Durante a audiência geral no Vaticano, na quarta-feira, 21, o Papa Francisco voltou a condenar a possibilidade do uso de armas nucleares pelas nações – em uma alusão indireta ao anúncio não explícito do presidente russo, Vladimir Putin, de que poderá fazer uso desse arsenal bélico no atual conflito contra a Ucrânia, iniciado em fevereiro deste ano.
Francisco também mencionou a recente conversa com o Cardeal Krajewski, esmoleiro pontifício, que foi enviado em missão à Ucrânia pelo Papa.
“O Cardeal Krajewski foi lá pela quarta vez. Ontem telefonou-me, permanece lá algum tempo, ajudando na zona de Odessa, oferecendo tanta proximidade. Ele contou-me a dor daquele povo, as ações selvagens, as monstruosidades, os cadáveres torturados que encontram. Unamo-nos a este povo tão nobre e mártir”, disse o Papa aos fiéis reunidos na Praça São Pedro para a tradicional audiência geral da quarta-feira.
“Não há palavras, não há lágrimas”, havia dito o cardeal polonês depois de rezar na floresta próxima a Izyum – localidade recém libertada dos invasores russos – onde foram encontradas fossas comuns, com os restos mortais de cerca 450 pessoas, incluindo civis – alguns com marcas de tortura -, alguns militares e ao menos duas crianças. Ele estava acompanhado por Dom Pavlo Honcharuk, Bispo da Diocese de Kharkiv-Zaporizhia.
NÃO ÀS ARMAS NUCLEARES
Ao recordar a viagem apostólica que fez ao Cazaquistão na semana passada, o Papa elogio a postura do presidente daquele país de abrir mão de manter armas nucleares e buscar a construção de caminhos de paz em uma nação com mais de 150 grupos étnicos e onde falam-se mais de 80 línguas.
“Também formulei votos para que ela [a nação cazaque] possa prosseguir a construção de uma democracia cada vez mais madura, capaz de responder eficazmente às necessidades da sociedade como um todo. É uma tarefa árdua, que leva tempo, mas já se deve reconhecer que o Cazaquistão fez escolhas muito positivas, como a de dizer ‘não’ às armas nucleares e a de boas políticas energéticas e ambientais. Isto foi corajoso. Num momento desta trágica guerra onde alguns pensam em armas nucleares – uma loucura – este país já desde o início disse ‘não’ às armas nucleares”, ressaltou o Pontífice.
A fala tem sido interpretada como um crítica indireta do Papa ao anúncio feito na noite da terça-feira, 210, pelo presidente da Rússia de que poderá fazer uso de armas nucleares no atual conflito em território ucraniano.
Na ocasião, Putin também anunciou que 300 mil reservistas são convocados para o Exército Russo, para treinamentos e posterior ida aos fronts de batalha, se necessário.
Fontes: Vatican Media e RTP