Papa Francisco: a família é ‘fonte prioritária da vida social’

Criar sinergia entre a vida em família e a participação das famílias na vida pastoral é um grande desafio para a Igreja nos tempos atuais, um tema que requer atenção especial por parte das universidades católicas. Assim refletiu o Papa Francisco no lançamento do “Family Global Compact”, em 30 de maio, uma iniciativa do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. O programa prevê ações para colocar em diálogo a pastoral familiar e centros de estudo e pesquisa sobre a família de todo o mundo.

“A família é fonte prioritária da vida social”, declarou o Pontífice em sua mensagem. Partindo da realidade das próprias famílias, em tempos de “incerteza e de carência de esperança”, escreve, é preciso ajudá-las a “apreciar o Matrimônio, a vida familiar com seus recursos e seus desafios, a beleza de gerar e cuidar da vida humana”.

Estudos sociais em diferentes partes do mundo têm mostrado que, embora haja uma “crise das relações familiares, alimentada, seja por dificuldades contingentes, seja por obstáculos estruturais”, a maioria das pessoas, inclusive jovens, valoriza a família e quer fazer parte de uma família.

OS QUATRO PASSOS DO PROGRAMA SÃO:

1. Ativar um processo de diálogo e maior colaboração entre os centros universitários de estudo e pesquisa que se ocupam de temáticas familiares, para tornar mais fecunda a sua atividade, especialmente criando ou relançando as redes dos institutos universitários que se inspiram na Doutrina Social da Igreja;

2. Criar maior sinergia, nos conteúdos e objetivos, entre comunidades cristãs e universidades católicas;

3. Favorecer a cultura da família e da vida na sociedade, para que surjam propostas e objetivos úteis às políticas públicas;

4. Harmonizar e apoiar, uma vez identificadas, as propostas surgidas, a fim de que o serviço à família seja enriquecido e sustentado nas vertentes espiritual, pastoral, cultural, jurídica, política, econômica e social.

MAIS SOBRE O PROJETO

Na coletiva de imprensa que apresentou o programa, o Cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério, disse que o “Family Global Compact” oferece uma “contribuição à formação de um pensamento global e integral sobre o Matrimônio e a família, que se desenvolva a partir da realidade atual, tendo em consideração que na doutrina da Igreja a família é muito mais do que uma ideia”. Ele declarou que o projeto nasce entre as inúmeras propostas que seguiram a exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, do Papa Francisco, publicada em 2016.

De acordo com a Irmã Helen Alford, presidente da Pontifícia Academia para as Ciências Sociais, tanto o Papa Francisco, na Amoris laetitia, quanto seus predecessores, em especial São João Paulo II, na Familiaris consortio (1981), diziam que era preciso partir sempre das “realidades concretas” das famílias antes de fazer propostas pastorais. Em um congresso recente da Academia, disse ela, ficou evidente que as ciências sociais mostram que “a família continua sendo uma estrutura social muito resiliente, capaz de absorver choques e de oferecer suporte e cura para pessoas em muitas circunstâncias diferentes”.

Segundo o Cardeal Farrell, “não podemos nos resignar com o declínio da realidade familiar em nome da incerteza, do individualismo e do consumismo. Não podemos ser indiferentes ao advento da família nem renunciar a propor com clareza a mensagem cristã sobre a família”, disse. “Devemos, no entanto, saber fazer de maneira mais eficaz, com modalidades de comunicação adaptadas aos nossos tempos e às novas gerações”, completou.

“Promover a família no espaço privado, mas também naquele público, só poderá ter efeitos positivos sobre o bem comum: quando as relações familiares são boas, representam uma riqueza para os cônjuges, os filhos e para a inteira comunidade civil e eclesial”, afirmou o Cardeal Farrell.

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