Afirmou Dom Jaime Spengler, eleito presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Durante a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece até a sexta-feira, 28, em Aparecida (SP), foram eleitos os membros da Presidência do organismo para o quadriênio 2023-2027.
Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS), foi eleito 14º presidente da CNBB, após a terceira votação, na manhã da segunda-feira, 24. No mandato atual, ele é o 1º Vice-presidente da conferência.
“Acolho a eleição com muita humildade, com tanta simplicidade, com temor e tremor, mas orientado pela fé de que quem conduz a Igreja é Nosso Senhor… Esperamos fazer um trabalho à altura daquilo que é a CNBB na história do nosso Brasil”, afirmou Dom Jaime, em seu primeiro pronunciamento à imprensa.
Franciscano da Ordem dos Frades Menores, Dom Jaime tem 62 anos e é natural de Gaspar (SC). Foi ordenado sacerdote em 1990 e, em 2010, nomeado Bispo Auxiliar de Porto Alegre pelo Papa Bento XVI, cargo que exerceu até 2013, quando o mesmo Pontífice o nomeou Arcebispo dessa Arquidiocese.
Entre 2011 e 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito Presidente dessa comissão. Entre os destaques de sua atuação, consta a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.
Em maio de 2019, foi eleito 1º Vice-presidente da CNBB. Também é o Bispo Referencial da CNBB para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Exerce ainda as funções de Vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB e de Bispo Referencial para a Vida Consagrada e Ministérios Ordenados do Regional Sul 3 da CNBB.
VICE-PRESIDENTES
Na manhã da terça-feira, 25, o episcopado escolheu os dois Vice-presidentes da CNBB. Dom João Justino de Medeiros Silva, Arcebispo de Goiânia (GO), foi eleito 1º Vice-presidente, e Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, Bispo de Garanhuns (PE), será o 2º Vice-presidente.
Dom João Justino tem 56 anos e, desde 2015 preside a Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB. É membro da Comissão de Cultura e Educação do Setor Universidades do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam) e é responsável pelas Pastorais de Educação e Cultura no Cone Sul.
Aos 54 anos, Dom Paulo Jackson é o atual Presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB, onde também é o Bispo Referencial para a Doutrina da Fé. Entre 2015 e 2019, foi membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética.
SECRETÁRIO-GERAL
Para o cargo de Secretário-geral, o eleito foi Dom Ricardo Hoepers, Bispo de Rio Grande (RS) e atual Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Família e a Vida.
Dom Ricardo tem 52 anos, é mestre em Bioética pela Academia Afonsiana, de Roma. Também tem mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e doutorado em Teologia Moral pela Academia Afonsiana. Em 2018, representou a CNBB em uma audiência pública que debateu a descriminalização do aborto no Supremo Tribunal Federal (STF). No Regional Sul 3 da CNBB, articulou o Observatório Regional de Bioética.
O novo Secretário-geral também faz parte da Equipe de Animação Nacional do Sínodo 2021-2024 e presidiu, neste quadriênio, a Comissão Especial de Bioética, articulando especialistas em iniciativas de formação e de embasamento para posições da Conferência na defesa e promoção da vida humana.
Em sua primeira entrevista coletiva após ser eleito, Dom Ricardo explicou que sua nova missão será a de estar à frente para dinamizar, organizar e sistematizar todo o trabalho da conferência nacional, do Conselho Episcopal Pastoral e do Conselho Permanente.
“Estou à disposição da Presidência e de todos os bispos do Brasil para exercermos essa importante tarefa”, afirmou. Inspirando-se no seu lema episcopal, “Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19), Dom Ricardo reafirmou que a promoção e a devesa da vida, da concepção ao seu fim natural, são prioridades da CNBB.
DEMAIS VOTAÇÕES
Além da eleição dos quatro membros da Presidência, a programação da última semana de Assembleia Geral prevê as votações dos 12 presidentes das comissões episcopais permanentes; dois representantes da CNBB no Celam, um titular e suplente; e dois bispos que participarão da Assembleia do Sínodo dos Bispos, em outubro, em Roma.
Até o fechamento desta edição, já haviam sido eleitos: Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo de Santa Maria (RS), como Presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética; e Dom Maurício da Silva Jardim, Bispo de Rondonópolis–Guiratinga (MT), para presidir a Comissão Episcopal para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial.
DIRETRIZES DA EVANGELIZAÇÃO
A atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) estava prevista para acontecer em 2023, quando se encerra o quadriênio vigente. Os bispos, no entanto, decidiram pela continuidade do processo de escuta e incorporação dos resultados do caminho sinodal proposto pelo Papa Francisco para a Igreja em todo o mundo.
Na coletiva de imprensa da quinta-feira, 20, Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo de Santa Maria (RS), explicou que a proposta é que a atualização das DGAE seja publicada em 2025, tendo o princípio da fé como eixo principal.
“Estamos identificando o que há de novo desde a publicação da anterior: o fascínio pelas novas tecnologias, que tanto aproximam quanto distanciam as pessoas; o drama crônico da pobreza e da desigualdade social; jovens não preocupados com o futuro; isso tudo são apelos para nós”, explicou Dom Leomar.
Outros desafios, segundo ele, são o de como transmitir a fé às novas gerações (crianças e jovens); como superar a questão do individualismo, sinal dos novos tempos; e como reacender o senso de pertença eclesial.
O Arcebispo revelou que o texto das novas diretrizes terá como palavras-chave as mesmas que caracterizam o processo do Sínodo dos Bispos – “comunhão, participação e missão”. A comunhão, segundo Dom Leomar, envolverá o processo de como formar comunidades integradas na pluralidade de experiências; e como fazer de cada paróquia casa e lugar de irmãos.
Um balanço do quadriênio 2019-2023
Ao concluir o mandato, os membros da Presidência que deixam o cargo à frente da CNBB apresentaram um relatório do trabalho realizado no último quadriênio.
Eleitos em 2019, o Presidente, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG); o 1º Vice-presidente, Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS); o 2º Vice-presidente, Dom Mario Antônio da Silva, Arcebispo de Cuiabá (MT); e o Secretário-geral, Dom Joel Portella Amado, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, destacaram, em sete pontos, as principais atividades da Presidência neste período: a missão da CNBB; a CNBB no contexto da pandemia da COVID-19; as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019–2023); a Igreja no Brasil no caminho sinodal; a contribuição da Conferência na formação integral; a Comunicação e diálogos estratégicos; e a Gestão Eclesial e Pastoral.
Dom Walmor definiu este tempo com a metáfora da Igreja como uma barca numa travessia, mesma figura de linguagem utilizada pelo Papa Francisco em 27 de março 2020 na Praça São Pedro. O Bispo classificou os últimos quatro anos como os mais difíceis nos 70 anos da CNBB. Contudo, disse ter o coração agradecido e grande alegria pela experiência feita pela Conferência com a contribuição de muitas mãos e muitos corações e colaborações competentes, o que fez muitas iniciativas crescerem, mesmo em meio às dificuldades da pandemia e da situação política.
O Arcebispo de Belo Horizonte lembrou a ação emergencial “É Tempo de Cuidar”, desenvolvida pela CNBB no período da pandemia, como importante expressão de solidariedade, que buscou responder à exigência do Evangelho de Jesus Cristo de cuidar dos pobres. E acrescentou: “A CNBB é uma expressão de comunhão dos bispos do Brasil marcadamente sinodal”.
Dom Jaime Spengler, eleito novo Presidente e que foi 1º Vice-presidente na gestão que se encerra, destacou o trabalho de apoio e construção das comissões da CNBB, dos bispos e assessores no último quadriênio. Ele insistiu que sem educação não há transformação da sociedade, fazendo ver a necessidade de reconstruir o tecido social.
Comunhão, fraternidade e oração
A programação da 60ª Assembleia Geral da CNBB é marcada por momentos de espiritualidade ao longo do dia. Pela manhã e à tarde, os bispos rezam juntos as orações do ofício divino no plenário e, no fim da tarde, dirigem-se ao Santuário Nacional para a oração do Terço, com a participação dos fiéis romeiros, e a celebração da missa.
No sábado, 22, e no domingo, 23, os bispos participaram de retiro espiritual orientado por Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida (SP), que refletiu sobre o tema “O amor de Deus”. Na conclusão dos exercícios espirituais, os bispos saíram em procissão com a imagem de Nossa Senhora Aparecida até o Santuário Nacional, onde concelebraram a missa presidida pelo Núncio Apóstolico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro.
Também não faltam momentos fraternos, como o sarau promovido por um grupo de bispos após os jantares.
AJUDA RECÍPROCA
“A Conferência dos Bispos é um organismo de comunhão, de partilha, de ajuda recíproca e, naturalmente, de ajuda às dioceses. Evidentemente, a CNBB não coordena a vida das dioceses, pois isso é encargo de cada bispo local. Mas a conferência episcopal é importante porque congrega o episcopado, cria laços de fraternidade, organiza trabalhos que beneficiam a todos. Além disso, em nome dos bispos, acompanham inúmeros trabalhos encarregados pela Santa Sé”, enfatizou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, que participa das assembleias gerais desde 2002 e foi Secretário-geral da Conferência de 2003 a 2007.
(Com informações da Comunicação da 60ª AGCNBB)