Papa no Angelus: com seu silêncio e humildade, Maria é a primeira ‘Catedral’ de Deus

Na oração mariana no primeiro dia de 2024, Francisco também externou sua preocupação com os conflitos vigentes em todo o mundo e com a situação da Nicarágua, onde bispos e padres continuam a ser presos e perseguidos

Fotos: Vatican Medua

Milhares de fiéis se reuniram na Praça São Pedro na segunda-feira, 1o de janeiro, para rezar com o Papa Francisco o primeiro Angelus de 2024.

“Neste dia em que celebramos Maria Santíssima, Mãe de Deus, coloquemos sob seus olhares atentos o tempo novo que nos tem sido dado. Que ela nos proteja este ano”, disse o Papa ao saudar os fiéis.

Aludindo ao Evangelho proclamado nesta solenidade (Lc 2,16-21), o Pontífice recordou o silêncio da Virgem Maria após o nascimento do Menino Jesus não se trata da simples ausência de palavras; ela silencia por estar impressionada pelas maravilhas que Deus é capaz de realizar.

“Lucas observa que ‘Maria guardava todas estas coisas, meditando nelas no seu coração’ (2,19). Desta forma, ela cria dentro de si um lugar para Aquele que nasceu; em silêncio e adoração, coloca Jesus no centro e dá testemunho Dele como Salvador. Maria, a Mãe do silêncio; Maria, a Mãe da adoração”, afirmou o Pontífice.

‘CATEDRAL’ DO SILÊNCIO

Francisco afirmou que Maria é Mãe não apenas porque carregou Jesus em seu ventre e o deu à luz, “mas porque o traz à luz, sem ocupar seu lugar”, e que “permanecerá em silêncio também sob a cruz, na hora mais sombria, e continuará a abrir espaço para Ele e a gerá-Lo para nós”. 

O Pontífice apresentou aos fiéis uma citação de David Maria Turoldo, religioso e poeta do século XX, que escreveu: “Virgem, catedral do silêncio”. Para Francisco, essa é uma bela imagem, pois “com seu silêncio e sua humildade, Maria se tornou a primeira ‘Catedral’ de Deus, o lugar onde Ele e o homem podem se encontrar”.

“Também nossas mães, com seu cuidado escondido, com seu carinho, muitas vezes são magníficas catedrais do silêncio. Elas nos trazem ao mundo e continuam a nos seguir, muitas vezes sem serem notadas, para que possamos crescer. Lembremo-nos disto: o amor nunca sufoca, o amor abre espaço para o outro e o faz crescer”, ressaltou.

COMBATE A TODAS AS FORMAS DE OPRESSÃO

Ainda mencionando as mães, o Papa pediu que todos delas aprendam a cultivar o amor sobretudo no silêncio, dando espaço ao outro, respeitando sua dignidade, deixando a liberdade para que se expressem e rejeitando todas as formas de posse, opressão e violência.

“Hoje temos tanta necessidade disso. Tanta! Tanta necessidade de silêncio para escutarmos. Como recorda a mensagem para o Dia Mundial da Paz de hoje: ‘A liberdade e a coexistência pacífica são ameaçadas quando os seres humanos cedem à tentação do egoísmo, do interesse próprio, do desejo de lucro e da sede de poder. O amor, por outro lado, é feito de respeito e gentileza: desse modo, ele rompe barreiras e ajuda a viver relações fraternas, a construir sociedades mais justas e humanas, mais pacíficas’”, recordou.

PEÇAMOS A MARIA PELO NOVO ANO

Antes de rezar a oração mariana com os fiéis na Praça São Pedro, o Pontífice exortou:  “Oremos hoje à Santa Mãe de Deus e nossa, para que neste novo ano cresçamos neste amor gentil, silencioso e discreto que gera vida e abre caminhos de paz e reconciliação no mundo”.

PEDIDOS DE PAZ POR DIFERENTES PARTES DO MUNDO

Após rezar o Angelus, Francisco dirigiu seu pensamento aos países em guerra e exortou todos os fiéis a serem “construtores da paz em todos os dias do novo ano”.

“Por favor, não nos esqueçamos da Ucrânia, da Palestina e de Israel, que estão em guerra. Rezemos para que venha a paz”.

Francisco também externou sua preocupação com as perseguições que o clero continua a sofrer na Nicarágua, país centro-americano onde nos últimos dias um bispo e 14 sacerdotes foram presos – o último após a celebração da missa de fim de ano. Além disso, desde fevereiro de 2022, Dom Rolando Álvarez, Arcebispo de Matagalpa, está na prisão, mesmo sem passar pelo devido processo de julgamento.

“Expresso a todos eles, às suas famílias e a toda a Igreja do país minha proximidade e oração. Convido também a todos aqui presentes e a todo o povo de Deus à esta oração insistente, enquanto espero que se busque sempre o caminho do diálogo para superar as dificuldades. Rezemos hoje pela Nicarágua”.  

O Papa dirigiu uma saudação especial aos participantes do evento “Paz em todas as terras”, organizado pela Comunidade Sant’Egídio em Roma e em outras cidades do mundo, assim como os membros do Movimento Europeu de Ação Não Violenta; Também agradeceu pelas inúmeras iniciativas de oração e de compromisso pela paz que acontecem neste Dia Mundial da Paz, promovidos pelas comunidades eclesiais em diferentes partes do mundo.

“Que a Virgem Maria, a Santa Mãe de Deus, sustente com sua materna intercessão a intenção e o compromisso de sermos artífices da paz a cada dia, em cada dia do Ano Novo; a cada dia, artífices da paz”, disse o Papa ao concluir o Angelus.

(Com informações de Vatican Media)

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