Isabel Cristina é beatificada em Minas Gerais

Nascida em Barbacena (MG), ela se dedicou aos valores cristãos e é referência na vivência da fé e na virtude da castidade

Luiz Filipe/Arquidocese de Mariana

No sábado, 10, o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo Emérito de Aparecida (SP), presidiu a solene cerimônia de beatificação da Serva de Deus Isabel Cristina, em Barbacena (MG). Familiares e o irmão de Isabel, Paulo Roberto Mrad Campos, que esteve presente com a esposa e as filhas, levou a relíquia até o altar. 

A jovem mineira foi assassinada, em 1982, aos 20 anos, com 15 facadas, em Juiz de Fora (MG), em uma tentativa de estupro. Em 2001, Isabel Cristina recebeu o título de Serva de Deus e, em outubro de 2020, o Papa Francisco reconheceu sua morte “in defensum castitatis” (em defesa da pureza), e a declarou mártir, aprovando a causa de sua beatificação. 

A elevação à honra dos altares de Isabel Cristina se deu não só pelo sofrimento da morte ao se proteger dos golpes de faca, mas pela vida que levou – defendendo os valores da fé cristã, a castidade e a solidariedade aos mais pobres e sofredores. 

TESTEMUNHA DE FÉ 

Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena (MG). Filha de José Mendes Campos e Helena Mrad Campos, ela foi batizada no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em 15 de agosto de 1962; crismada na Basílica de São José Operário, em 22 de abril de 1965; e fez a primeira Comunhão na Capela de Nossa Senhora das Graças, na mesma cidade. 

Desde criança, cultivou uma intensa vida de oração e piedade, um profundo amor a Nossa Senhora e soube viver sua fé na Igreja, participando das atividades de sua Paróquia, e sendo assídua aos sacramentos. 

Na juventude, Cris, como era chama- da pelos amigos, se empenhava nos estudos, era boa aluna, perseverante em seus propósitos e dedicada aos seus deveres. Na escola, importava-se com as crianças mais pobres e, constantemente, manifestava sua fé com palavras de incentivo e frases como: “Sorria, Jesus te ama!”. Ela expressava que o amor é capaz de construir um mundo cheio de paz e amizade. Não se deixava abater diante dos desafios. Nos intervalos das aulas, diariamente, visitava o Santíssimo Sacramento, na Capela do Colégio Imaculada. 

Moça de fé, participava do Grupo de Jovens da Sociedade de São Vicente de Paulo. Frequentava o Mosteiro da Visitação em sua cidade, reunia sua família para momentos de oração, confessava-se regularmente e participava das ações e campanhas beneficentes organizadas pelos Vicentinos. 

Isabel Cristina rezava constantemente o Santo Terço e, segundo testemunhas, ela morreu com o Terço de dedo nas mãos. Ela namorava, e seu namoro era puro e santo, o que foi provado pela autópsia após a sua morte. A Beata sempre defendeu o valor da vida com convicção e coragem, e afirmou: “É preciso resistir ao mal, custe o que custar”. 

Em 1982, aos 20 anos, mudou-se para Juiz de Fora, para estudar Medicina. Seu sonho era ser pediatra para ajudar as crianças carentes. Sua vida, porém, foi interrompida no dia 1º de setembro do mesmo ano, quando foi brutalmente assassinada com 15 facadas, após resistir a uma tentativa de estupro. 

SINAL DE ESPERANÇA 

A vida de santidade de Isabel Cristina não se resume, porém, à forma brutal pela qual foi assassinada. A Beata defendeu sua castidade e esteve sempre próxima de Deus, com uma vida intensa de oração e piedade, atenta aos ensinamentos do Evangelho. 

A jovem mineira é considerada sinal de esperança para as famílias, por meio do testemunho de fé que herdou da própria família – inspirando os casais de hoje à vivência da santidade nos lares. 

Aos jovens, é sinal de esperança, porque soube ter uma vida simples, por sua atuação e participação nas atividades paroquiais, bem como pela vivência da virtude da castidade. Para as mulheres, é inspiração na luta pela garantia de seus direitos por respeito e valorização feminina. 

Monsenhor Danival Milagres Coelho, Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, na Arquidiocese de Mariana, afirmou que a beatificação “manifesta a presença de Deus que fala por meio do testemunho de vida dos mártires que doaram suas vidas pela causa do Evangelho, em defesa da sua fé”. 

O Monsenhor complementou que a beatificação de uma leiga, mulher, jovem e brasileira é uma inspiração aos fiéis rumo à santidade. “O caminho de santidade se concretiza no cotidiano da vida de cada cristão, enfrentando com fé os desafios e provações da vida, pautados na coerência dos ensinamentos cristãos”, disse, mencionando que está sendo produzido um documentário com a história da Beata para torná-la mais conhecida em vista do processo de canonização. 

EXEMPLO PARA MULHERES E JOVENS 

Na homilia da beatificação, o Cardeal Raymundo Damasceno Assis reforçou que “o martírio de Isabel Cristina nos leva também a pedir a Deus a graça de que as mulheres sejam respeitadas em sua dignidade; que cessem a exploração e os crimes sexuais contra as mulheres; que cesse o feminicídio! Não tenhamos medo de romper as cadeias da violência e da opressão”. 

O Papa Francisco recordou, após a oração do Angelus, no 3° Domingo do Advento, no dia 11, que a Beata deu sua vida por ter defendido sua dignidade como mulher e o valor da castidade: “Que seu exemplo heroico inspire especialmente os jovens a darem testemunho generoso de sua fé e de sua adesão ao Evangelho”. 

O túmulo da Beata Isabel Cristina está na Igreja de Nossa Senhora da Piedade, local de peregrinação de fiéis de todo o País que buscam, sob sua intercessão, uma graça especial. Sua memória litúrgica é lembrada em 1º de setembro, data da sua morte. Na cidade, foi criado um Memorial dedicado à Mártir de Barbacena. 

(Com informações de Vatican News e Santuário Nossa Senhora da Piedade) 

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