O Oriente Médio precisa de novas atitudes para rejeitar a lógica da vingança e da violência; para superar as divisões políticas, sociais e religiosas; e para abrir novos capítulos sob o sinal da reconciliação e da paz. O caminho da hostilidade mútua e da destruição no horror da guerra foi percorrido por tempo demais, com resultados deploráveis que estão à vista de todos. É preciso mudar de rumo, é preciso educar o coração para a paz.
(Papa Leão XIV, na conclusão da missa em Beirute, no Líbano – 02/12/2025)

Em um país que ainda convive com cenários de vulnerabilidades sociais e que está envolto nos conflitos e instabilidades geopolíticas do Oriente Médio, as mensagens do Papa Leão XIV à população do Líbano, entre o domingo, 30 de novembro, e a terça-feira, 2, foram de esperança, especialmente às novas gerações, e de estímulo para que todos ajam para a construção da paz.
Na chegada ao país, ao encontrar-se com as autoridades e representantes da sociedade civil, o Papa lembrou que no Líbano “a paz é um desejo e uma vocação, é um dom e um canteiro sempre aberto”. Lembrou, ainda, que a resiliência “é uma característica imprescindível dos autênticos promotores da paz”, os quais, perante as aparentes derrotas, não se deixam “abater pelas desilusões, mas sabem olhar para o futuro, acolhendo e abraçando todas as realidades com esperança”.

NO TÚMULO DE SÃO CHARBEL
Na manhã da segunda-feira, dia 1º, Leão XIV foi ao túmulo de São Charbel Maklūf (1828-1898), Sacerdote maronita e eremita, um dos Santos mais venerados no Oriente Médio. Em discurso, o Papa comentou que o Espírito Santo moldou São Charbel “para que ensinasse a oração aos que vivem sem Deus, o silêncio aos que vivem no barulho, a modéstia aos que vivem para aparecer, a pobreza aos que buscam riquezas”.
ESPERANÇA E CARIDADE
No Santuário de Nossa Senhora do Líbano, em Harissa, também no dia 1º, o Papa exortou a comunidade católica no país a sempre dar sinais da esperança cristã. Ele ouviu testemunhos de dois sacerdotes e de uma religiosa sobre as atividades evangelizadoras e caritativas que mantêm em meio a precariedades sociais e ameaças de bombardeios; bem como o relato de uma refugiada filipina, após o qual o Pontífice exortou a um amplo compromisso para que “ninguém precise fugir de seu país por causa de conflitos insensatos e impiedosos, e para que aqueles que batem à porta de nossas comunidades nunca se sintam rejeitados”. O Pontífice, por fim, ofertou uma rosa de ouro à imagem da Virgem Maria.


COM O DEUS DE AMOR E MISERICÓRDIA
Na Praça dos Mártires, em Beirute, ainda na segunda-feira, o Pontífice participou de um encontro ecumênico e inter-religioso, durante o qual mencionou os 60 anos da declaração conciliar Nostra aetate, que abriu horizontes para o encontro e o respeito mútuo entre os católicos e fiéis de outras religiões. Em um gesto simbólico, Leão XIV plantou e regou um arbusto de oliveira. “Às vezes, a humanidade olha para o Oriente Médio com um sentimento de apreensão e desalento diante de embates tão antigos e complexos. No entanto, em meio a esses conflitos, é possível encontrar um sentimento de esperança e encorajamento quando nos concentramos no que nos une: a nossa comum humanidade e a nossa fé em um Deus de amor e misericórdia”, frisou.
AOS JOVENS: SONHAR, PLANEJAR E FAZER O BEM
“Queridos jovens, talvez vocês lamentem ter herdado um mundo dilacerado por guerras e desfigurado por injustiças sociais. Não obstante, há esperança e ela está dentro de vocês! Vocês têm um dom que muitas vezes nós, adultos, parecemos ter perdido. Vocês têm esperança! Vocês têm tempo! Vocês têm mais tempo para sonhar, planejar e fazer o bem. Vocês são o presente e, nas suas mãos, já está se construindo o futuro! Vocês têm o entusiasmo para mudar o curso da história!”, destacou o Papa no encontro com os jovens em frente à sede do Patriarcado de Antioquia dos Maronitas, em Bkerké, no dia 1º.


VISITA A UM HOSPITAL
Na manhã da terça-feira, 2, Leão XIV visitou o Hospital de la Croix, um dos maiores do Oriente Médio voltado a pessoas com deficiências mentais, administrado pela Congregação das Irmãs Franciscanas da Cruz, situado em Jal ed Dib. “O que se vive neste lugar é uma admoestação para todos, tanto para a vossa terra quanto para toda a humanidade: não podemos esquecer os mais frágeis, não podemos imaginar uma sociedade que, agarrando-se a falsos mitos de bem-estar, continua a toda a velocidade, ignorando tantas situações de pobreza e fragilidade”, sublinhou o Papa.
OS SONHOS DO PAPA PARA O LÍBANO
Uma multidão de 150 mil fiéis participou da missa conclusiva da viagem apostólica de Leão XIV ao Líbano, na terça-feira, 2, no Beirut Waterfront, na área central e costeira da capital libanesa. O Santo Padre exortou o povo libanês “a cultivar sempre atitudes de louvor e gratidão a Deus”. Também enfatizou: “Cada um deve fazer a sua parte e todos devemos unir esforços para que esta terra possa voltar ao seu esplendor. E temos apenas uma maneira de o fazer: desarmemos os nossos corações, derrubemos as armaduras dos nossos fechamentos étnicos e políticos, abramos as nossas confissões religiosas ao encontro recíproco, despertemos no nosso íntimo o sonho de um Líbano unido, onde triunfem a paz e a justiça, onde todos possam reconhecer-se irmãos e irmãs”.







