Primeira etapa do Sínodo se encaminha para a conclusão; reflexões serão levadas às igrejas locais

Papa e participantes do Sínodo durante a oração por migrantes
Vatican Media

A atual assembleia do Sínodo sobre a sinodalidade se aproxima da sua conclusão, mas o caminho ainda está longe de terminar. Após quase um mês de trabalho intenso, do documento-síntese sobre a 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos deve ser publicado no sábado, 28, um dia antes da conclusão dos trabalhos.

Trata-se de um documento intermediário, não final, sobre as reflexões realizadas até aqui, e que servirá de ponto de partida para a última assembleia, em outubro de 2024, conforme explicou Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação e presidente da Comissão para a Informação do Sínodo, em coletiva de imprensa na segunda-feira, 23.

Já na quarta-feira, 25, os participantes da assembleia sinodal publicarão uma “carta ao povo de Deus”, para que todas as pessoas conheçam a experiência vivida pelos membros do Sínodo.

ESTRUTURAÇÃO

A atual reunião foi dividida em três grandes etapas: na primeira, refletiu-se sobre a “Igreja sinodal” e as experiências vivenciadas ao longo dos últimos dois anos, quando a Igreja organizou a maior consulta ao povo de Deus já vista. A segunda fase, mais longa, colocou na mesa de discussões o tripé “Comunhão, Missão e Participação”.

Além dos discursos em plenária, dentro do grande tema da sinodalidade, pequenos grupos buscaram responder juntos a várias perguntas – descritas no Instrumentum Laboris, ou instrumento de trabalho – da assembleia. Nesse processo, usaram o método de “conversa espiritual”, que intercala momentos de diálogo, escuta e silêncio.

Mais especificamente, discutiu-se, por exemplo, a dimensão sacramental da vida na Igreja, os papéis de autoridade, a corresponsabilidade e a complementaridade entre homens e mulheres, a colaboração entre as igrejas locais e a igreja de Roma, o valor da tradição na vida da Igreja, a inclusão daqueles que se sentem marginalizados ou pouco ouvidos, entre outros. As etapas foram marcadas por diversos momentos de oração e pela celebração da Eucaristia.

ORAÇÃO PELOS MIGRANTES E PELA PAZ

Um dos momentos mais comoventes até aqui foi o de oração pelos migrantes e refugiados, organizado junto à escultura “Angels Unawares” (Anjos sem saber), que está posicionada no canto esquerdo da Praça São Pedro. A imagem representa dezenas de migrantes do mundo inteiro, e de diversos períodos históricos.

Durante a oração, que incluiu intercessões pela paz, o Papa Francisco afirmou que “somos chamados a estar perto de todos os viandantes de hoje, a salvar as suas vidas, a curar as suas feridas, a aliviar a sua dor”. Disse, ainda, que “é importante nos prepararmos adequadamente para os desafios das migrações atuais, compreendendo, sim, a sua criticidade, mas também as oportunidades que oferecem, tendo em vista o crescimento de sociedades mais inclusivas, mais belas e mais pacíficas”.

O TRABALHO CONTINUA

O tempo entre a conclusão da assembleia atual com a missa de 29 de outubro, e o início da última reunião em outubro de 2024 será usado para “entregar o fruto do nosso trabalho às igrejas de onde viemos e, sobretudo, acompanhar os processos locais que nos fornecerão elementos para concluir o nosso discernimento no ano que vem”, disse o Cardeal Jean-Claude Hollerich, Relator-geral do Sínodo.

Será um intervalo longo entre uma assembleia e outra, mas não uma pausa vazia. Retornando aos países de origem, os mais de 360 participantes da assembleia sinodal no Vaticano deverão “difundir os resultados dessa primeira sessão, envolvendo as conferências episcopais, reconvocado grupos sinodais, ativando as oportunas formas de comunicação na mídia, predispondo percursos de experimentação e aprofundamento”, declarou, no dia 18.

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