Papa Francisco: ‘Sonho com uma Igreja próxima das pessoas’, na concretude e nas nuances do dia a dia

Vatican Media

O sonho do Papa Francisco para a Igreja do futuro está descrito na constituição dogmática do Concílio Vaticano II Dei Verbum: aquela que “ouve religiosamente a Palavra de Deus e a proclama com confiança.” Em entrevista ao jornal italiano La Stampa publicada na segunda-feira, 29, ele disse: “Sonho com uma Igreja que saiba ser próxima das pessoas na concretude, nas nuances e nas asperidades da vida cotidiana.”

Ele recordou, ainda, palavras que pronunciou alguns dias antes de sua eleição, quase 11 anos atrás, durante as reuniões dos cardeais antes do conclave – as congregações gerais. “A Igreja é chamada a sair de si mesma e se dirigir rumo às periferias, não só aquelas geográficas, mas também aquelas existenciais. Aquelas do mistério do pecado, da dor, da injustiça, da ignorância e da ausência de fé, aquelas do pensamento, aquelas de toda forma de miséria”.

CONFLITOS E MEDIAÇÃO

Na mesma conversa, o Papa voltou a lamentar que as guerras estejam se difundindo “em pedaços” por diferentes partes do mundo. Em particular, ele voltou a falar do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, em território palestino. “É preciso um cessar-fogo global”, afirmou o Pontífice. “Não estamos percebendo, ou fingimos não ver, que estamos à beira do abismo.” Ele defendeu a solução de dois Estados, que permitiria a Israel e Palestina terem seus próprios territórios.

“Enquanto não se aplicar aquela decisão [prevista nos acordos de paz de Oslo, firmados em 1993], a paz verdadeira permanece distante”, acrescentou. Ele disse que conversa todos os dias, por videochamada, com cristãos que vivem na Faixa de Gaza, cuja paróquia tem cerca de 600 pessoas; e elogiou o trabalho do Cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca de Jerusalém dos latinos, que atua como mediador em diferentes ocasiões.

Francisco também revelou que “a Santa Sé busca mediar a troca de prisioneiros e o retorno de civis ucranianos”, especialmente crianças ucranianas que foram levadas à força para a Rússia. “Alguns já voltaram para a família”, disse o Papa, que também elogiou o Cardeal Matteo Zuppi, seu enviado para diálogos em Moscou, Kiev, Pequim e Washington. É preciso muito diálogo, disse o sucessor do apóstolo Pedro, além de “espírito de solidariedade e fraternidade humana” para poder superar os atuais conflitos armados. “Não podemos mais nos matar entre irmãos e irmãs! Não tem sentido”, deplorou.

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