Durante seu encontro anual com diplomatas credenciados junto à Santa Sé, em que o Pontífice apresenta as questões geopolíticas que mais lhe preocupam no mundo, o Papa Francisco falou brevemente sobre o atentado contra as instituições democráticas do Brasil, ocorrido em 8 de janeiro.
“Em muitas áreas [do mundo], um sinal de enfraquecimento da democracia é resultado das crescentes polarizações políticas e sociais, que não ajudam a resolver os problemas urgentes dos cidadãos”, declarou o Santo Padre, na segunda-feira, 9, citando o Brasil entre os países do continente americano em que “formas de violência acentuam os conflitos sociais”.
Ele acrescentou: “Penso especialmente no que aconteceu recentemente no Peru e, nestas últimas horas, no Brasil, e na preocupante situação no Haiti, onde se estão finalmente realizando alguns passos para enfrentar a crise política existente há tempos”. Nas palavras do Papa, “é preciso sempre superar as lógicas partidárias e se empenhar para a edificação do bem comum”.
A menção ao Brasil apareceu num trecho do discurso em que o Papa falava sobre a promoção da paz por meio da liberdade. A paz só impera, afirmou, onde “não prevalece a cultura da supressão e da agressão, que leva a olhar para o próximo como a um inimigo a combater, mais do que a um irmão a acolher e abraçar”.
O enfraquecimento da democracia, disse ele, “e das possibilidades de liberdade que ela consente” prejudica especialmente “as mulheres e as minorias étnicas”, e pode levar a desequilíbrios de “inteiras sociedades que culminam em tensões sociais e até mesmo em conflitos armados”.
No domingo, 8, milhares de apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram prédios públicos que são sede dos Três Poderes da República, em Brasília: o Palácio do Planalto, que é sede da Presidência, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Instituições de governo do Brasil e do exterior vêm tratando o episódio como uma tentativa de golpe contra a ordem democrática, liderado por grupos terroristas domésticos.