Papa faz novo convite ao Pacto Educativo Global

Por meio de uma mensagem em vídeo, publicada nesta quinta-feira, 15, o Papa Francisco relançou a campanha “Pacto Educativo Global”, programada para acontecer em maio, mas, devido à pandemia de COVID-19, teve que ser adiado.

Na mensagem divulgada durante um evento organizado na Pontifícia Universidade Lateranense, e Roma, Francisco atualizou o convite feito a toda a sociedade civil em 12 de setembro de 2019 para “dar vida a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias”.

Catástrofe educativa

O próprio Papa revela que quando idealizou esse novo projeto, nunca imaginou a situação que viria a se criar com o coronavírus, que acentuou a disparidade de oportunidades educacionais e tecnológicas, a ponto de constituir-se uma “catástrofe educativa”.

Talvez a expressão seja forte, afirma o Pontífice, mas se fala de catástrofe porque cerca de dez milhões de crianças poderiam ser obrigadas a abandonar a escola por causa da crise econômica gerada pelo coronavírus. A crise, portanto, é muito mais profunda, pois é geral, uma vez que está em crise “a nossa forma de compreender a realidade e de nos relacionarmos entre nós”.

O Santo Padre ressalta que neste momento, entra em jogo o poder transformador da educação: “educar é sempre um ato de esperança que convida à comparticipação transformando a lógica estéril e paralisadora da indiferença numa lógica diferente, capaz de acolher a nossa pertença comum”.

Educar é um ato de amor

Para Francisco, é necessário renovar o percurso formativo para construir novos paradigmas, capazes de responder aos desafios e emergências do mundo atual, pois a educação – diz ainda o Papa – “é um dos caminhos mais eficazes para humanizar o mundo e a história”.

“A educação é, sobretudo, uma questão de amor e responsabilidade que se transmite, ao longo do tempo, de geração em geração. Por conseguinte, a educação apresenta-se como o antídoto natural à cultura individualista.”

O Papa prossegue enfatizando que, o futuro da humanidade não pode ser a divisão, o empobrecimento das faculdades de pensamento e imaginação, de escuta, diálogo e compreensão mútua. Tampouco, o futuro pode favorecer “graves injustiças sociais, violações dos direitos, pobrezas profundas e descartes humanos”. Ele acrescentou, ainda, que esse futuro também não pode ser feito de jovens que sofram de depressão, toxicodependências, de meninas-noivas e de crianças-soldado ou de menores vendidos e escravizados.

‘Para e com’ as gerações de jovens

Portanto, quando fala de um novo Pacto Educativo Global, o Papa tem em mente um projeto  “para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras”.

Isso requer audácia, afirmou o Pontífice, citando um trecho de sua nova encíclica, Fratelli tutti: “Sejamos parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas. Hoje temos à nossa frente a grande ocasião de expressar o nosso ser irmãos, de ser outros bons samaritanos que tomam sobre si a dor dos fracassos, em vez de fomentar ódios e ressentimentos”.

Investir com coragem

Na sequência, Francisco indica sete pontos dos compromissos a assumir para quem adere ao novo Pacto, como: colocar a pessoa em primeiro lugar, ouvir a voz das crianças, dos jovens e da família, investir na educação das meninas, educar ao acolhimento, encontrar novas formas de compreender a economia e a política, assim como guardar e cultivar a casa comum.

“Enfim, queridos irmãos e irmãs, queremos empenhar-nos corajosamente a dar vida, nos nossos países de origem, a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias e também iniciando processos criativos e transformadores em colaboração com a sociedade civil”, completa o Pontífice.

Neste processo, o Papa aponta a doutrina social da Igreja como ponto de referência, recordando que as grandes transformações não se constroem à mesa, mas com a contribuição de todos.

Após as palavras do Papa, o evento na Lateranense prosseguiu com a participação da diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, e com os promotores do evento, isto é, com os responsáveis pela Congregação para a Educação Católica, o cardeal  Giuseppe Versaldi e o arcebispo Angelo Vincenzo Zani. Também intervieram acadêmicos e estudantes.

(Fonte: Vatican News)

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