Luiz Inácio Lula da Silva assume a presidência da República

Ao assumir o cargo pela 3a vez, petista destacou o valor da democracia para a sociedade brasileira e prometeu um governo de ‘esperança e reconstrução’

Lula toma posse em sessão do Congresso Nacional (foto: Agência Senado)

Com a presença de chefes de Estado e representantes de 120 países e diante de um público estimado em 300 mil pessoas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse da presidência da República, no domingo, dia 1o, em Brasília (DF), para um mandato com duração até 4 de janeiro de 2027.

A cerimônia de posse do 39o presidente do Brasil e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), começou em uma sessão do Congresso Nacional, na sede da Câmara dos Deputados, quando o presidente eleito e o vice prestaram juramento à Constituição.  

Lula discursou por aproximadamente 30 minutos, enfatizou a importância da democracia para o Brasil e se comprometeu retomar programas sociais, combater as desigualdades, e, ao mesmo tempo, promover desenvolvimento econômico com responsabilidade fiscal.

“Hoje, nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que essa nação levantou a partir de 1988, vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer esse edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços”, disse Lula. “Nenhuma nação se ergueu nem poderá se erguer sobre a miséria de seu povo”, afirmou posteriormente.

O novo presidente, ao mencionar o diagnóstico feito pelo Gabinete de Transição de Governo nos últimos dois meses, fez severas críticas à gestão de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), aludindo a cortes de recursos feitos nas áreas de Saúde, Assistência Social, Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia; e à destruição das políticas de proteção do meio ambiente. Também lamentou a forma como o governo anterior atuou durante da pandemia de COVID-19.

Lula também prometeu trabalhar pela harmonia entre os poderes da República, bem como dialogar permanentemente com os governadores dos 26 estados e do Distrito Federal.

EMOCIONADO AO DISCURSAR AO POVO

Foto: Agência Brasil

Após a cerimônia no Congresso, Lula passou em revista pelas tropas das Forças Armadas e se dirigiu ao Palácio do Planalto. Na chegada, houve a tradicional subida da rampa que marca a solenidade de posse, mas além do presidente e do vice, e suas respectivas esposas, representantes do povo, como uma catadora de recicláveis, um indígena, uma pessoa com deficiência, um professor e uma criança negra subiram a rampa.

A faixa presidencial foi passada de mão em mão entre estes representantes do povo até que fosse colocada no Presidente, que estava visivelmente emocionado, e dali se dirigiu ao parlatório do Palácio do Planalto.

Lula iniciou seu discurso saudando de modo especial a todos aqueles que lhe manifestaram carinho na chamada “Vigília Lula Livre” no período em que esteve preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), durante 580 dias, decorrentes de condenações na Operação Lava Jato, que depois foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O Presidente destacou que irá governar para todos e não apenas para os que nele votaram e disse que trabalhará para superar as polarizações. “A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra”, comentou. “Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou”, prosseguiu. “Não existem dois ‘Brasis’, somos um único país, um único povo, uma grande nação”, comentou.

Em um dos momentos em que mais se emocionou, Lula fez menção aos brasileiros que passam fome diariamente e assegurou que erradicar esta situação será uma das metas principais de seu governo. “Há muito tempo, não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando o lixo em busca de alimento para seus filhos, famílias inteiras dormindo ao relento – enfrentando o frio, a chuva e o medo –, crianças vendendo bala e pedindo esmola enquanto deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a quem têm direito, trabalhadores e trabalhadoras desempregados exibindo nos semáforos cartazes de papelão que nos envergonham a todos ‘por favor, me ajuda'”.

Após o discurso no parlatório, Lula, a primeira dama Rosângela Lula da Silva, Geraldo Alckmin e sua esposa, Lu Alckmin, receberam os cumprimentos de chefes de Estados e representantes de outros países. Depois, o Presidente da República assinou seus primeiros decretos, entre os quais o que organiza a Presidência da República e os 37 ministérios; estabelece o pagamento do Bolsa Família no valor de R$ 600,00 e prorroga a desoneração de impostos sobre os combustíveis.

Ainda no Palácio do Planalto, Lula deu posse aos 37 ministros de seu governo:

– Fazenda: Fernando Haddad (PT)
– Justiça: Flávio Dino (PSB)
– Defesa: José Múcio Monteiro
– Relações Exteriores: Mauro Vieira
– Casa Civil: Rui Costa (PT)
– Relações Institucionais: Alexandre Padilha (PT)
– Secretaria-Geral: Márcio Macêdo (PT)
– Advocacia-Geral da União: Jorge Messias
– Saúde: Nísia Trindade
– Educação: Camilo Santana (PT)
– Gestão: Esther Dweck
– Portos e Aeroportos: Márcio França (PSB)
– Ciência e Tecnologia: Luciana Santos (PCdoB)
– Mulheres: Cida Gonçalves (PT)
– Desenvolvimento Social: Wellington Dias (PT)
– Cultura: Margareth Menezes
– Trabalho: Luiz Marinho (PT)
– Igualdade Racial: Anielle Franco
– Direitos Humanos: Silvio Almeida
– Indústria e Comércio: Geraldo Alckmin (PSB)
– Controladoria-Geral da União: Vinícius Marques de Carvalho
– Planejamento: Simone Tebet (MDB – 3a colocada na eleição presidencial)
– Meio Ambiente e Mudanças Climáticas: Marina Silva (Rede)
– Esportes: Ana Moser
– Integração e Desenvolvimento Regional: Waldez Góes (PDT)
– Agricultura: Carlos Fávaro (PSD)
– Povos Indígenas: Sônia Guajajara (PSOL)
– Secretaria de Comunicação Social: Paulo Pimenta (PT)
– Previdência Social: Carlos Lupi, presidente do PDT
– Pesca: André de Paula (PSD)
– Gabinete de Segurança Institucional: General Marco Edson Gonçalves Dias
– Cidades: Jader Filho (MDB)
– Turismo: Daniela Carneiro (União Brasil)
– Minas e Energia: Alexandre Silveira (PSD)
– Transportes: Renan Filho (MDB)
– Comunicações: Juscelino Filho (União Brasil)
– Desenvolvimento Agrário: Paulo Teixeira (PT)
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