Na Sala Paulo VI, Francisco encontrou os participantes do Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica. Ele se deteve na necessidade de que, também em vista do Jubileu de 2025, os confessionários sejam sempre geridos por sacerdotes dispostos a acolher o penitente com um coração magnânimo.
O Papa Francisco recebeu em audiência, na quinta-feira, 23, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 500 participantes do 33° Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica.
Em seu discurso, o Pontífice recordou que “há mais de três décadas, a Penitenciaria Apostólica oferece este importante e valioso momento de formação, para contribuir na preparação de bons confessores, plenamente conscientes da importância do ministério a serviço dos penitentes”.
O Papa os encorajou “a prosseguir neste compromisso formativo, que tanto bem faz à Igreja, pois ajuda a circular em suas veias a seiva da misericórdia”.
VIVER A MISERICÓRDIA, OFERECENDO-A A TODOS
“Existe, portanto, um vínculo inseparável entre a vocação missionária da Igreja e a oferta de misericórdia a todos os homens. Vivendo da misericórdia e oferecendo-a a todos, a Igreja se realiza e cumpre sua ação apostólica e missionária. Quase poderíamos dizer que a misericórdia está incluída nas ‘notas’ características da Igreja, em particular faz resplandecer a santidade e a apostolicidade”, ressaltou o Pontífice.
“Desde sempre, a Igreja, com estilos diferentes nas várias épocas, expressou esta “identidade de misericórdia”, dirigida tanto ao corpo quanto à alma, desejando, com seu Senhor, a salvação integral da pessoa. A obra da misericórdia divina coincide assim com a própria ação missionária da Igreja, com a evangelização, porque nela resplandece o rosto de Deus como Jesus nos mostrou”, sublinhou Francisco.
Segundo o Papa, “não é possível, sobretudo neste tempo da Quaresma, deixar de dar atenção ao exercício da caridade pastoral, que se expressa de modo concreto e eminente na plena disponibilidade dos sacerdotes ao exercício do ministério da reconciliação”.
O SACERDOTE NO CONFESSIONÁRIO DEVE AMAR O SILÊNCIO
A seguir, Francisco convidou “a pensar em Jesus, que escolhe ficar em silêncio diante da mulher adúltera, para salvá-la da condenação à morte”.
“Assim também o sacerdote no confessionário deve amar o silêncio, ser magnânimo de coração, sabendo que cada penitente o recorda a sua própria condição pessoal: ser pecador e ministro da misericórdia. Esta consciência fará com que os confessionários não fiquem abandonados e que não falte a disponibilidade dos sacerdotes. A missão evangelizadora da Igreja passa em grande parte pela redescoberta do dom da Confissão, também em vista do iminente Jubileu de 2025”.
Segundo o Papa, “nos planos pastorais das Igrejas particulares, nunca deve faltar espaço para o serviço da Reconciliação sacramental”.
“Se a misericórdia é a missão da Igreja, devemos facilitar ao máximo o acesso dos fiéis a este ‘encontro de amor’, cuidando dele desde a primeira Confissão das crianças e estendendo esta atenção aos lugares de cuidado e sofrimento”, sublinhou.
ENCONTRO PESSOAL COM A DIVINA MISERICÓRDIA
“Quando já não se pode fazer muito para curar o corpo, muito se pode e deve sempre ser feito para a saúde da alma! Neste sentido, a Confissão individual é o caminho privilegiado a percorrer, porque favorece o encontro pessoal com a Divina Misericórdia, que todo coração arrependido espera. Na Confissão individual, Deus quer acariciar pessoalmente, com a sua misericórdia, cada pecador: o Pastor, só Ele, conhece e ama as ovelhas uma por uma, especialmente as mais frágeis e feridas. As celebrações comunitárias devem ser valorizadas em algumas ocasiões, sem renunciar às Confissões individuais como forma ordinária de celebrar o sacramento”.
“No mundo, infelizmente vemos isso todos os dias, não faltam focos de ódio e vingança. Nós, confessores, devemos então multiplicar os ‘focos da misericórdia’”, sublinhou o Papa.
NUNCA DIALOGAR COM O MAL
A seguir, Francisco disse que “Jesus nos ensinou que nunca devemos dialogar com o diabo: nunca! À tentação no deserto Ele respondeu com a Palavra de Deus, mas não entrou em diálogo”.
“Cuidado no confessionário: nunca dialogar com o mal, nunca! Dar o perdão e abrir alguma porta para que a pessoa possa ir adiante; mas não ser um psiquiatra, por favor, um psicanalista: não, nunca entrar nessas coisas. Se alguém de vocês tem esta vocação, deve exercê-la em outro lugar, não no tribunal da penitência. Este é um diálogo que não cabe a um momento de misericórdia”, prosseguiu.
O Papa concluiu, dizendo que acompanha a Penitenciaria Apostólica na oração, e agradeceu ao organismo “pelo trabalho que realiza incansavelmente em favor do Sacramento do Perdão”.
Fonte: Vatican News