CNBB e Repam exigem apuração sobre o assassinato de jornalista e indigenista na Amazônia

O inglês Dom Phillips e o brasileiro Bruno Pereira desapareceram em 5 de junho e seus restos mortais foram encontrados na quarta-feira, 15

Foto: Repam

“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expressa sua solidariedade às famílias do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, aguarda o esclarecimento total do ocorrido e exige a responsabilização dos envolvidos. Não se pode aceitar a agressão ao ser humano, o desrespeito ao meio ambiente e à nossa Casa Comum, nem o encobrimento da verdade e da justiça”.

Assim começa a nota da presidência da CNBB – Dom Walmor Oliveira de Azevedo (presidente), Dom Jaime Spengler (1o Vice-Presidente), Dom Mário Antônio da Silva (2o Vice-Presidente) e Dom Joel Portella Amado (Secretário Geral) – na qual se manifesta sobre a morte do indigenista brasileiro e do jornalista inglês que desapareceram em 5 de junho, na região do Vale do Javari, na Amazônia. Na quarta-feira, 15, a Polícia Federal encontrou restos mortais que seriam dos dois, em local indicado pelos dois homens que confessaram a autoria do crime: os irmãos Oseney da Costa Oliveira e Amarildo da Costa Oliveira. Os corpos já estão em São Paulo onde peritos farão exames de DNA para comparar se são mesmo de Bruno e de Dom Phillips.

A presidência da CNBB ressalta, ainda, que “essas mortes integram a lista de dramas vividos na região amazônica como bem expressou o Papa Francisco na exortação apostólica pós sinodal Querida Amazonia dirigida à atuação da Igreja no bioma. No documento, o Santo Padre aponta que ‘os interesses colonizadores que, legal e ilegalmente, fizeram – e fazem – aumentar o corte de madeira e a indústria minerária e que foram expulsando e encurralando os povos indígenas, ribeirinhos e afrodescendentes, provocam um clamor que brada ao céu’”.

E os prelados ressaltam que fiéis ao Santo Padre, reafirmam “os sonhos expressos para a região, conforme manifestados pelo Papa Francisco em sua exortação: ‘Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida; Com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana; Que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas; Com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos’”.

Repam: ‘Não às mortes e à degradação da Amazônia’

Ainda na quarta-feira, 15, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), vinculada à Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou a nota “NÃO às mortes e à degradação na Amazônia” na qual exige providências urgentes dos poderes públicos frente às mortes e à degradação do território amazônico.

“É indispensável o desenvolvimento de ações rápidas do Estado brasileiro, por meio do Governo Federal, Congresso Nacional e Ministério Público, para conter o avanço destruidor sobre a Amazônia”,  diz o documento.

Em nota, a presidência da Repam-Brasil – Dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM (Presidente), Dom Pedro Brito Guimarães (Vice-Presidente) e Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV (Secretário-geral) – afirma ser necessário não só prestar esclarecimentos sobre o desaparecimento, mas buscar agilidade nas apurações e punição dos responsáveis pelas mortes e pela dor que pesam sobre a Amazônia, seus povos e seus defensores.

A Rede manifesta solidariedade às famílias das vítimas e agradece aos povos indígenas do Vale do Javari “pela solidariedade, sensibilidade humana e reconhecimento por aqueles que apoiam as suas lutas”. Menciona e agradece o comprometimento do jornalismo “com os Direitos Humanos e as causas da Amazônia”.

Expressa, também, indignação com as mortes constantes de lideranças indígenas, ribeirinhas e quilombolas e com a violação dos Direitos Humanos no bioma.

“A REPAM-Brasil, comprometida com a defesa da vida humana e da Natureza, solicita com veemência a atuação enérgica das autoridades para estancar a ilegalidade e a exploração da Natureza na Amazônia, o que tem provocado mortes constantes. Reivindicamos que todos os que ocupam cargos de responsabilidade e poder de intervenção, seja em âmbito político, social e econômico, local, nacional e internacional, se tornem guardiões da Criação, do desígnio de Deus inscrito na Natureza, guardiões do outro e do Meio Ambiente”, consta em um dos trechos.

(Com informações da CNBB e Repam-Brasil)

Arte: Repam

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