Papa envia o Cardeal Zuppi em missão de paz à Ucrânia e à Rússia

Francesco Pierantoni/Vatican Media

Após boatos que indicavam uma nova tentativa do Papa Francisco de mediar esforços de paz na guerra da Ucrânia, invadida pela Rússia há mais de um ano, o Vaticano confirmou no sábado, 20, que o Santo Padre escolheu o presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), o Cardeal Matteo Maria Zuppi, como seu representante em negociações que buscam levar ajuda humanitária e promover um cessar-fogo.

A missão, cujas modalidades ainda estão sendo estudadas, vai ser organizada em parceria com a Secretaria de Estado da Santa Sé. Sem dar mais detalhes sobre o teor dessa missão, o Vaticano informou que o objetivo é “contribuir para amenizar as tensões no conflito na Ucrânia, na esperança, jamais abandonada pelo Santo Padre, de que isso possa dar início a percursos de paz”.

MISSÃO ESPECIAL

Espera-se que o Cardeal Zuppi vá a Kiev e a Moscou, para se encontrar com autoridades locais e líderes das igrejas cristãs dos dois países, na esperança de unir forças para conter a guerra.

Ele não é o primeiro cardeal enviado pelo Papa em missão especial desde que a guerra começou. Nos últimos meses, também o Cardeal Konrad Krajewski, Prefeito do Dicastério para o Serviço da Caridade, e o Cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, fizeram parte de forças-tarefa específicas para o reconhecimento de áreas em conflito e para o envio de ajuda humanitária à Ucrânia.

Desta vez, dizem analistas, o Papa preferiu escolher alguém um pouco mais distante do Vaticano, o que talvez lhe dê mais trânsito junto a alguns grupos locais na Rússia e na Ucrânia. Além de presidente da CEI, o Cardeal Zuppi é Arcebispo de Bolonha, na Itália. Membro da Comunidade de Sant’Egidio, um movimento laical de Roma reconhecido internacionalmente por sua atuação junto aos pobres e imigrantes, mas com nomes importantes também na diplomacia e na política, Dom Zuppi participou de mediações de paz em Moçambique nos anos 1990 e é uma pessoa com boa articulação tanto nas bases quanto no alto escalão de instituições da sociedade civil.

No retorno da viagem à Hungria, em 30 de abril, o Papa Francisco já havia sinalizado que existia uma missão “em curso” para ampliar seus esforços de reconciliação e paz na Ucrânia, mas à época declarou que a questão ainda não podia ser tornada pública. É sabido que Francisco vem usando todos os meios à sua disposição para tentar interromper o conflito na Ucrânia, tanto pelo diálogo multilateral quanto pela oração. Em 13 de maio, o Pontífice recebeu o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e tem mantido um canal direto com os diplomatas da Rússia.

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