A 1ª lição na volta às aulas é economizar na compra do material escolar

Pesquisa do Procon-SP encontrou diferenças de até 381% e o aumento em média de 30% nos itens básicos do material escolar. Pais buscam estratégias para gastar menos, e muitas são as iniciativas de doação dos itens

Gábor Adonyi /Pixabay

Com a proximidade do retorno às aulas, pais e responsáveis voltam o olhar e a atenção para a lista de material escolar. Diante das listas solicitadas pelas escolas, muitos pais e estudantes se viram obrigados a encontrar novos meios e formas para se adaptar à alta dos preços. 

A recomendação de sempre é pesquisar preços e reaproveitar materiais que já se têm em casa. Há, também, quem doe àqueles que mais precisam.

ALTA NOS PREÇOS

Pesquisa recente realizada pelo núcleo de pesquisa da Escola de Proteção e Defesa do Consumidor, do Procon-SP, constatou diferenças expressivas em diversos itens escolares.
A maior delas foi de 381,11% na caixa com seis cores (90g) da massa de modelar Abelhinhas Soft, que era vendida em um local por R$ 12,99 e em outro por R$ 2,70; o preço médio apurado foi de R$ 4,83. 

O Procon-SP pesquisou os seguintes produtos: apontador, borracha, caderno, canetas esferográfica e hidrográfica, colas em bastão e líquida, giz de cera, estojo de lápis de cor, lápis preto, lapiseira, marca texto, massa de modelar, papel sulfite, refil para fichário, régua, tesoura escolar e tinta para pintura a dedo.

“A diferença de preço chega a ser exorbitante. O consumidor precisa pesquisar antes de fazer sua compra. Recomenda-se, também, a união dos pais, pois, nesse caso, é possível negociar melhores valores e bons descontos. Não aceite preços abusivos e não pague além do que a média praticada pelo mercado”, alertou Guilherme Farid, do Procon-SP.

COMPARAÇÃO COM O ANO ANTERIOR

Na comparação dos produtos comuns entre esta pesquisa e a realizada em 2020, constatou-se, em média, acréscimo de 15,96% no preço médio, maior que a variação de 11,12%, registrada no período no Índice de Preços ao Consumidor de São Paulo (IPC-SP), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em alguns itens, a variação de preços pode chegar a 30%. A pesquisa completa pode ser acessada no link a seguir: https://cutt.ly/UOzYxf8.

Farid apresentou algumas dicas para economizar:

– Evitar compras desnecessárias. Antes de sair de casa, verificar quais produtos da lista de material o consumidor já possui e que podem ser reaproveitados.
– Pesquisar os preços nas lojas online e nas lojas físicas,  bem como conferir as promoções e ficar atento aos preços abusivos, e, caso perceba itens com preço fora da média do mercado, denuncie ao Procon pelas vias digitais (https://www.procon.sp.gov.br/espaco-consumidor/) ou nos pontos presenciais. 

– Fazer compras coletivas, pois alguns estabelecimentos concedem descontos nas compras em grandes quantidades.

REAPROVEITAR ITENS

Com a alta nos preços do material escolar, uma das alternativas é reaproveitar os itens do ano anterior.

É o que pretende fazer a dona de casa Marilucia Bueno. Mãe da Fernanda, 10, que vai para o 5º ano do ensino fundamental, Marilucia diz que vai reaproveitar alguns itens, como mochila, estojo, lancheira, lápis, borracha, tesoura e apontador. “Pela primeira vez, minha filha, por causa do cenário financeiro, vai precisar repetir esses itens, mas realmente é necessário”, afirmou a mãe, que ficou desempregada durante a pandemia.

A dona de casa, que antecipou as compras dos demais itens solicitados pela escola, constatou o aumento dos preços do material escolar: “Todo ano, no período de volta às aulas, os preços aumentam. Por exemplo, um caderno brochura de 96 folhas, na loja online, estava por R$ 7,90; no mesmo dia em que o coloquei no carrinho do aplicativo aumentou para R$ 9,90 antes de finalizar a compra. Dois dias depois, voltei ao site e o preço aumentou novamente”.

SOLIDARIEDADE

Andreia Ferreira da Silva, 36, é vendedora, e mãe do Gabriel, 12, e do Jonas, 7. “Meus filhos são cuidadosos. Eles usaram as mochilas por dois anos e estão bem conservadas, e este ano vamos doá-las a crianças carentes”, contou à reportagem.

Pamela Freitas de Assis é engenheira ambiental e há mais de dez anos lidera juntamente com amigas uma campanha para arrecadar kits de material escolar para doar às crianças carentes atendidas pelo Instituto Curumim, no bairro da Casa Verde, na zona Norte da capital. 

“Nosso objetivo é proporcionar uma educação de qualidade a estas crianças carentes que necessitam, entre tantas coisas, do material para estudar”, destacou, pontuando que a lista para doação contempla mochilas, cadernos de dez matérias, estojos, borrachas, lápis preto,  canetas azuis e vermelhas, apontadores, caixas de lápis de cor, caixas de canetinha, réguas de 30cm, cadernos de desenho, tesoura sem ponta, colas e cadernos brochura pequenos.

“São itens básicos, e ver a alegria das crianças ao receber o material renova a esperança e a certeza de que simples gestos transformam a vida dos pequenos estudantes”, disse a engenheira ambiental, que divulgou a ação em seu Facebook (pamela.assis.56).

DICAS PARA ECONOMIZAR

Rosana Almeida, advogada, educadora financeira e mãe de Aisha, 7, Maria, 5, e Izabel, 2, conhece bem os “perrengues” dos pais na hora de ir às compras para a volta às aulas. Ela separou uma lista de dicas práticas, a partir da própria experiência, para ajudar os pais nessa tarefa.

– Ao receber a lista do material escolar, avalie tudo o que você já tem em casa e poderá ser usado novamente. “Eu, por exemplo, não troco todos os anos nossas mochilas, a tesoura, a régua etc., e compro o que está faltando”;

– Busque fazer trocas nos grupos de amigos, vizinhos e familiares. As crianças, muitas vezes, querem uma “mochila nova”; uma opção é a mochila usada, por um preço menor; 

– Pesquise preços – solicite às lojas orçamentos com itens de várias marcas. Pesquise em vários pontos de venda: papelarias, lojas de departamento, livrarias e supermercados;

– Aproveite as promoções nas compras digitais com frete grátis e cashback. Além de economizar nos itens escolares, você vai economizar em deslocamento e tempo;

– Esse momento pode ser uma oportunidade para ensinar educação financeira aos filhos, escolhendo juntos alguns itens e mostrando a diferença de preços.

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