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Daqui a menos de dois meses, em 6 de outubro, os brasileiros em 5.568 municípios irão às urnas para escolher seus prefeitos e vereadores. Nas cidades com mais de 200 mil eleitores, poderá haver 2º turno, em 27 de outubro.
Mais uma vez, como tem feito desde as eleições de 2008, o Regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende as dioceses no estado do Paraná, publica a Cartilha de Orientação Política, um subsídio apartidário e de fácil linguagem, com informações sobre as eleições e o processo eleitoral, e reflexões para ajudar o eleitor a conservar a esperança na política, tendo este ano como tema “A esperança não decepciona” (Rm 5,5), alusivo ao Jubileu da Esperança 2025.
“Precisamos ajudar a formar o pensamento do nosso povo, seu esclarecimento político, para que deixemos de vez polarizações políticas, compra de votos, tantas ideologias que não ajudam a construir o ser humano. Nosso objetivo é construir o ser humano e uma sociedade justa, fraterna, solidária, pois nisso consiste a melhor política”, ressaltou Dom Geremias Steinmetz, Arcebispo de Londrina (PR) e Presidente do Regional Sul 2, na coletiva de imprensa de lançamento da cartilha, em julho.
ESPIRITUALIDADE POLÍTICA
Voltado tanto aos candidatos quanto aos eleitores, o subsídio busca contribuir com a formação de uma sadia consciência política e motivar a participação de todos no processo eleitoral.
A cartilha aponta para uma necessária espiritualidade política, caracterizada pelo discernimento no Espírito Santo perante as realidades e os desafios; escuta ativa dos outros; defesa da vida, desde a concepção até o seu fim natural; respeito às diferenças; cuidado com o meio ambiente e a nossa casa comum; a opção pela via da reconciliação, do diálogo e do perdão; a valorização da democracia; e o respeito à Constituição.
Também são apresentados trechos de documentos dos Papas Leão XIII, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco acerca da política, e enfatiza-se que a Igreja Católica é apartidária, de modo que não tem partido nem apoia candidaturas, mas que, comprometida com o Evangelho, vê na política um caminho concreto para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, na qual todos possam viver com dignidade.
No subsídio também é destacado que os candidatos devem se tratar como adversários e não como inimigos, pois neste último caso acabam por deixar de lado suas propostas de governo e passam a se ofender. Também se pede que haja amplo respeito às diferenças de ideias e escolhas políticas dos eleitores.
O QUE OBSERVAR EM UM CANDIDATO
Especialmente por parte dos cristãos, cinco princípios devem ser observados antes de votar em um candidato:
1) Se ele é comprometido com a defesa e a proteção da vida, desde a concepção até a morte natural. Isso pode incluir posições sobre o aborto, a eutanásia, a pena de morte, o incentivo à violência e questões sobre os direitos dos imigrantes;
2) Qual a história de vida deste político e os valores que formam seu caráter;
3) Se o discurso dele é conciliador ou agressivo, e se sabe escutar e defender sua proposta sem ofender o outro;
4) Se ele propõe ações que visam ao bem de todos e se inclui os mais pobres e vulneráveis;
5) Qual seu agir ético e se está ou já esteve envolvido em casos de corrupção.
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DINÂMICA DAS ELEIÇÕES
Na cartilha também estão detalhados aspectos técnicos sobre as eleições municipais, entre os quais os critérios mínimos para ser candidato, as atribuições específicas de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, e as diferenças nos sistemas de votação: majoritário, para os cargos do Executivo municipal (quem alcança a maioria de votos vence); e proporcional, para o cargo Legislativo (os votos são computados primeiro para o partido, federação ou coligação partidária e somente depois se definem os eleitos entre os mais votados, conforme o número de vagas que cada sigla partidária alcançou).
Também há explicações sobre como ocorre o financiamento das campanhas e a respeito dos limites para o uso da inteligência artificial nas eleições, conforme a resolução 23.732/2024 do Tribunal Sperior Eleitoral (TSE), que busca impedir a proliferação de fake news (notícias falsas) e deepfakes (alterações no rosto ou na voz de um candidato para criar conteúdos falsos).
COMBATE À CORRUPÇÃO
A cartilha ainda apresenta definições básicas sobre política, democracia, bem comum, cidadania, ética e políticas econômicas, além de abordar aspectos sobre o Ministério Público, a Constituição federal e a segurança da urna eletrônica.
Também há menção às práticas de corrupção eleitoral, como a compra de votos, as quais podem ser denunciadas ao Ministério Público Eleitoral, à autoridade policial e à Justiça Eleitoral, neste último caso também por meio do aplicativo Pardal, disponível para download gratuito nas lojas de aplicativos de celulares Android e IOS.
E outro indicativo que consta na Cartilha de Orientação Política 2024 é que a propaganda eleitoral em templos de qualquer culto é proibida, bem como o pedido de votos, implícito ou explícito, no ambiente das igrejas, capelas, instituições religiosas e similares.
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COMO ADQUIRIR A CARTILHA DE ORIENTAÇÃO POLÍTICA ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2024
WhatsApp: (41) 3224-7512
E-mail: vendas@cnbbs2.org.br.
SITE: https://cnbbs2.org.br/pedidos-oficial
Como material complementar ao subsídio, o Regional Sul 2 produziu a série de podcasts “A política melhor”, com 12 episódios, publicados semanalmente às quartas-feiras. Os conteúdos estão disponíveis no Spotify, acessível em: https://curt.link/iAqop.
Próximos ao povo e promotores da paz: os pedidos do Papa aos prefeitos
O prefeito ou a prefeita devem ser como um pai ou uma mãe para o povo, olhar para as periferias e promover a paz. Estas foram as três ideias-chave que o Papa Francisco dirigiu a um grupo de prefeitos da Associação Nacional dos Municípios da Itália, em uma audiência em fevereiro de 2022.
Francisco indicou que como um bom pai ou mãe, o prefeito precisa saber escutar a população, pois “uma boa escuta ajuda a discernir, a compreender as prioridades sobre as quais se deve intervir”.
Motivou, ainda, que sempre olhem para as realidades das periferias – “partir das periferias não significa excluir alguém, é uma escolha de método; não uma escolha ideológica, mas partir dos pobres para servir o bem de todos” –, as quais não devem apenas ser ajudadas, mas “transformadas em laboratórios para uma economia e uma sociedade diferentes”.
Na mesma ocasião, Francisco exortou os prefeitos a fomentarem uma cultura de paz, desarmando diferenças culturais e sociais: “A paz não é a ausência de conflito, mas a capacidade de a fazer evoluir para uma nova forma de encontro e coexistência com o outro. A paz social é o resultado da capacidade de reunir vocações, competências, recursos. É essencial encorajar a iniciativa e a criatividade das pessoas para que possam forjar relações significativas nos seus bairros (…). É bom recordar aqui o princípio de subsidiariedade, que valoriza os organismos intermédios e não mortifica a livre iniciativa pessoal”.