Papa recebe presidente da Ucrânia em esforço de mediação pela paz

Vatican Media

Parando todo o centro de Roma com esquemas de segurança, no sábado, 13, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez uma visita oficial ao Papa Francisco no Vaticano. A audiência durou 40 minutos e foi, talvez, a mais importante do ano até aqui. Antes, o líder ucraniano havia se reunido com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra, Giorgia Meloni, como parte de uma viagem por países europeus em busca de apoio na guerra contra a Rússia.

O Papa Francisco e, portanto, a Santa Sé, tem adotado um tom moderador no conflito entre Rússia e Ucrânia. Sem deixar de reconhecer que a Ucrânia é um país soberano e democrático que foi invadido cruelmente por uma potência nuclear, a Rússia, o Papa tem se apresentado como potencial mediador entre os países, pedindo a paz e apontando para pontos de interesse cultural, afetivo e devocional comuns entre russos e ucranianos. Ele acredita que o apelo à fé e aos valores humanos dos dois povos tocará os corações e terá ressonância entre os poderosos.

UMA EMPREITADA DIFÍCIL

Entretanto, o Papa não tem tido sucesso na tarefa: tanto a Rússia quanto a Ucrânia estão completamente fechadas às negociações de paz. A Ucrânia não aceita abrir mão de territórios hoje ocupados pela Rússia, que não pretende sair de mãos vazias e com imagem de perdedora de uma guerra inventada por seu líder quase absoluto e presidente, Vladimir Putin.

O principal objetivo da excursão de Zelensky, que depois de Roma partiu para Berlim, na Alemanha, foi pedir armas, aviões e outros recursos militares aos países desenvolvidos – missão que o Papa não apoia. De acordo com a imprensa italiana, citando fontes diplomáticas, Zelensky teria dito “respeitosamente” ao Santo Padre que a Ucrânia “não precisa de um mediador” para acabar com a guerra. Zelensky, em declarações públicas, disse que pediu ao Papa uma posição mais dura na condenação da Rússia – algo que Francisco tem feito com muito cuidado, para não fechar o diálogo com todas as partes.

Como relata o jornal La Stampa, a Santa Sé insiste na necessidade de se abrir uma negociação de paz e se concentra, por ora, nos esforços de ajuda humanitária. Em entrevista ao diário, o Cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, afirmou que “o ‘não’ de Zelensky não paralisa nossa diplomacia” e, embora a “invasão violenta de Putin seja um crime”, a guerra só pode “degenerar em crimes contra a humanidade”. Enquanto os inimigos não se encontram, o Vaticano continuará promovendo a reconciliação.

CORDIALIDADE

Nas imagens da TV do Vaticano, vê-se que o Papa, ao encontrar Zelensky – que ele já havia recebido dois anos antes da guerra – diz que “é uma grande honra ter essa visita”, ao que o presidente ucraniano responde: “É uma grande honra para mim, Santo Padre.” Conforme o comunicado do Vaticano sobre o encontro, que não entrou em detalhes, os dois trocaram presentes e falaram sobre “a situação humanitária e política da Ucrânia, provocada pela guerra em curso”.

Além disso, “o Papa assegurou sua oração constante, testemunhada pelos seus tantos apelos públicos e pela invocação contínua ao Senhor pela paz, desde fevereiro do ano passado”. Eles estão de acordo sobre o fornecimento de ajuda à população, especialmente às “pessoas mais frágeis, vítimas inocentes do conflito”, diz o texto.

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