Papa Francisco: dialogar é respeitar o caminho dos outros

Vatican Media

“É importante dialogar” com aqueles que pensam diferente de nós, porque Deus “que é o Pai de todos, nos leva a dialogar” e a respeitar o caminho dos outros: foi o que disse, em síntese, o Papa Francisco ao receber na sexta-feira, 5, os participantes do congresso promovido pelo Instituto de Diálogo Inter-Religioso da Argentina.

Compartilhando suas lembranças de infância, o Papa enfatizou que “as confissões religiosas nem sempre dialogaram. A mudança está no fato de que, antes, se falava com o espelho; olhava-se para si mesmo e respondia, e condenava-se os que estavam de fora, catalogando-os”.

“Com os judeus”, diz Francisco, “sempre tive uma grande proximidade graças à escola, tive vários companheiros judeus, às vezes estudávamos juntos. E quando eu era Arcebispo, acompanhei um desses companheiros judeus que, mesmo no seu leito de morte, não havia negado sua fé”.

“É importante”, disse o Pontífice, “que aquele diálogo que cada um de nós teve com o espelho da própria confissão seja ampliado e feito entre irmãos, e que não haja medo do diálogo fora do espelho. E menos ainda a ânsia de convencer um ao outro, de converter o outro. Dialoga-se, cada um conta sua própria experiência, que é uma experiência de Deus. E Deus se manifesta em todas as culturas, à maneira daquela cultura, Ele se manifesta em povos que trilharam um caminho diferente na história, povos que trilharam outro caminho, mas Ele é o mesmo Deus. E Ele, que é o Pai de todos, nos conduz ao diálogo. Em nossa vida, há sempre um caminho que vai do diálogo com o espelho ao diálogo com a realidade, ao diálogo com nossos irmãos; com a realidade viva que são nossos irmãos. É a mão estendida”.

Ele, então, observou que “não somos ilhas” e que, no diálogo, não se deve dizer aos outros: “Minha Igreja é a única, a verdadeira, vocês são de segunda ou quarta categoria”. E acrescentou: “Estou convencido de que o caminho que estou seguindo é aquele que Deus quer que seja verdadeiro para mim. Portanto, quando falo sobre minha confissão religiosa, por coerência, não digo ‘Esta é a verdadeira’, mas respeito o caminho de outros que, por sua vez, referindo-se à própria confissão, dizem ‘Esta é a verdadeira’. E isso não é relativismo, é respeito e convivência”.

Fonte: Vatican News

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