Papa Francisco: ‘Graças a este Menino, todos podemos ser realmente irmãos’

Papa Francisco concede a bênção Urbi et Orbi no Natal (Foto: Vatican Media)

Nesta sexta-feira, 25, Solenidade do Natal do Senhor, o Papa Francisco concedeu a tradicional bênção Urbi et Orbi, desta vez, não da sacada central da Basílica de São Pedro, mas na Sala das Bênçãos, no interior da Basílica Vaticana.

A Praça São Pedro não está fechada, mas as pessoas não podem circular devido ao lockdown decretado pelo governo italiano nos dias de festas.

Como sempre, a bênção é antecedida por uma mensagem na qual o Pontífice faz seus votos natalinos a todos os países e regiões que vivem períodos conturbados.

Leia a íntegra da mensagem

Fraternidade mais necessária do que nunca

Desta vez, a mensagem teve como fio condutor a última Encíclica publicada pelo Santo Padre, Fratelli tutti.

“O nascimento é sempre fonte de esperança, é vida que desabrocha, é promessa de futuro. E este Menino – Jesus – ‘nasceu para nós’: um ‘nós’ sem fronteiras, sem privilégios nem exclusões”, afirmou Francisco.

O Papa acrescentou que, graças Jesus, todos os cristãos podem se dirigir a Deus e chamá-lo de “Pai” e, por isso, podem ser considerados irmãos “de continentes diversos, de qualquer língua e cultura, com as nossas identidades e diferenças, mas todos os irmãos e irmãs”.

Neste momento histórico marcado pela crise ecológica e por graves desequilíbrios econômicos e sociais, agravados pela pandemia, Francisco considera a fraternidade como valor mais necessário do que nunca. Não uma fraternidade feita de ideais abstratos, mas baseada no amor real, capaz de compadecer-me dos sofrimentos alheios, mesmo que não sejam pessoas da mesma família, etnia ou religião.

Vacina para todos

(Foto: Vatican Media)

O Pontífice  dirigiu seu pensamento às pessoas mais frágeis, os doentes e quantos neste tempo se encontram desempregados ou em graves dificuldades pelas consequências econômicas da pandemia, “bem como as mulheres que nestes meses de confinamento sofreram violências domésticas”.

Francisco renovou seu apelo aos governantes para que a todos seja garantido o acesso às vacinas e aos tratamentos. “No Natal, celebramos a luz de Cristo que vem hoje ao mundo e Ele vem para todos: não só para alguns. Hoje, neste tempo de escuridão e incertezas pela pandemia, aparecem várias luzes de esperança, como a descoberta das vacinas.”

A dor da guerra

O Sucessor de Pedro fez um apelo também em prol de tantas crianças que, em todo o mundo, especialmente na Síria, Iraque e Iêmen, ainda pagam o alto preço da guerra.

A Síria foi novamente citada junto aos países que no Oriente Médio e no Mediterrâneo oriental sofrem com tensões, como o Iraque, em particular os yazidis, a Líbia, Israel, Palestina e o Líbano.

O Pontífice mencionou ainda Nagorno-Karabakh, bem como as regiões orientais da Ucrânia. Na África, o apelo de paz foi feito em prol de Burkina Faso, Mali, Níger e Etiópia.

O Papa também dirigiu um pensamento especial aos habitantes da região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, vítimas da violência do terrorismo internacional. Sudão do Sul, Nigéria e Camarões também foram exortados a continuar pelo caminho da fraternidade e do diálogo.

(Foto: Vatican Media)

Esperança para a América

Quanto à América, Francisco fez votos de esperança, já que o continente foi particularmente afetado pelo coronavírus, “que exacerbou os inúmeros sofrimentos que o oprimem, muitas vezes agravados pelas consequências da corrupção e do narcotráfico”.

Nomeadamente, citou o Chile, para que supere as recentes tensões sociais, e a Venezuela, para que ponha fim ao sofrimento.

Na Ásia, pediu a proteção de Deus às populações flageladas por calamidades naturais, sobretudo nas Filipinas e Vietnã, e não esqueceu do povo Rohingya: “Jesus, nascido pobre entre os pobres, leve esperança às suas tribulações”.

Redescobrir a família como berço de vida

Francisco concluiu sua mensagem ressaltando que “se resignar à violência e à injustiça significaria recusar a alegria e a esperança do Natal”.

“Neste dia de festa, dirijo uma saudação particular a todas as pessoas que não se deixam subjugar pelas circunstâncias adversas, mas esforçam-se por levar esperança, consolação e ajuda, socorrendo quem sofre e acompanhando quem está sozinho”, enfatizou o Pontífice.

Por fim, o último pensamento do Papa foi às famílias que hoje não podem se reunir. “Para todos, seja o Natal a ocasião propícia para redescobrirem a família como berço de vida e de fé. Feliz Natal para todos!”

(Fonte: Vatican News)

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