Dom Azcona, conhecido na luta contra o tráfico humano, morre aos 84 anos

A Prelazia do Marajó (PA) divulgou na quarta-feira, 20, o falecimento, aos 84 anos, de seu bispo emérito, Dom José Luís Azcona Hermoso, da Ordem dos Agostinianos Recoletos (OAR).

Dom Azcona é reconhecido internacionalmente pela luta contra o tráfico humano e contra a o abuso sexual de crianças e adolescentes no Marajó. O Prelado estava internado em cuidados paliativos no hospital Porto Dias, em Belém (PA), desde 28 de outubro.

O Bispo foi diagnosticado em junho deste ano com câncer no pâncreas. Durante a última internação, os médicos informaram que a fragilidade do paciente impedia procedimentos cirúrgicos e que não havia mais opções de tratamento curativo.

O velório de Dom Azcona teve início na noite da quarta-feira na Paróquia São José Queluz, no bairro Canudos, em Belém, e prosseguirá na quinta-feira, 21, com a missa de corpo presente marcada para as 7h. Depois, o corpo será transladado para Soure, no Marajó, onde deve ser sepultado.

O governo do Pará decretou luto oficial de três dias pela morte de Dom Azcona. No decreto, o governador Helder Barbalho lamentou o falecimento do missionário reconhecendo seu legado pelos direitos humanos no arquipélago do Marajó.

BIOGRAFIA E TRAJETÓRIA ECLESIAL

Foto: Regional Norte 2 da CNBB

Dom José Luiz Azcona nasceu em Pamplona, na Espanha, em 28 de março de 1940.

Sua vocação religiosa manifestou-se desde cedo. Foi para o Seminário Menor aos dez anos de idade na cidade de São Sebastião (Espanha). Professou os votos simples em 1958 e os votos solenes em 1961.

Em 21 de dezembro de 1963, foi ordenado padre na Ordem dos Agostinianos Recoletos na basílica de São João de Latrão, em Roma, em pleno Concílio Vaticano II. Em 1964 concluiu a teologia e cursou o doutorado em teologia moral no Instituto Alfonsiano dos padres redentoristas em Roma. Foi premiado em 2022 com a Ordem do Mérito Princesa Isabel.

Em 1985, chegou ao Brasil. Foi nomeado bispo por São João Paulo II, em 1987 e recebeu a ordenação episcopal em 5 de abril de 1987 por Dom Alberto Gaudêncio Ramos, em Belém. Desde 12 de abril daquele ano permaneceu em Soure, na Ilha de Marajó.

Por sua atuação contra o tráfico humano e a exploração sexual de crianças e adolescentes no Marajó, Dom Azcona sofreu ameaças de morte na região Norte. Ele permaneceu na prelazia marajoara até a renúncia ao governo pastoral, em 2016.

Em 10 de setembro deste ano, Azcona recebeu a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré no leito do hospital onde esteve internado, em Belém.

NOTA DE CONDOLÊNCIAS DA CNBB 

Em nota dirigida a Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia do Marajó (PA), a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expressou seus sentimentos aos familiares, aos membros da Ordem dos Agostinianos Recoletos e ao povo de Deus na prelazia do Marajó (PA) pelo falecimento de Dom José Luís Azcona Hermoso.

“Reconhecendo as chagas de Cristo na humanidade, o irmão no episcopado dedicou sua vida de forma incansável na luta contra o tráfico de pessoas. Também se tornou para nós um farol e uma referência na luta contra a exploração de crianças e adolescentes, a ponto de ter a própria vida ameaçada em decorrência de seu firme testemunho”, lê-se na nota.

“Dom Azcona deixa-nos um legado de amor, sabedoria e compaixão com os mais pequeninos, testemunho que continuará a inspirar a todos na Igreja no Brasil. Que Deus conforte a todos que sentirão sua falta e que sua memória continue a iluminar nossos caminhos”, consta na conclusão do texto assinado por Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS) e Presidente da CNBB; Dom João Justino de Medeiros Silva, Arcebispo de Goiânia (GO) 
e Primeiro Vice-presidente da CNBB; Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, Arcebispo de Olinda e Recife (PE) e Segundo Vice-presidente da CNBB; e Dom Ricardo Hoepers, Bispo Auxiliar de Brasília (DF) e Secretário-geral da CNBB. 

(Com informações da CNBB e Prelazia do Marajó)

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