo’ do próprio Deus, que está sempre perto de nós, com compaixão e amor terno”.

Fonte: Vatican News

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