Brasileiros Isabel e Roberto estão a caminho dos altares

A Congregação para as Causas dos Santos concedeu, em 28 de outubro, o título de Venerável a mais dois brasileiros: Isabel Cristina Mrad Campos e Roberto Giovanni. Essa é a segunda fase do processo de canonização, quando o Vaticano reconhece as virtudes heroicas do candidato ou o seu martírio.

Com esse reconhecimento, a Igreja afirma que a vida desses veneráveis foi movida pelo Espírito Santo a ponto de ser possível reconhecer em suas almas a ação direta de Deus, que os levou a viver uma vida totalmente entregue ao amor a Ele e ao próximo.

O martírio da Venerável Isabel Cristina

Arte: Diocese de São João Del Rei

À semelhança de Santa Maria Goretti, da Beata Albertina Berkenbrock, da Beata Anna Kolesárová e de tantas outras virgens mártires, Isabel Cristina foi morta brutalmente pelo homem que tentou seduzi-la e violá-la.

Nascida em 29 de julho de 1962, em Barbacena (MG), mudou-se em 1982 para Juiz de Fora (MG) com a intenção de se preparar para o concorrido vestibular de Medicina. Morava num apartamento com uma prima e duas amigas, quando decidiu viver em outro apartamento com seu irmão.

Para se acomodar melhor à nova moradia, um homem foi contratado para montar um armário no apartamento. No dia 30 de setembro daquele ano, o homem foi ao local e disse à jovem palavras obscenas. Isabel Cristina contou o ocorrido ao seu irmão e às amigas que estudavam com ela.

No dia seguinte, o abusador voltou ao apartamento com a desculpa de terminar a montagem do armário. Entretanto, dessa vez, tentou estuprar Isabel Cristina, que em nenhum momento cedeu às suas intenções. Então, ele a agrediu com uma cadeirada. Ela caiu no chão e foi amarrada com cordas e cintos, além de amordaçada com um pedaço de lençol. Suas roupas foram tiradas e rasgadas, e o criminoso aumentou o volume do rádio e da TV para que ninguém pudesse desconfiar de nada. Entretanto, a jovem resistiu com todas as suas forças, e o homem não conseguiu violá-la. Irritado, o criminoso deu-lhe 15 facadas, 13 nas costas e duas nas partes íntimas. A perícia médica constatou que a Venerável Isabel Cristina conseguiu defender a sua virgindade e pureza.

A vida de santidade de Isabel Cristina, porém, não se resume ao seu brutal martírio em favor da virtude da castidade. Seguindo de perto a sentença de São Paulo – “vivemos e morremos para o Senhor” (Rm 14,8) –, a Venerável sempre viveu próxima de Deus, com uma vida intensa de oração e piedade e sempre procurando observar as virtudes próprias de seu estado de vida.

Basta notar que ela morreu com o Terço de dedo nas mãos, que, segundo testemunhas, ela rezava constantemente. Isabel namorava, e seu namoro era puro e santo, o que foi provado pela autópsia após a sua morte. Frequentava sempre as missas e recebia os sacramentos com assiduidade. Além disso, mantinha uma intensa vida de caridade ao próximo, voluntariando-se na Associação das Conferências de São Vicente, a partir do exemplo de seu pai, que foi presidente do Conselho dos Vicentinos.

Na escola, importava-se com as crianças mais pobres e, nos seus cadernos, escrevia muitas frases como: “Sorria, Jesus te ama!”. Além disso, procurava viver a santidade no seio de sua família, procurando fomentar nela um ambiente de amor, como escreveu num cartão-postal que enviou aos seus pais: “Espero que continuemos a nos amar mais a cada dia que passa. Assim, construiremos o nosso pequeno mundo cheio de amor, paz e amizade”.

Seu túmulo está na Igreja de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, e se tornou, logo depois de sua morte, um lugar de peregrinação de milhares de fiéis de todo o País que buscam alguma graça especial por sua intercessão.

A humildade do Venerável Roberto Giovanni

Fonte: Estigmatinos

A história do Irmão Roberto Giovanni é marcada, principalmente, pela virtude da humildade. Nasceu em 1903, em Rio Claro (SP), em uma família numerosa, com 13 filhos. Criança divertida, seu maior entretenimento era assistir às comédias de Charlie Chaplin na época do cinema mudo.

Na adolescência, Irmão Roberto passou a manifestar um grande amor pelos mais pobres, marca que carregou por toda a sua vida. Doava, sem pensar nas consequências, seus bens pessoais aos necessitados, como calçados e roupas. Aos 24 anos, sentiu-se chamado à vida religiosa e ingressou na Congregação dos Estigmatinos, fundada em 1816 por São Gaspar Bertoni, cujo carisma se resume em três lemas: disponibilidade total, como a dos apóstolos; serviço gratuito, como Cristo Servo, e até a totalidade; e espírito de comunhão eclesial.

Já membro da congregação, completou todos os estudos necessários para ser ordenado sacerdote. Entretanto, como São Francisco, rejeitou receber as sagradas ordens, por se sentir pequeno e indigno delas e por desejar viver uma vida de completa humildade, como irmão religioso, num trabalho simples e, muitas vezes, desconhecido e invisível aos olhos dos homens.

Passados 12 anos de vida religiosa, Irmão Roberto mudou-se para a cidade de Casa Branca (SP), onde moraria até o fim da vida, num ministério de total entrega aos pobres e às crianças. Uma de suas características mais marcantes era a sua profunda humildade e simpatia ao conversar com as pessoas, nunca desejando se impor, mas sempre pedindo ajuda pelos mais pobres.

Sua vida se cruza com a do Beato Donizetti, sacerdote da cidade de Tambaú (SP), conhecido por sua vida de caridade e pelos inúmeros milagres realizados em vida, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Padre Donizetti diversas vezes salientou a santidade do religioso estigmatino.

A morte de Irmão Roberto, aos 92 anos, em 11 de janeiro de 1994, causou uma grande comoção popular em Casa Branca e nas cidades vizinhas. Houve uma enorme procissão para acompanhar o cortejo do corpo do estigmatino, que foi sepultado no Santuário de Nossa Senhora do Desterro.

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vicente ferreira lopes
vicente ferreira lopes
3 anos atrás

QUE DEUS ESTEJA SEMPRE EM NOSSOS CXAMINHOS. AMÉM.