
No domingo, 26, Solenidade de Cristo Rei, a Igreja no Brasil concluiu o 3º Ano Vocacional. Na Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu uma missa na Catedral da Sé, que contou com a participação dos agentes do Serviço de Animação Vocacional.
A Eucaristia foi concelebrada por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar de São Paulo e Referencial arquidiocesano para a Animação Vocacional, além de Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Aberto em 20 de novembro de 2022, o Ano Vocacional teve o objetivo de promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para serem ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus.
Inspirado no documento final do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional, de 2018, em que a vocação é apontada com “um dom de graça e de aliança, como o mais belo e precioso segredo de nossa liberdade”, e também levando em conta os apelos do Papa Francisco na exortação apostólica Christus vivit, de 2019, este Ano Vocacional teve como tema “Vocação: Graça e Missão” e lema “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33), alusivo à passagem bíblica dos discípulos de Emaús.
CHAMADO
Na Christus vivit, o Papa refletiu sobre a vocação como o chamado de Deus à amizade com Ele, isto é, à santidade. “Isto tem um grande valor, porque coloca toda a nossa vida diante de Deus que nos ama, permitindo-nos compreender que nada é fruto de um caos sem sentido, mas, pelo contrário, tudo pode ser inserido num caminho de resposta ao Senhor, que tem um projeto estupendo para nós”, destacou o Pontífice.
O Santo Padre também compara a vocação a um presente oferecido por Deus aos seus amigos. “E decidiu presentear-te com uma graça, um carisma que te fará viver plenamente a tua vida transformando-te numa pessoa útil aos outros, em alguém que deixa uma marca na história, será certamente algo que te deixará feliz no mais íntimo de ti mesmo e te entusiasmará mais do que qualquer outra coisa neste mundo”, completou.

ACOMPANHAMENTO
O Papa salienta a necessidade de haver sacerdotes, religiosos, leigos, profissionais e até jovens qualificados que possam acompanhar os jovens no seu discernimento vocacional. “Quando nos toca ajudar o outro a discernir o caminho da sua vida, a primeira coisa a fazer é ouvir”, afirmou.
“O discernimento se torna um instrumento de compromisso forte para seguir melhor o Senhor. Assim, o desejo de reconhecer a própria vocação adquire uma intensidade suprema, uma qualidade diferente e um nível superior, que responde muito melhor à dignidade da vida”, acrescentou o Pontífice, reforçando que um bom discernimento é um caminho de liberdade que faz aflorar a realidade única de cada pessoa, que só Deus a conhece.
AVALIAÇÃO
“Preparado com muito esmero, o Ano Vocacional tocou o coração da Igreja, do povo de Deus, chegou na vida dos fiéis e na ação evangelizadora. Em todas as dioceses, paróquias e comunidades, se multiplicam as iniciativas de oração, reflexão e promoção de todas as vocações”, avaliou Dom Ângelo ao O SÃO PAULO.
Sobre o legado do 3o Ano Vocacional do Brasil, o Bispo destacou o crescimento de uma sensibilidade vocacional que se expressa na oração pelas vocações, nas iniciativas vocacionais, em particular com as crianças, adolescentes e jovens, que envolve a catequese, a pastoral juvenil, a família e a liturgia. Ele recordou, ainda, as palavras do Papa Francisco, citadas do texto-base do Ano Vocacional: “Toda a pastoral é vocacional, toda a formação é vocacional, toda a espiritualidade é vocacional”.
“As forças desta cultura vocacional estão na consciência cada vez maior de que a partir do santo Batismo, enxertados na vida de Cristo e da Igreja, somos todos chamados a acolher o projeto de Deus em Cristo, que se revela na história pessoal e de fé, em um caminho de santidade, na plenitude vocacional”, completou o Bispo.

DESAFIOS
Entre os desafios permanentes, Dom Ângelo destacou a criação das equipes vocacionais nos âmbitos comunitário, paroquial, diocesano e regional. “Muito já se realizou, há muito o que fazer, uma meta sempre a alcançar, mas temos a firme convicção de que as equipes vocacionais são um caminho importante e necessário. Neste contexto, somos chamados a gerar e formar uma comunidade orante pelas vocações, pois, de uma comunidade que reza, brotam santas vocações”.
“Os desafios são muitos, mas há muita esperança. E precisamos ter fé. O Senhor continua chamando, na história de hoje, as gerações de hoje, crianças, adolescentes, jovens e adultos. O Espírito sopra onde e quando quer. A graça da vocação não depende de nós; por isso, é graça divina, mas conta com a nossa colaboração, sustento, acompanhamento e discernimento, além do caminho formativo”, manifestou o Bispo.
PERSPECTIVAS
Em 2024, a Animação Vocacional na Igreja do Brasil trabalhará a partir do tema “Igreja, uma sinfonia vocacional”, e o lema: “Rogai, pois, ao Senhor da messe…” (cf. Mt 9,35-38). Dom Ângelo explicou que a escolha desse mote se inspira no pedido do Papa Francisco para que, como preparação do Jubileu de 2025, o ano que vem seja destacado como o Ano da Oração.
Essa imagem da sinfonia vem da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações deste ano, que assim diz: ‘Nesse sentido, a Igreja é uma sinfonia vocacional, com todas as vocações unidas e distintas em harmonia e juntas ‘em saída’ para irradiar no mundo a vida nova do Reino de Deus”.
No fim da missa na Catedral da Sé, Dom Odilo renovou o seu agradecimentos aos responsáveis e agentes da Pastoral Vocacional Arquidiocesana e reforçou o pedido de orações incessantes pelas vocações, sobretudo nas famílias e comunidades eclesiais, pedindo ao Senhor que envie operários para a Sua messe.