Cerca de 200 mil pessoas participaram das festividades do Senhor Bom Jesus de Iguape, na cidade de Iguape (SP), Diocese de Registro. Fiéis de diversas regiões do Brasil peregrinam até a igreja histórica no Vale do Ribeira para rezar diante da imagem do Senhor Bom Jesus, venerada desde o século XVII.
As celebrações principais desta que é considerada a segunda maior festa religiosa do estado de São Paulo ocorrem nos dias 6 e 7, quando as ruas da cidade são tomadas de fiéis. No entanto, as festividades começaram em 28 de julho, com a novena preparatória, que contou com a presença de diversos bispos, entre os quais o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, que foi o pregador na 6ª noite da novena; e Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo, que pregou na 3ª noite.
Também foram pregadores Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo Metropolitano de Curitiba (PR); Dom Algacir Munhak, Bispo de São Miguel Paulista (SP); Dom Edmar Peron, Bispo de Paranaguá (PR); Dom Rubens Sevilha, Bispo de Bauru (SP); Dom José Luiz Bertanha, Bispo Emérito de Registro (SP); Dom João Bosco Barbosa, Bispo de Osasco (SP); e Dom Eduardo Malaspina, Bispo de Itapeva (SP).
“A Festa do Senhor Bom Jesus deste ano foi marcada por sua profunda espiritualidade e pelo clima de alegria. Ao longo da novena, acolhemos bispos de dioceses nas quais a peregrinação de romeiros tem sido muito numerosa. Todos trouxeram uma mensagem de otimismo e esperança aos romeiros. O tema da novena, inspirado na parábola da videira e no jubileu de ouro da Diocese de Registro, motivou os fiéis, sobretudo os leigos, a respeito da importância de viver bem o apostolado no meio do mundo, estando sempre muito unidos ao Senhor Bom Jesus. O ponto alto da festa são os dias 5 e 6 de agosto, em que esperamos cerca de 150 mil fiéis, que participam das diversas missas e procissões pelas ruas da cidade”, afirmou o Padre Rubens da Cruz Carneiro Neto, Administrador da Basílica do Senhor Bom Jesus de Iguape.
HISTÓRIA
Segundo antiga tradição, uma imagem do Senhor Bom Jesus da Cana Verde deixou Portugal no final de 1646, a bordo de um grande navio. Ao se aproximar da costa nordestina brasileira, o navio foi atacado por piratas neerlandeses que dominavam Pernambuco.
Na tentativa de preservar a imagem, os tripulantes do navio lançaram-na ao mar, dentro de uma caixa de madeira com algumas botijas de azeite. A imagem permaneceu à deriva por nove meses. Certa manhã, dois indígenas seguiam para a Vila de Itanhaém, no litoral Sul de São Paulo, quando avistaram um vulto no mar. Trouxeram a caixa para a areia e abriram-na, deparando-se com a imagem do Senhor Bom Jesus. Colocaram a imagem em pé, voltada para a direção do nascer do sol e seguiram viagem.
BOM JESUS
Ao retornarem, notaram que a imagem tinha seu rosto voltado para o pôr do sol, porém, em seu entorno, não havia qualquer marca ou indício de que ela havia sido movida por mãos humanas. Os indígenas imediatamente retornaram a Iguape para noticiar o ocorrido.
Um grupo de pessoas dirigiu-se ao local e encontrou tudo como os indígenas haviam descrito. Tendo em vista o desenvolvimento da Vila de Itanhaém, pensou-se em levar a imagem do Senhor Bom Jesus para lá. Acontece que cada vez que se tentava levá-la, seu peso tornava-se tão grande que se tornava impossível retirá-la do lugar.
Quando, porém, se tentava levar a imagem para o vilarejo de Iguape, esta se tornava extremamente leve. Com isso, os fiéis entenderam que o Bom Jesus desejava permanecer em Iguape. Assim foi feito. Ao chegar ao vilarejo, a imagem foi lavada na Fonte (local existente até hoje) e conduzida para a antiga matriz paroquial, onde foi introduzida no dia 2 de novembro de 1647. Desde então, inúmeros fiéis acorrem à imagem milagrosa do Senhor Bom Jesus.
No ano de 1787, foi construída a atual matriz paroquial de Nossa Senhora das Neves e após 175 anos, na comemoração dos 315 anos do encontro da imagem, São João XXIII concedeu à igreja o título de Basílica Menor do Senhor Bom Jesus de Iguape, em 29 de novembro de 1962.
CRUCIFICADO E GLORIFICADO
Na sexta-feira, 2, o Cardeal Scherer foi acolhido por Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC, Bispo Diocesano de Registro, e por Wilson Almeida Lima, prefeito de Iguape. O Arcebispo de São Paulo presidiu a Eucaristia e, em seguida, conduziu a pregação da 6ª noite da novena.
Dom Odilo meditou sobre o tema “O Senhor Bom Jesus nos poda para a missão” (Fl 2,1-4), recordando a imagem da parábola da videira e dos ramos em que Cristo afirma: “Eu sou a videira, vocês são os ramos, todo ramo que em mim dá fruto, meu pai o poda, para dar ainda mais fruto”.
“O Senhor Bom Jesus é o sinal extremo da misericórdia de Deus para conosco. Deus tanto amou o mundo, diz Jesus no Evangelho segundo São João, que Ele entregou o seu Filho, para que todo aquele que Nele crer não pereça, mas tenha vida, todo aquele que olhar para Ele, tenha a misericórdia de Deus.
Recordando que o Senhor Bom Jesus é comemorado na data litúrgica da Festa da Transfiguração do Senhor, o Cardeal refletiu sobre a relação dessas duas devoções, aparentemente opostas.
“Se devemos acompanhá-Lo no caminho da cruz, da humilhação, da dor, tenhamos a certeza de que Ele nos prepara um lugar junto a si, na glória do céu e é lá que Ele nos espera, é por isso que vale viver a fé e segui-Lo, com toda a coragem e todo esforço nesta vida. Que Jesus crucificado, que Jesus glorificado, tenha piedade de nós”, completou o Arcebispo.
SANTUÁRIO
O Santuário do Senhor Bom Jesus de Iguape acolhe romeiros de diversas localidades do Brasil, mas principalmente das regiões Sul e Sudeste do país, em que a devoção ao Senhor Bom Jesus de Iguape é mais forte. Diariamente, grupos grandes ou pequenos chegam a Iguape para visitar a imagem. Muitos fazem isso no caminho de ida ou de volta ao Santuário Nacional de Aparecida (SP).
A celebração da missa é diária, com transmissão pelas redes sociais. Aos sábados, às 18h, a transmissão ocorre pela TV Gazeta; e aos domingos, às 7h, pela Rede Vida de Televisão. O Santuário conta com sacerdotes à disposição para acolher os romeiros e celebrar o sacramento da Reconciliação.